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Helena Chagas

Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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Baixaria à sombra da mangueira do Alvorada

"Apesar de não reagir diretamente, os plantonistas do Alvorada continuaram fazendo o que devem – e que tanto irrita Bolsonaro: perguntando e expondo as respostas que recebem", avalia a jornalista Helena Chagas, ex-ministra de Comunicação Social do governo federal, sobre os ataques de Jair Bolsonaro à imprensa. "Porque deve ser assim, tanto nas democracias estáveis como naquelas que precisam lutar para sobreviver"

Jair Bolsonaro conversa com jornalistas no Palácio do Alvorada (Foto: Isac Nóbrega/PR)
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Por Helena Chagas, no Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia 

A vida nunca foi fácil à sombra da mangueira do Alvorada. Tenho vasta quilometragem naqueles plantões. Horas a fio vigiando o entra e sai do portão do Palácio, sentados no chão, sol e chuva, sanduíche frio, coca-cola quente… Na maioria das vezes, pouca notícia. Mas a obrigação de ficar ali. Espanta a leviandade dos que, nas redes sociais, criticam os profissionais que têm sido alvo das ofensas grosseiras do presidente Jair Bolsonaro à saída do Alvorada, onde para todos os dias para dar algum recado.

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Como os jornalistas aceitam isso? Por que não reagem? Por que não respondem? Por que simplesmente não se recusam a ouvir e vão todos embora?

Porque são profissionais, cumprindo sua obrigação. Ser ofendido, com transmissão ao vivo, pelas inúmeras bobagens que o presidente da República diz não é nada agradável. Mas perderá a razão qualquer jornalista que chame Bolsonaro para a briga ou lhe dê uma resposta na mesma altura — ainda que muito merecida.

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Deve dar vontade, sim, de abandonar a cobertura e deixar o presidente falando sozinho. Mas também é solução, nem do ponto de vista do jornalismo e nem da defesa da democracia. Talvez seja isso o que Bolsonaro quer. Mas o país ficaria privado de saber que seu presidente disse que um jornalista tem “cara de homossexual”, como se isso fosse um defeito, e envolveu a mãe de outro em uma resposta grosseira.

Apesar de tudo isso, e de não reagir diretamente, os plantonistas do Alvorada continuaram fazendo o que devem – e que tanto irrita Bolsonaro: perguntando e expondo as respostas que recebem. Porque deve ser assim, tanto nas democracias estáveis como naquelas que precisam lutar para sobreviver.

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