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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Breves anotações sobre uma nota que pode ter vida breve

"Não há em lugar algum da nota uma referência, uma só, às preocupações dos militares com as suspeitas e evidências de envolvimento de colegas (da ativa e da reserva) nos rolos das vacinas e das cloroquinas no Ministério da Saúde", diz o colunista Moisés Mendes após militares rebaterem Omar Aziz. "Uma nota acaba sendo, na maioria das vezes, apenas uma nota", afirma

Ministro da Defesa, Braga Netto, Forças Armadas e a CPI da Covid (Foto: ABR / Divulgação / Agência Senado)
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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia

Algumas anotações breves sobre a nota do ministro da Defesa, Braga Netto, e dos chefes das três armas, emitida em resposta à declaração do senador Omar Aziz de que os militares devem estar envergonhados com o envolvimento do “lado podre” das Forças Armadas com as falcatruas das vacinas.

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Eis as anotações: 

1. Não há em lugar algum da nota uma referência, uma só, às preocupações dos militares com as suspeitas e evidências de envolvimento de colegas (da ativa e da reserva) nos rolos das vacinas e das cloroquinas no Ministério da Saúde. Pela nota, as Forças Armadas não expressam constrangimento ou vergonha, ao contrário do que disse o presidente da CPI. Para os militares, as suspeitas envolvendo oficiais parecem estar fora de questão, ou pelo menos não figuram na nota.

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2. A nota diz que Omar Aziz estava “desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção”. Ao contrário, Aziz começa falando dos “bons das Forças Armadas”, para só então criticar o ”lado podre”. O senador enfatiza ainda que essa é uma situação que não foi vivida nem mesmo durante “a época da exceção”. E citou João Batista Figueiredo e Ernesto Geisel como ditadores que morreram pobres. Não há nenhuma generalização.

3. Para os militares, a fala de Aziz é “uma narrativa afastada dos fatos”, que “atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”. A CPI e a imprensa já mostraram que muitos militares têm relações com civis suspeitos de crimes. Os oficiais não estão afastados dos fatos, estão muito próximos. São levianos os enredados em fatos e indícios de que há uma guerra de facções dentro e fora do Ministério da Saúde. A CPI e a imprensa têm mostrado que isso só foi possível com a participação de oficiais. O coronel Élcio Franco, ex-secretário executivo do Ministério, tem sido o personagem mais citado na CPI.

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4. O encerramento da nota tem um tom de ameaça: “As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”. A nota força uma relação entre a crítica de Aziz e um possível ataque à democracia e à liberdade. Os militares teriam o poder de classificar o que seriam ataques levianos, num contexto em que o autor das pretensas leviandades (o presidente da CPI) é uma autoridade eleita e agora líder de um trabalho de investigação do Congresso que atinge militares sob suspeita de envolvimento com delitos graves?

5. Uma nota assinada por quatro pessoas não significa que seja um texto escrito por quatro cabeças e oito mãos. A nota impõe a posição e a linha de raciocínio de alguém ou de alguns (e não há nada de errado nisso), para que os demais signatários e todos entre si transmitam consenso. A posição imposta é a de Bolsonaro ou do ministro Braga Netto? Qual é o grau de convergência entre os que assinam a nota? Se fosse pouco antes de abril, antes mesmo de o então ministro da Defesa e os três chefes militares desistirem de ficar ao lado de Bolsonaro, o grau de convergência seria alto, no sentido de que todos gostariam de cair fora. E de fato caíram.

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6. Uma nota acaba sendo, na maioria das vezes, apenas uma nota.

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