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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Cá estamos, vivos e fortes

“Vemos um Lula dividindo o poder de antemão, convocando todas as forças políticas democráticas do país à responsabilidade de governar”, diz Gustavo Conde

Lula em 2017
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Cá estamos. 2022, eleições, bicentenário, copa do mundo, Lula livre, federação partidária, Alckmin de vice, Moro humilhado e ridicularizado nas redes, Bolsonaro em decomposição, Globo noticiando vitórias de Lula na Justiça, mídia tradicional citando a mídia independente sem depreciar… Como o internauta típico deste momento, eu diria: o mundo não dá voltas, o mundo dá cambalhotas.  

E é só o começo.  

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Depois de tanto sofrimento, tanta impostura, tanto jornalismo de guerra, tanto ódio, tantas mortes, cá estamos, sobreviventes da catástrofe Temer-Bolsonaro. Como disse Lula, em entrevista recente, somos especialistas em sobrevivência. E a consulta a esses especialistas atesta: a direita ultra liberal fracassou, ao menos nesse round histórico.  

Não há mais força sobrenatural neste mundo de Deus que faça reverter esse quadro político-eleitoral em que Lula viceja no topo, nem em se tratando de Brasil, o país das rupturas, dos golpes e do inesperado.  

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A história parece ter se retorcido e, por trauma e experiência, desembocamos no cenário da mais irônica previsibilidade: o reincidente golpe militar foi rechaçado e afastado preventivamente pelo próprio medo que lhe vaza pelas bordas.  

Não há precedentes. De tão falada e antecipada - por jornalistas, colunistas, agentes públicos, teóricos da conspiração -, a ruptura democrática clássica, habitué da nossa sempre frágil democracia, foi barrada preventivamente, pelos labirintos do discurso de antecipação: prevê-se para que não aconteça.  

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Deu certo.  

Incorporamos no discurso o tiro no peito de Getúlio e a campanha da legalidade de Brizola, dois eventos que retardaram golpes.  

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Essa ‘malandragem dramática à brasileira’, vacina para nossas cepas golpistas, só não ocorreu no golpe contra Dilma porque havia ali um deslumbramento ingênuo pela democracia e pela crença nas instituições. Faltou um Brizola para tumultuar os planos das elites racistas.  

Nunca é demais lembrar: o cerco ali foi violento demais. Lava Jato, grandes jornais balbuciando ódio, jazidas gigantescas de petróleo fazendo brilhar os olhinhos do Tio Sam e uma presidenta assustadoramente honesta.  

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Quis nosso destino, no entanto, que a vacina antigolpe se desse, desta vez, de maneira diferente: mais longa, mais dolorosa, mais estrutural. Nessa equação, Dilma Rousseff é o nosso Brizola. Ela não se dobrou, o país afundou em golpe e se despedaçou, mas o golpe durou - e já é possível antecipar isto - 6 anos, não 21.  

O fracasso do golpe de 2016 ainda conta com o retorno do maior líder popular do país, saído de uma prisão política repleta de eventos dramáticos, seguida de um julgamento histórico do STF e o rebaixamento de Sergio Moro a um inseto indesejado e repulsivo. 

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Convenhamos: é apoteótico.  

O Brasil sofreu muito. O Brasil perdeu parte de sua população para a covid em função dos delírios genocidas de um ditador de instintos sanguinários, ligado ao que de pior o crime organizado produziu abaixo do equador.  

É um clichê dizer que tal sofrimento não foi em vão, mas o cenário atual nos permite enunciá-lo. A vacina para esta doença chamada golpismo pode estar sendo criada de fato pela primeira vez no Brasil. Ou não é surpreendente que a esta altura do campeonato um comandante da Força Aérea Brasileira diga em tom assertivo que baterá continência para Lula? 

Com revestimento estratégico de todo esse processo doloroso de “aprendizado”, vemos um Lula dividindo o poder de antemão, convocando todas as forças políticas democráticas do país à responsabilidade de governar.  

Não é pouca coisa.  

O Brasil precisa da democracia e da soberania de volta, mas precisa de um projeto de nação duradouro, que vislumbre os próximos 50 anos. O Brasil precisa de alternância de poder. O Brasil precisa de mais uma força política robusta e democrática como o PT para que possamos ter estabilidade institucional e emocional de fato.  

Estamos no início deste processo histórico. 2022, quem diria, é realmente o ano do encontro do Brasil, não consigo mesmo, mas com aquilo que ele realmente é: uma potência que pertence ao povo.  

Cá estamos, vivos e fortes.  

Nota afetiva: este colunista volta a escrever no Brasil 247, celebrando o reencontro com grandes amigos e grandes profissionais. 

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