Celso Amorim vê com preocupação situação em Essequibo, mas tem fé na solução pelo diálogo
O embaixador continua acreditando que o acordo será mantido e evoluirá para um acordo maior, pois é de interesse do Brasil continuar promovendo a paz na região
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O embaixador e assessor especial do Palácio do Planalto, Celso Amorim, acompanha com preocupação e fé no diálogo que vem intermediando - a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, no conflito entre Venezuela e Guiana, em disputa pela região de Essequibo. A peleja entre os dois países por esse território data do século XIX, mas se intensificou no final deste ano, quando o presidente da Venezuela, Nocolás Maduro, realizou um plebiscito em que obteve 95% de apoio da população de seu país, para reivindicar a região. A chegada do navio britânico HMS Trent para a costa de Essequibo, ontem (27/12), reativou a animosidade já contida desde o acordo de 14/12, realizado em São Vicente e Granadinas, nação caribenha que lidera atualmente a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos). O Brasil foi o único país presente como convidado a auxiliar na intermediação.
Nesse encontro, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro e Irfaan Ali, da Guiana, se comprometeram a não usar o uso da força ou tampouco tomar atitudes que parecessem ameaça do uso da força.
Para Amorim, embora o governo da Guiana tenha emitido uma nota esclarecendo que o navio veio participar de exercícios que realizam anualmente com a Guiana (ex-colônia inglesa), o envio desse navio já pode caracterizar para a Venezuela uma ameaça de uso da força. A ação pode levar o país vizinho a tomar atitudes de defesa, num momento em que os ânimos haviam serenado e houve a prevalência do diálogo. O embaixador e assessor especial chegou a usar a palavra “imprudência”, para caracterizar a situação. “Queremos a volta ao diálogo e o respeito ao que ficou acordado entre os dois países em Granadinas. É preciso não gerar uma situação de desconfiança e que ambos continuem com a disposição de desistir do uso da força”, disse Amorim.
Nesse sentido, já houve um avanço, pois a Guiana assentiu que a permanência do navio da ex-colônia em águas do seu território pode soar como uma provocação. Desse modo, ficou decidido que ele terá uma permanência de apenas 72h em águas da Guiana. Para Amorim, a situação, que vem de muitos anos, torna o conflito complexo. Ele pediu muito cuidado com o acordo, “que foi muito difícil” e revelou que para obter o desfecho satisfatório houve diálogo com estadunidenses e ingleses, até se chegar a um bom termo.
Em sua opinião, Maduro tem transformado a questão que vem de 100 anos, em uma questão “popular”. Há, no entanto, por parte do Brasil, todo o cuidado para demonstrar imparcialidade e boa vontade em continuar auxiliando nesse diálogo que pode, de acordo com conjecturas de Amorim, passar pela exploração do petróleo na região. Em disputa, 130 mil metros quadrados ricos em recursos naturais, e que desde 2015 aumentou a renda da Guiana em 48%, graças à exploração na região da margem equatorial.
O Reino Unido classificou o envio do HMS Trent, um navio de guerra, para a Guiana, como um gesto de apoio diplomático e militar. A decisão, anunciada no domingo (24/12), e em meio a reivindicações da Venezuela pela região de Essequibo, reativou os ânimos entre os dois países. O Ministério da Defesa britânico confirmou que o navio HMS Trent participaria de exercícios conjuntos depois do Natal.
“O HMS Trent, um navio patrulha de alto mar, foi enviado ao Caribe para interceptar traficantes de drogas, mas sua missão foi alterada depois que o governo venezuelano ameaçou anexar Essequibo no início deste mês”, noticiou a BBC.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quinta-feira (28/12) que ordenou “a ativação de uma ação defensiva conjunta das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas” próxima à costa de Essequibo. A chegada do navio, na interpretação do experimentado ex-embaixador Celso Amorim, pode soar como “ameaça do uso da força”, daí a reação de Maduro poucos dias depois de o governo britânico ter anunciado que enviaria o navio de guerra para a Guiana.
De acordo com notícia da BBC, “num encontro com o alto comando militar transmitido pela televisão estatal, Maduro afirmou que o envio do navio britânico HMS Trent representa uma “ruptura” no espírito do acordo firmado com o presidente da Guiana, Irfan Ali, para não usar a força”. Para ele, “o envio do navio britânico “é praticamente uma ameaça militar de Londres contra o nosso país”.
Celso Amorim continua acreditando que o acordo será mantido e evoluirá para um acordo maior, pois é de interesse do Brasil continuar promovendo a paz na região.
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