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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

629 artigos

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BC garante Renda Brasil na financeirização especulativa

(Foto: ABr)
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Capital fictício na reeleição

A direita fala – e a esquerda está caindo nessa conversa – que não haverá dinheiro para garantir RENDA BRASIL, a renda básica de Bolsonaro, substituta do Bolsa Família. Estouraria o orçamento e o déficit explodiria, com a dívida ultrapassando 100% do PIB. Certo? Pode ser, pode não ser. O Japão ensina há mais de 30 anos como conviver com dívida superior a 200% do PIB. Foi lá que começou o que virou moda depois do crash de 2008: FINANCEIRIZAÇÃO ECONÔMICA, no compasso da MMT – Moderna Teoria Monetária, associada às Finanças Funcionais. Essencialmente, a FINANCEIRIZAÇÃO é empréstimo do BC aos bancos cujos balanços viram pó, na crise. Em seguida, eles trocam seus títulos podres por títulos públicos e o jogo recomeça. O déficit financeiro no tesouro visa, sobretudo, garantir valor da riqueza financeira que não mais consegue se reproduzir na esfera produtiva, onde, sequer, pode ser feita reforma tributária, barrada nos parlamentos. Agora, na pandemia, o BC brasileiro fez isso, repetindo lição que é praticada lá fora, há 12 anos. O tesouro emitiu R$ 1,2 trilhão, repassou-os aos bancos, que, capitalizados financeiramente, retornaram ao tesouro para comprar + títulos públicos. Estes estão sendo valorizados na especulação do capital fictício, em forma de dívida pública. O Valor Econômico informa, hoje, que o BC transferirá R$ 400 bi para o tesouro. Não será esse o dinheiro capitalizado pelos bancos, com os títulos públicos, trocados pelas suas reservas apodrecidas em títulos privados, que bancarão o RENDA BRASIL de Bolsonaro, arquitetado por Paulo Guedes? O dinheiro está ou não sendo capitalizado na FINANCEIRIZAÇÃO ECONÔMICA, com os títulos públicos. O governo, na troca de títulos, usando o BC como operador, realiza déficit público, na esfera financeira, e o transforma em lucro fictício, retornando ao tesouro. O EXPANSIVE EISE tupiniquim é isso aí> Operado pelo BC cria a RENDA BRASIL para Bolsonaro garantir sua reeleição em 2022. Ou não? O presidente do BC, Campos Netto, é o homem-chave de Bolsonaro para garantir os R$ 600, que elevou a popularidade do presidente, atestada, hoje, pelo Datafolha. Quem ainda acha que BC existe para regular moeda, metas inflacionárias etc está no passado. O papel dele, agora, é garantir valor riqueza fictícia. Se não valorizar, o sistema implode. Se pode valorizar capital fictício para banqueiro, por que, também, não pode valorizar capital para os pobres, garantindo auxílio emergencial para capitalizar consumo capaz de puxar demanda global na esfera da produção de bens e consumo? Ficção é realidade, realidade é ficção. Campos Neto vira cabo eleitoral de Bolsonaro.

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EXPANSIVE EISE tupiniquim 

Dá para perceber, mais claramente – pelo menos, pra mim –, por que Guedes disse, naquela reunião de 22 de abril, que lucraria muito mais colocando dinheiro nas grandes empresas, em vez de colocar nas pequenas, onde não se ganha nada? Tudo fica claro do ponto de vista da FINANCEIRIZAÇÃO econômica, que se dá no descolamento das atividades produtivas, para as especulativas. Naquelas não dá para ganhar mais diante da crise do capital produtivo que não se reproduz no setor de bens e de serviços, ou seja, no mundo real. Excesso de competição, no ambiente de crônica insuficiência de consumo, não permite capitalização das empresas. O destino delas, evidentemente, é a falência, irremediável. A valorização do ativo não se dá mais na produção, mas na especulação. As empresas sequer precisam de juros para multiplicar sua riqueza na esfera financeira. Elas, explicam Luiz Gonzaga Belluzzo e Ricardo Carneiro, da Unicamp, em live sensacional sobre FINANCEIRIZAÇÃO ECONÔMICA, compram suas próprias ações na expectativa da valorização delas nas bolsas. O mercado da economia real(eficiência marginal keynesiana) está prá baixo,  mas a valorização das ações está prá cima. Marx e Keynes, dizem, perceberam e desenvolveram o raciocínio, que joga os neoliberais na lata de lixo. Assim, colocar, como fez o governo, R$ 1,2 trilhão nos bancos, para se salvarem na pandemia, trocando ações desvalorizadas por títulos da dívida pública, por intermédio do Banco Central é a versão tupiniquim do EXPANSIVE EISE. Os BCs americano, europeu, japonês, chinês, russo etc, utilizaram o mecanismo para salvar o capitalismo do crash de 2008.

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Capitalização abstrata

Os BCs emitiram dinheiro para capitalizar os bancos, cujos balanços viraram pó, na pandemia. Imediatamente, capitalizados, a banca, em vez de emprestar para as micro e pequenas empresas, comprou mais títulos do tesouro. Troca de ativos que garante sobrevivência do capitalismo na reprodução fictícia. A taxa de juros despencou, mas isso não é mais problema muito menos inflação. Ambos tendem a ser negativas. A variação dos ativos não está mais na vida real, mas, sim, no plano abstrato, descolado da realidade. Cumpre-se previsão de Marx e Keynes. O lucro se realiza, agora, na outra esfera, na qual sequer paga-se imposto de renda. Assim, fica muito mais difícil, senão impossível votar reforma tributária, no Congresso, objetivando taxar mais quem ganha mais e menos quem ganha menos e não taxar quem nada ganha, como quer a esquerda. A eficiência marginal do capital(lucro), na concepção keynesiana, se dilui, com o aumento exponencial da produtividade, somada à queda da taxa de juro, culminando tudo, evidentemente, na deflação crescente, maior inimiga do capitalismo. Reforma tributária nesse vale de lágrimas da economia real, agravada pelo novo coronavírus? Esquece. O capital, na produção de bens e serviços, não mais se reproduz. Como tributá-lo, se foge para a FINANCEIRIZAÇÃO, no plano abstrato, fictício? É nesse plano que Paulo Guedes diz que é mais fácil ganhar dinheiro com as grandes empresas, para onde elas se descolam, e, praticamente, impossível lucrar com as micro e pequenas, pois a ele não têm acesso.

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