Breve consideração sobre a política em São Paulo

Em São Paulo, a política distópica corre em alta velocidade. A sucessão na capital paulista vai se afunilando na possível polarização entre as forças progressistas em torno do nome de Guilherme Boulos, do PSOL, e a extrema-direita, ainda que disfarçada, apoiando a reeleição do atual prefeito que ninguém sabe que é Ricardo Nunes, bolsonarista do MDB. Fenômeno semelhante é esperando na maioria das capitais e grandes cidades do país.

Satélites enigmáticos, como Tábata Amaral e, agora novamente, José Luis Datena, dão um toque de ampla concorrência, apenas para fixar seus nomes frente a eleitores e redes sociais. Aliás, pelas recentes filiações ao PSDB – de condenados por crimes de assédio, a defensores de golpes e golpistas –, o partido deverá mudar sua ave símbolo de tucano para urubu.

As eleições municipais darão o tom do equilíbrio de forças políticas nacionais e bases para as eleições gerais de 2026. No caso de São Paulo, Álvaro Costa e Silva fez uma análise interessante na Folha de S. Paulo quanto a “Tarcísio, o candidatíssimo”, voltada à possibilidade dele sair candidato à sucessão de Lula. É uma análise precisa, mas contém um erro de origem. O governador fluminense de São Paulo é muito esperto para entender o que aconteceu com o antecessor e análogo “outsider” João Dória que tinha tudo para ser reeleito para o Palácio dos Bandeirantes e sucumbiu, crendo que havia espaço para ele em esferas superiores. Creio que Tarcísio fará o papel duplo de administrador eficiente e xerife carniceiro até a prisão de Bolsonaro e, a partir daí, estará mais livre para se consolidar como a nova extrema direita. Ele acompanhará como ficarão os ânimos do populacho com o ex-presidente devidamente preso, com os resultados das eleições municipais no estado neste ano, mas pouco tempo haverá para voos mais altos e imprecisos daqui a dois anos. É mais certo que os paulistas, sendo o que são, lhe darão um novo mandato.