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Carlos Reis R. Sousa

Professor de Filosofia do Instituto Federal do Maranhão, mestre em Filosofia Contemporânea e autor do livro Diálogo e Direito

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Ciro Gomes: de furação antipetista a doce menino tucano

Aos conciliadores, que pregam um cessa fogo entre Ciro e o PT, convém lembrar que não há como acabar com o fogo, quando um dos protagonistas do incêndio insiste em jogar mais fogo sobre a coivara. Vimos um Ciro explosivo, emocionalmente caótico, se converter, diante de FHC e Globo, na imagem de um doce menino encantado com uma promessa de presente de aniversário

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As intrigas entre Ciro Gomes e o PT já não são meros bate-bocas entre ambos, mas uma real motivação para os debates entre nichos políticos digitais. É provável que logo mais surja uma caricatura própria para denominar esse novo cabo de guerra, puxado por ciristas e petistas, que já figura como forte candidato a ocupar a lacuna deixada pela “saudosa” rixa entre “coxinhas” e “mortadelas”. 

Essa disputa de redes sociais, quando extraída a nocividade dos debates neuróticos e extremistas, é um componente saudável para a nutrição da democracia. Contudo, eu comparo essa querela, entre Ciro e o PT, ao relacionamento de um famoso casal da Mitologia Grega: Zeus e Hera que, apesar de gozarem de uma lua-de-mel de trezentos anos, tiveram uma relação sempre marcada por uma louca disputa de poder.

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A mitologia conta que Zeus, um senhor de barbas longas, chefe do Olimpo, casou-se com Hera, uma deusa explosiva e ciumenta, que não suportava a infidelidade de Zeus. Diante da traição do marido, Hera, por vezes, reagia com vingança ou viajava para bem longe, em caminhadas que alcançavam os limites da terra e do mar.

A descrição do casal de deuses gregos ilustra perfeitamente a confusão entre Ciro Gomes e o PT, cuja palavra-chave usada para justificar a separação é traição. Depois de mandar o PT “a puta que pariu”, ontem, nas entrelinhas, Gomes aponta para Lula ao usar o termo “traidor”. Mas Lula já havia se manifestado: “se Ciro fosse humilde e não fosse para a França, o PT poderia ser o primeiro em 2018”. 

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Nas redes, o mote dos apoiadores de Ciro diz que ele seria o único capaz de vencer Bolsonaro em 2018, mas o PT, dizem eles, foi arrogante em não apoiá-lo. Já os petistas acusam Ciro de ser vingativo e prepotente; que igualmente à deusa grega, fugiu para “além dos mares” (Paris) em pleno Segundo Turno. 

Diante dessa briga brasileira, a La Mitologia Grega, duas considerações são necessárias: a primeira é que há um esforço de conciliadores, nos partidos e nas redes, que tratam esse fato como uma espécie de fogo amigo entre Ciro e petistas; que acreditam serem essas divergências uma munição para o inimigo neofascista.

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Porém, ao ver ontem Ciro em um banquete dominical com Mirian Leitão, Marina e FHC, rasgando elogios e babando para um suposto sucesso do governo tucano, concluo que essa atitude foi um verdadeiro balde de água fria nessa empolgação conciliatória. Ciro, valendo-se da sua capacidade de se metamorfosear politicamente, lança palavras de ordem contra o fascismo, o mesmo (fascismo) que ele, Marina e FHC, por omissão, ajudaram a semear em 2018. Agora, acusa o PT de traidor, mas este PT, agora acusado por Ciro de omissão contra o fascismo, esteve batendo de frente com Bolsonaro nas eleições passadas, enquanto ele tomava banho nos mares do Velho Mundo. A domingueira de ontem  foi para zerar qualquer fagulha da paciência que Lula disse já ter se esgotado. 

Aos conciliadores, que pregam um cessa fogo entre Ciro e o PT, convém lembrar que não há como acabar com o fogo, quando um dos protagonistas do incêndio insiste em jogar mais fogo sobre a coivara. Portanto, essa guerra estridente que sobrecarrega mentes democráticas, preocupadas com o avanço de populismos autoritários, parece que seguirá. Ontem, vimos a imagem de um Ciro explosivo, emocionalmente caótico, se converter, diante de FHC e Globo, na imagem de um doce menino encantado com uma promessa de presente de aniversário. 

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Entretanto, os atores digitais dessa série maluca certamente ganharam mais combustíveis para continuar brincando de mitologia grega nas redes sociais.

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