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Pedro Paiva

Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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Biden terá que lutar no Congresso para enviar doação substancial ao Fundo Amazônia; essa é uma batalha que ele quer travar

"Para Biden, se trata de mostrar que o governo americano está fazendo o possível para ajudar um projeto sério de proteção da floresta tropical", explica Paiva

Luiz Inácio Lula da Silva, Joe Biden e Floresta Amazônica (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real | Reuters)
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Em visita ao Brasil, o enviado especial para o clima do governo americano, John Kerry, anunciou que os Estados Unidos estão comprometidos a participar do Fundo Amazônia. Ele não prometeu um valor exato de contribuição, mas disse que estão trabalhando com uma proposta de US$9 bilhões na Câmara dos Deputados e outra de US$4,5 bilhões no Senado a serem destinados para a proteção ambiental em países em desenvolvimento.

Os valores apresentados por Kerry, em resposta a pergunta da imprensa em uma coletiva conjunta com a ministra Marina Silva, são absolutamente superiores aos US$50 milhões aventados no início de fevereiro, durante a visita de Lula a Washington. No decorrer da sua campanha presidencial, Joe Biden falou diversas vezes sobre a criação de um fundo de US$20 bilhões para ajudar na preservação da Amazônia.

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Mas John Kerry não se esquivou de fazer uma promessa específica de valor por desinteresse do governo dos Estados Unidos. Para além do desejo da Casa Branca, a administração Biden precisa ainda convencer o Congresso sobre esta doação. Ainda que Kerry tenha afirmado que ambas as propostas são bipartidárias, ou seja, que foram escritas por membros de ambos os partidos, é bem provável que o governo enfrente resistência, sobretudo na Câmara que possui, desde o início do ano, uma nova maioria republicana.

Atualmente Joe Biden está na corda bamba. O governo já enviou dezenas de bilhões de dólares para a Ucrânia e, ao mesmo tempo, está travando uma guerra para garantir o aumento do teto de endividamento do país. Caso o Congresso não autorize este aumento, o governo não teria dinheiro para arcar com suas obrigações mais básicas, como o pagamento de salários do funcionalismo público e de contratos privados. Nesse bolo todo, não será fácil convencer um Congresso conservador a enviar bilhões para o Brasil.

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A visita de John Kerry, no entanto, e sobretudo o fato de ele mencionar esses valores durante a coletiva, mostra uma total mudança na relação dos Estados Unidos com o Brasil. Ainda que o caminho seja difícil, Kerry quis deixar claro a intenção de uma contribuição generosa. Para o governo Biden não se trata apenas de responder a um pedido brasileiro, mas de poder mostrar para fora e, principalmente, para dentro, para a sua base eleitoral, de que o governo americano está fazendo o possível para ajudar um projeto sério de proteção da floresta tropical. O governo Brasileiro quer a contribuição, mas o governo americano quer poder dizer que contribuiu - e US$50 milhões não resolve.

Ainda na coletiva, Kerry afirmou que pretende fazer uma nova visita ao Brasil em Abril, possivelmente visitando a Amazônia. É importante lembrar que o democrata não é qualquer um na administração Biden. Ele foi candidato à presidência em 2004, quando perdeu para George W. Bush, e foi secretário de Estado durante o segundo mandato de Barack Obama. Estas repetidas visitas mostram um interesse ativo da Casa Branca de se aproximar do Brasil e de colar sua imagem, principalmente, aos esforços de Marina Silva na mudança das políticas ambientais do país.

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