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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Com a saída de Dilma, há quatro anos, país vive retrocesso

"O país vive o trauma de um impeachment sem crime, e a ausência de um impeachment, mesmo com uma montanha de pedidos e motivos, estacionada na mesa do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, contra o atual ocupante da cadeira de presidente", escreve a jornalista Denise Assis

(Foto: ABr)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Em maio de 2016 Michel Temer chegou ao Palácio do Planalto para ocupar uma cadeira que não era sua. A bordo de um programa capenga: “Ponte para o Futuro”, Michel lançou o país no retrocesso das garantias trabalhistas, estabeleceu o teto de gastos que engessou qualquer possibilidade de investimentos em Saúde e Educação e não avançou um passo na recuperação econômica, prometida ao “deus mercado”.  Em curso estava o processo de impeachment aberto por seus parceiros – lideranças do PMDB (o partido, de tão envergonhado com as manobras ilegais de Michel, preferiu adotar novamente a sigla que usava no período da ditadura, MDB) – e o PSDB, de FHC, com apoio do Centrão. Este mesmo, que agora está a mamar nas tetas do governo, onde se agarra como um bando de mexilhões no fundo do casco de um navio.

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 Em maio de 2019, Michel foi preso em São Paulo. Isto mesmo. Preso. Dois dias depois o Superior Tribunal de Justiça (STJ) lhe concedeu liberdade. A prisão foi substituída por medidas cautelares, como o bloqueio de bens, o impedimento de viagens ou mudança de endereço e proibição de manter contato com outros investigados que não sejam da família. O entendimento dos ministros foi de que, apesar da gravidade dos crimes que lhe foram imputados, não há no caso elementos que justifiquem a manutenção de uma prisão preventiva (antes da condenação). Dilma estava livre e inocentada, sendo recebida por líderes políticos mundo a fora.

Em junho deste ano o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB) deixou a penitenciário no Rio, onde cumpre pena após ser preso na Lava Jato, para realizar uma cirurgia. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Cunha foi encaminhado a um hospital em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Cunha foi preso em 2016 e transferido para o Rio no ano passado. O ex-deputado foi condenado a 14 anos e seis meses de prisão na Operação Lava Jato. Ele é acusado de receber US$ 5 milhões de propina em contratos de construção de navios da Petrobras. Dilma estava livre e inocentada, transmitindo lives e sendo saudada pela militância e grandes políticos nacionais, do campo progressista. Todos em isolamento social, mas ativos nas redes sociais e em eventos virtuais.

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O ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) – sem mandato, derrotado nas eleições de 2018 – tornou-se réu em processo da Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A denúncia foi aceita em 18 de maio deste ano pela força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF). Dilma estava livre, e inocentada, saudada e aplaudida nos eventos de que participou.

O ex-candidato à presidência, Aécio Neves, com quem Dilma Rousseff concorreu e venceu, na eleição de 2014 – revoltado ele jurou que ela não governaria e tentou recontagem de votos -, escapou de duas tentativas de expulsão do seu partido e o de FHC, o PSDB. Em julho do ano passado, virou réu por tentativa de obstrução judicial das investigações relativas à Operação Lava-Jato e corrupção passiva, após o recebimento de uma denúncia feita pelo ex-procurador da República Rodrigo Janot, a ser ratificado pela Justiça Federal de São Paulo. A acusação tem como base as delações de Joesley Batista, um dos controladores do grupo J&F e ex-presidente do Conselho de Administração da JBS. Em maio de 2017, Joesley afirmou ter pagado propina de R$ 2 milhões ao então senador Aécio Neves, e divulgou áudios que comprovariam a denúncia. O dinheiro foi pago em troca de favores políticos a Joesley. Dilma estava livre e inocentada.

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Em dezembro de 2019, o juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, absolveu os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além de outras três pessoas ligadas ao PT, do delito de organização criminosa. O processo tinha sido aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava-Jato, mas depois foi enviado para a primeira instância. Para o magistrado, a denúncia contra os petistas feita pelo Ministério Público Federal “em verdade, traduz tentativa de criminalizar a atividade política”. Dilma estava livre e inocentada.

Ainda em junho de 2016, com o impeachment em pleno andamento, a comissão que investigava os “ilícitos” recebeu o resultado da perícia nos documentos do processo. Três técnicos do Senado analisaram documentos e decisões tomadas pelo governo federal para responder a 99 perguntas da comissão do impeachment. Os técnicos concluíram que as chamadas pedaladas fiscais não tiveram a participação da presidente afastada.

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Não era só tirar a Dilma. O atraso em que o país está metido é de tal ordem que até os arautos do liberalismo, tais como o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, por exemplo, rogam pela diminuição da desigualdade social e do teto de gastos, a jabuticaba colocada no caminho dos futuros presidentes, por Michel. O país vive o trauma de um impeachment sem crime, e a ausência de um impeachment, mesmo com uma montanha de pedidos e motivos, estacionada na mesa do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, contra o atual ocupante da cadeira de presidente. Rodrigo Maia, a história lhe cobrará seu preço.

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