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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Bolsonaro ameaça trocar epidemiologista por fisiologista na Saúde

"Quando o país contabiliza mais de 125 mil casos de contágio pelo coronavírus e oito mil, quinhentos e tantos mortos pela doença, Bolsonaro negocia a saída do epidemiologista Wanderson de Oliveira, da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde", critica a jornalista Denise Assis

Wanderson de Oliveira (Foto: Agência Brasil)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Confesso que tive de voltar ao parágrafo para me certificar se tinha lido, de fato, o que acabara de ler, sob total perplexidade. Quando o país contabiliza mais de 125 mil casos de contágio pelo coronavírus e oito mil, quinhentos e tantos mortos pela doença, Bolsonaro – sempre ele – negocia a saída do epidemiologista Wanderson de Oliveira, da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde.  

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O afastamento se dará para alojar os seus novos “amiguinhos” do centrão, que ele espera sejam os garantistas de seu mandato, em caso de uma votação para o seu afastamento, na Câmara, ou mesmo para barrar um eventual pedido de impeachment. A troca, parte do jogo de toma lá dá cá, seria a pedido do PL. Quando digo eventual, é pelo risco mínimo de que isto ocorra pelas mãos do “conciliador” Rodrigo Maia. (Ele talvez não saiba, mas a história lhe cobrará o seu preço pelas omissões).

Wanderson de Oliveira, era o segundo do ministro Luiz Henrique Mandetta e permaneceu no cargo, para sorte geral, visto que o atual ministro, Nelson Teich, continua falando em “tomar pé das coisas”, 20 dias depois de sua posse e de quase ser vaiado numa reunião com os secretários estaduais de Saúde, tamanha a sua falta de intimidade com o tema afeito à sua pasta. Enquanto isto, se alguma coisa ainda continua caminhando no ministério, deve-se ao secretário, um técnico bem avaliado na área de epidemiologia e com desemprenho elogiado à frente do trabalho de estabelecer estratégias para o ministério, onde está lotado há 16 anos. As raras ações exitosas no combate ao coronavírus, segundo consta, contaram com a sua participação.

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Wanderson de Oliveira é doutor em epidemiologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e atuava também como professor da Escola Fiocruz de Governo, em Brasília. É enfermeiro epidemiologista do Hospital das Forças Armadas e permaneceu no cargo de secretário – ele havia pedido demissão –, por solicitação de T®eich, que não entende nada de nada e, pelo visto, não faz nenhuma questão de aprender. (No mínimo é alguém da área). A bem da verdade, conforme vídeo que circulou nas redes, não sabe nem sequer colocar uma máscara. É um gestor (e lerdo). Não tem alma de médico.

A troca já seria em si uma perda, diante do quadro descrito acima. Mas fica ainda mais indigesta quando se constata que, em meio ao caos que se avizinha para os próximos dias, com várias capitais implantando o lockdow, para tentar reduzir o índice de contágio, Bolsonaro segue com sua volúpia política e o habitual desprezo por vidas humanas. O seu olhar consegue saltar a fileira de caixões e corpos que se interpõem entre o momento trágico e o ano de 2022, para mirar apenas na perspectiva de sua reeleição. Acontece que, embora tente se desvencilhar do mega problema, fingindo não ser com ele o que de fato já está faturado em seu nome, antes de chegar lá ele vai precisar encarar uma série considerável de encrencas em que está metido. Desde as acumuladas pelos filhos, até as cavadas por ele mesmo.  

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Dentre elas, o inquérito nas mãos do ministro Celso de Mello, derivado das denúncias do ex-ministro Sergio Moro. O decano não parece disposto a aliviar ninguém na reta final da carreira - finda no início de novembro. A julgar pelo ritmo que vem imprimindo ao seu trabalho, promete um grand finale. Enquanto isto, Bolsonaro, de costas para o drama dos brasileiros, segue fazendo a sua politicagem de baixo clero, marca registrada de sua medíocre trajetória.

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