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Antonio Nogueira

Poeta e mestre em história social. Autor do livro "O oráculo me seduz ao vácuo" (2020); interessado em marginalidades e discursos afins.

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Bolsolula

Recorrer a um moralismo judaico-cristão para unificar Lula e Bolsonaro definitivamente foi pior que defender o lavajatismo a todas as custas na crítica vazia ao petismo

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Sobre as anulações das condenações de Lula relacionadas à lava jato a memória vagueou por 2016 a 2018, quando o espírito golpista da elite imbecilizada ainda construía seu representante mor. Nesse contexto fui às ruas como milhares de brasileiros, entre estes, era parte de pouquíssimos que lá estavam e discordavam das políticas socioeconômicas petistas, pois, a conciliação de classes, guiou-nos às derrotas, mas concomitantemente, o dever da luta pela democracia estava acima de minha ideologia.

As regras do warfare state estavam à mesa para a destruição em massa da carta de 1988; certamente desde 2015 pelas caras de Joaquim Levy, num cavalo de pau do ensaio desenvolvimentista aos rumos neoliberais, com a ideia de “acalmar o mercado”. Assim, parte da esquerda furtou-se das ruas, estes, não estavam ao meu lado, pois o que acontecia segundo suas análises sofisticadas, “era problema exclusivamente do PT”. No golpe, faltou a máxima brizolista: se a Globo é contra, somos a favor, se é a favor, somos contra”! Em consonância com a Globo o antipetismo, de parte da esquerda, elogiou a “luta” anticorrupção lavajatista, que rumava para ser um estado policial. 

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O óbvio se revela: o golpe não era “problema do PT”. Duas questões: o dito cavalo de pau de Dilma, somado à ridícula tática dos setores sectários de isolar o PT. A primeira é nitidamente falta de um projeto nacionalista, socialista, verdadeiramente de esquerda, que evidencia a distancia das bases. A segunda é imbecil por si só. O que passa, taticamente, em cabeças sectárias ao se apresentarem como alternativa à esquerda para a presidência numa curta duração de tempo? Num país que na primeira década do século um projeto neoliberal tirou 36 milhões de pessoas da miséria deve-se trazer o projeto na curta duração à esquerda, dada as dificuldades materiais. 

Dito isso, um meme me saltou os olhos, o chamado voto Bolsolula 2022, seguido da chamada: “As almas mais honestas do Brasil agora juntas”. O que dizer? De coração, não sei a autoria, mas a doença infantil da esquerda nunca foi tão bem retratada creio que nos últimos cem anos. “Almas mais honestas”, recorrer a um moralismo judaico-cristão para unificar Lula e Bolsonaro definitivamente foi pior que defender o lavajatismo a todas as custas na crítica vazia ao petismo, mesmo em vias de um laboratório de estado policial pelas mãos de Sérgio Moro. O que importa? Nada, apenas a crítica ao PT.  

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Críticas construtivas devem ser disparadas, aqui neste artigo são presentes, porém é lamentável a baixeza que pode nos levar aos terrores de Cochabamba e La Paz; explico: é bom recordar uma promessa de campanha de Bolsonaro em 2018: “matar todos os vermelhos”, é bom refletir sobre sua política de armamento, seu apoio as polícias locais, assim como é bom estar atento aos nossos vizinhos, o golpe paramilitar em 2019 exilou Evo, e muito nos ensina.

Luís Carlos Prestes ao sair da cadeia faz campanha para o homem que o jogou numa solitária por nove anos, entregou sua esposa aos nazistas e perseguiu outros companheiros. O comunista pôs o Brasil acima de questões pessoais, apoiou o que julgou ser menos drástico que a UDN à época. Parte da esquerda hoje precisa aprender com grandes camaradas de tempos passados. Tamanha complexidade reduzida a meme já é baixo e raso, pra isso tempos o bolsonarismo. Erraria igualmente se os comparasse ao que se esforçam pra ser. 

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O horizonte socialista deve demarcar oposição a banqueiros, intelectuais entreguistas sem sentido ou compromisso nacionalista e socialista. Entretanto o purismo infantil ao se furtar da disputa lava as mãos na curta duração para o golpismo e pior: empurra para o protofascismo votos e a luta nos espaços burgueses que deveríamos sim estar presentes, como na carta de 1988, 1946 e na própria CLT. 

A crítica ao cavalo de pau, diz respeito a um mercado que não se da por satisfeito, seu desejo é formar um país de miseráveis prontos para deixarem de ser cidadãos e ser consumidores, a presidenta deveria ter ido à esquerda, assim como toda a esquerda deveria se colocar a disposição de seguir junto, ombro a ombro nas lutas contra o golpe, que acreditem, custou caro. A história absolve quem se apresenta, errando ou não, exceto acadêmicos omissos com medo de correr riscos.

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O mercado na semana das anulações das condenações de Lula informou que o dólar em alta e a bolsa em baixa era culpa do Lula. Deve o PT buscar outro Joaquim Levy para acalmá-lo assim como se deve isolar o PT? Ao contrário do que apontam os acadêmicos, Lula não pariu Bolsonaro, PSDB o fez. Abriu a caixa de pandora, quis o terceiro turno, e a partir de então o fascismo tornou-se regra via Globo e Lava-jato. Certo é que em 2022, PSDB não fará autocrítica e sim campanha. A esquerda deve fazer o mesmo. 

Não estive errado nem por um segundo sequer em 2016. Dentro da democracia burguesa, proletário que perde o mínimo direito sabe o quão valioso é lutar sem concordar com quase nada e principalmente, sem denunciar companheiro, pra isso há veículos burgueses e alguns asseclas, burgueses ou não.

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