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Carlos Alberto Mattos

Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos

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Cinema: PC Farias, um homem de negócios

PC Farias sintetizou um período e um caráter. “Morcego Negro” traz à memória aquele momento com a habilidade de um bom filme policial.

Morcego Negro (Foto: Divulgação)
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Elio Petri, Costa-Gavras, Martin Scorsese ou qualquer outro grande autor de filmes policiais teria material de primeira na história de PC Farias, o “homem do dinheiro” no governo Collor. Ligado a um vasto esquema de corrupção, extorsão de comissões, caixa 2 e sonegação de impostos, com tentáculos estendidos à máfia italiana e ao tráfico de cocaína do cartel de Cali, o alagoano bigodudo é um personagem suculento. Morcego Negro conta sua história com uma vasta pesquisa documental.

Não deixa de ser irônico que o eixo autobiográfico principal seja o depoimento de Farias à CPI do “Esquema PC”, em que ele negava todas as acusações e tentava implicar a legislação brasileira que, no seu entender, favorecia a corrupção. O filme, na verdade, cobre dois assuntos imbricados: a trajetória do empresário PC Farias e o contexto da eleição, mandato e impeachment de Fernando Collor de Mello. Poucas vezes se teve um retrato tão eloquente da promiscuidade existente entre um governo e grandes empresas e bancos. 

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O enredo tem todos os gêneros, da trama político-econômica ao thriller de fuga, passando pelo melodrama familiar. A rivalidade que se estabeleceu entre Pedro Collor de Mello e PC, que contribuiu para a derrocada de Fernando, assim como a vida romântica agitada de PC após a morte da mulher e sua saída da prisão, somam cores de escândalo privado ao que já havia de escândalos públicos. A fuga rocambolesca de PC pela Argentina, Uruguai, Inglaterra e Tailândia fornece ingredientes pitorescos adicionais.

Agora dividindo a direção com Cleisson Vidal, Chaim Litevsky volta a se debruçar sobre uma figura sombria da história recente, como foi o empresário financiador da tortura enfocado em Cidadão Boilesen. Pela tela desfilam rostos de triste lembrança, como os da família Collor, Zélia Cardoso de Mello, Sebastião Nery e uns tantos colaboradores que se alternam com familiares e jornalistas na condução da história. A montagem muito ágil cria subtextos mordazes, contrapõe versões contraditórias e incorpora trechos da novela satírica O Marajá

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Morcego Negro (apelido de um jatinho de PC Farias) traz à memória um momento ao mesmo tempo de redemocratização do país e de vergonha nacional. O engodo Collor não só trouxe em seu rastro a bandalheira política e o retardamento da recuperação do país, mas também jogou o poder na lama do folhetim barato. PC Farias, caracterizado como “homem de muitas habilidades” e autodefinido como “um homem de negócios”, sintetizou um período e um caráter. Morcego Negro o expõe com a habilidade de um bom filme policial

>> Morcego Negro está nos cinemas.

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Assista ao trailer.

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