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Milton Alves

Jornalista e sociólogo

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Breves palavras sobre as manifestações e a crise política em Hong Kong

a esquerda precisa estudar e compreender a situação. Mas além disso, separar o joio do trigo: Nem fazer a defesa acrítica e cega do regime chinês e nem repetir e acreditar que tudo que acontece alí é maquinação do imperialismo

(Foto: Sputnik)
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As manifestações em Hong Kong são autenticamente populares e surgiram por variados motivos. 

Alguns: 1. As condições de vida e trabalho são péssimas para os trabalhadores e os pobres. Eram assim durante a dominação britânica e continuam as mesmas com o estado chinês capitalista. Vejam as condições horrorosas de moradia para citar apenas um exemplo breve e sumário. 

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2. Reivindicações de caráter democrático. O governo local, indicado pela direção chinesa, é autocrático, controlado por seis famílias biolionarias de banqueiros e grandes comerciantes em aliança com o estado chinês. A mesma classe dominante do período de dominação britânica. É uma legítima reivindicação por democracia. Isto não mudou com a volta da ilha para o controle do Estado Chinês. 

3. A maioria das organizações trabalhistas, movimentos sociais, e a esquerda local participam das manifestações e defendem as bandeiras da democracia e reivindicações sociais concretas de caráter local.

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4. Não há defesa de separatismo ou ruptura com o modelo adotado de " um país e dois sistemas". A maioria das pessoas querem melhores condições de vida, trabalho e extensão da democracia...Nem todos têm direito ao voto em Hong Kong. 

5. Ação imperialista. Claro que há, é um movimento em disputa, há interesses financeiros, comerciais e geopolíticos em jogo. O estado chinês com sua postura autoritária e conservadora está facilitando o jogo do imperialismo. Setores da esquerda fazem confusão quando embaralham tudo num pacote retórico simplificado e falso tipo "ação do imperialismo para desestabilizar a China", "guerra híbrida", comparação com a primavera árabe", etc. 

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O buraco é mais embaixo...Chavões retóricos e as velhas fórmulas mentais ultrapassadas não respondem para o entendimento da real situação de Hong Kong e da China em conjunto. A restauração capitalista na China, diferente da antiga URSS e do leste europeu, alcançou notáveis ganhos de produtividade e garantiu a expansão do ciclo do capital em uma sociedade atrasada há 40 anos atrás. 

Lá foi possível uma acumulação capitalista primitiva sob controle do Estado e com um regime de partido único de caráter antidemocrático. Lá não existe democracia na fábrica e nem nas estruturas de Estado. 

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Esse ciclo expansivo capitalista (que perde força em função da crise mundial do próprio sistema) tirou milhões de chineses da pobreza e criou também uma classe média endinheirada e com hábitos de consumo ocidental, que em sua maioria apoia o regime. 

O espaço é pequeno para tratar de um fenômeno tão complexo e cheio de variáveis como é a China hoje. Porém, a esquerda precisa estudar e compreender a situação. Mas além disso, separar o joio do trigo: Nem fazer a defesa acrítica e cega do regime chinês e nem repetir e acreditar que tudo que acontece alí é maquinação do imperialismo. 

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Uma visão maniqueista do problema é apenas uma visão de um torcedor primitivo e religioso. O que ocorre em Hong Kong é a velha luta de classes com reivindicações legítimas e concretas por democracia e melhores condições de vida. 

Hong Kong pode ser tornar uma entaladela para o estado chinês...Até o momento a tradicional habilidade do Estado Chinês tem enfrentado sérias dificuldades para tratar de uma solução progressista para a crise de Hong Kong. 

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Na minha opinião, a esquerda deve prestar total solidariedade e empatia aos trabalhadores da Ilha e do continente chinês, que há 70 anos acreditaram na perspectiva da emancipação social e nacional do antigo e milenar território do Império do Meio. 

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