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Paulo Moreira Leite

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Bolsonaro está perto da degradação máxima

"A prisão de Queiroz, a aparição de Wassef e a fuga de Weintraub para os Estados Unidos expõem decomposição do governo Bolsonaro", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Só um presidente sem  respeito pelo decoro exigido  no exercício do cargo (lei 1079, conhecida como lei do impeachment) poderia permitir uma operação vergonhosa como viagem do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para Miami.

Alegando que temia ir para a prisão, ("cadeião", em suas palavras), na 6a. feira, 19,  Weintraub embarcou às pressas para os Estados Unidos, onde  espera sentar-se numa cadeira de diretor do Banco Mundial (salário equivalente a R$ 115 000 mensais).

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O problema é que Weintraub não queria submeter-se a quarentena de 14 dias para atravessar a fronteira norte-americana, exigência cobrada de todo estrangeiro que visita o país, havendo exceção apenas para autoridades estrangeiras. Ocorreu, então, uma cena impensável.

Weintraub embarcou como ministro e passou pela alfândega como ministro. Só que já não era mais ministro nem tinha qualquer missão oficial a cumprir no cargo.

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Estava fora do governo. Dias antes havia se despedido do posto num vídeo que deixou Bolsonaro em situação constrangedora. Mas sua exoneração só seria publicada -- numa edição extra do Diário Oficial -- no quando se encontrava, são e salvo, do lado de lá da fronteira norte-americana.

Num país onde o Ministério da Educação é uma pasta essencial, com um orçamento de R$ 118 bilhões, é no mínimo constrangedor imaginar que a formalidades que acompanham um cargo de ministro podem  ser preenchidas  ou não de acordo com as conveniências pessoais do titular. Como é sabido, Weitdraub deixa um folha corrida de medidas destrutivas contra a educação pública, inclusive um decreto derradeiro, que pretende eliminar o sistema de cotas nos cursos de pós-graduação de nossas  universidades.

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No país desses dias, o episódio integra o ambiente de fim de linha da presidência Bolsonaro.

Quarenta e oito horas antes, uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro foi até Atibaia para dar voz de prisão a Fabrício Queiróz, tesoureiro das "rachadinhas" do gabinete do 01 Flávio Bolsonaro.

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Mais grave até que a aparição de Queiróz, foi a descoberta do endereço do esconderijo, um imóvel de Frederick Assef, advogado de 01 e também do presidente da República.  Personagem obrigatório em eventos no Planalto e mesmo no Alvorada, Assef é socio de uma empresa de informática fundada por sua ex-mulher, que tem feito bons negócios com o governo. Se já atuava nos governos Dilma e Temer, a Globalweb Outsourcing conseguiu faturar R$ 41 milhões em  15 meses de governo Bolsonaro -- contra R$ 42 nos quatro anos anteriores. Segundo levantamento feito no   Portal da Transparência e no Diário Oficial, contratos que a empresa já mantinha anteriormente receberam aditivos para chegar a R$ 165 milhões na gestão Bolsonaro (UOL, 21/06/2020).

  O trabalho de investigação do Ministério Público pode produzir novidades nas conexões de Queiróz e a família Bolsonaro. Será possível esclarecer a dupla demissão de Fabrício Queiróz  e da filha, Natália, preparadora física,  no mesmo dia, entre o primeiro e o segundo turno da campanha de 2018. Conforme o empresário Paulo Marinho disse a jornalista Monica Bergamo, a decisão foi tomada depois que um delegado da Polícia Federal vazou a informação de que a operação Furna da Onça reunira indícios de movimentação financeira suspeita contra Queiróz.

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A prisão de Queiróz é vista como um  momento de aprofundar as investigações. Nem todos integrantes do esquema estão felizes com seu lugar no fim da história e podem se dispor a falar, levando o governo Bolsonaro a ficar cada vez mais próximo do submundo da política, aquela zona cinzenta que sempre acaba misturada ao crime. 

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