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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Ciro Gomes, o oportunista, ataca de novo

"O ex-ministro Ciro Gomes parece estar mais perdido do que cego em tiroteio, disparando para todo lado na esperança, talvez, de atingir o alvo certo. E, com isso, distancia-se cada vez mais do Palácio do Planalto", escreve o jornalista Ribamar Fonseca

Ciro Gomes (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
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Ouve-se com frequência a pergunta: afinal, o Ciro é direitista, centrista ou esquerdista?? A resposta: nem uma coisa nem outra – ele é oportunista! Ciro Gomes, na verdade, já serviu a vários governos de diferentes matizes e transitou por diversos partidos sem que sua coloração política pudesse ser identificada. Foi somente depois que se filiou no PDT que passou a fazer pose de esquerdista, mas ele não ingressou no partido fundado por Brizola por qualquer afinidade com o seu programa e sim por interesse pessoal: a legenda foi a única que acolheu a sua candidatura  à Presidência da República, seu antigo projeto de poder. Todo mundo sabe, porém, que ele não nutre  nenhuma simpatia pela esquerda, o que de certo modo explica a sua permanente agressão gratuita a Lula, a principal liderança esquerdista do país.  

O ex-ministro, na realidade, não tem hoje qualquer chance de chegar ao Palácio do Planalto, mesmo buscando alianças com todo mundo. Ele não é confiável e jogou fora sua oportunidade de conquistar a Presidência da República ao fugir para Paris para não apoiar a candidatura de Fernando Haddad no segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Se tivesse apoiado o candidato petista seria naturalmente a opção da esquerda para o pleito de 2022, com a força de Lula. Agora não tem mais espaço em lugar nenhum: nem na esquerda,  na direita ou no centro. Na esquerda fechou todas as portas ao agredir Lula, Guilherme Boulos e Manuela Dávilla e na direita o espaço é de Bolsonaro, que vai concorrer à reeleição.  No centro o deputado Rodrigo Maia, que se tornou um dos principais protagonistas da política brasileira, obviamente tem pretensões ao Planalto e ficou mais forte com as vitórias do seu partido, o DEM, nas últimas eleições municipais.   

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Ciro, ao que parece, perdeu completamente a visão política do país, assumindo posições sem qualquer lógica para quem aspira o Planalto. Não se conforma por não ter sido ungido por Lula nas eleições presidenciais de 2018 e se transformou num camaleão político, que muda de cor conforme  a ocasião, chegando a comprometer o PDT com seus ataques gratuitos às principais lideranças da esquerda no país. Afinal, o que ele pretende com isso? Ganhar as simpatias da extrema direita, especialmente de Bolsonaro, a quem poupa em suas agressões? Já dizem até que ele teria montado um “gabinete do ódio” igual ao de Bolsonaro, espalhando fakes contra os adversários e usando a mesma estratégia que  levou o capitão ao poder. Deve ter pensado: “Se deu certo com ele certamente dará certo comigo também”.  O fato é que o ex-ministro parece estar mais perdido do que cego em tiroteio, disparando para todo lado na esperança, talvez, de atingir o alvo certo. E, com isso, distancia-se cada vez mais do Palácio do Planalto.  

Enquanto isso, com a decisão do Supremo Tribunal Federal de barrar a reeleição de David Alcolumbre e Rodrigo Maia para a presidência do Senado e Câmara, respectivamente, o jogo político assume novos contornos com vistas ao pleito nas duas Casas do Congresso para escolha de suas mesas diretoras. Maia, que pretendia perpetuar-se na presidência da Câmara Baixa, terá agora de usar toda a sua habilidade para eleger alguém da sua confiança, caso tenha aspiração a vôos mais altos. Seu principal adversário é o presidente Bolsonaro, que quer eleger o deputado Artur Lyra para seu lugar e, desse modo, garantir a aprovação das matérias do seu interesse e impedir a possível admissão de um dos 50 pedidos de impeachment que Maia engavetou. Será uma excelente oportunidade para testar a liderança e habilidade de Maia que, às vezes, se comporta como se fora Primeiro Ministro.

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É preciso levar em conta, também, que agora, após a decisão do STF, a oposição ganhou fôlego e pode apresentar candidato nas duas Casas. O desfecho desse jogo, que se encerra em fevereiro do próximo ano, vai depender da liderança e habilidade de composição dos atores envolvidos, além dos acontecimentos nesse espaço de tempo que nos separa do inicio da nova legislatura. Há muitos interesses em jogo e o maior deles certamente é a conquista do Palácio do Planalto, que voltará ser disputado nas eleições de 2022. Será precisamente o próximo pleito presidencial que norteará o comportamento dos participantes do jogo no Congresso, para onde se voltará as atenções de todo o país, sobretudo porque o resultado pode provocar uma drástica alteração nos ocupantes do poder: se por acaso o novo presidente da Câmara for um nome da oposição, o que pode parecer difícil mas não impossivel, é certo que o impeachment de Bolsonaro será retirado da gaveta de Rodrigo Maia e colocado em votação.

De qualquer modo, não se pode ignorar o poder de fogo de Bolsonaro, que tem as chaves do cofre público para conseguir votos entre os partidos do centro que não lhe são fiéis, além da caneta para colocar no seu ministério quem tem fascínio pelo poder. Isso significa que, se Maia e as esquerdas não se unirem contra o candidato do Planalto, Artur Lyra poderá ser o próximo presidente da Câmara, para tranquilidade do capitão.  Tudo vai depender do comportamento do governo, especialmente dos seus próximos passos em relação à vacinação do povo brasileiro contra o coronavírus, pois cresce a indignação diante da aparente negligência na tarefa de imunizar a população. Ao politizar as vacinas, dando prioridade à fabricada pelos americanos, Bolsonaro permitiu ao seu adversário João Dória passar à frente com a vacina chinesa na imunização dos paulistas. Afinal, nessa guerra de vacinas a maior vitima é o povo.  

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