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Wilson Ramos Filho

Jurista, professor e escritor

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Conjurações: por que a imprensa brasileira não investiga as organizações terroristas?

Na Europa, onde jornalismo não morreu, ao contrário, os meios de comunicação estão ávidos por informações exclusivas a respeito da ameaça terrorista na Alemanha

Ônibus queimados por manifestantes bolsonaristas em Brasília 12/12/2022 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Desde que foram presos os 25 fascistas na Alemanha, onde existe jornalismo, a imprensa tem procurado apurar quem são, de onde surgiram, como se organizaram, o que realmente pretendiam. 

No Brasil, os meios de comunicação desde há muito renunciaram ao jornalismo investigativo. O maior exemplo é a falta de interesse dos nossos jornalistas a respeito do Adélio, preso pela suposta facada no candidato preferido dos barões da imprensa em 2018. A ausência de curiosidade dos jornalistas brasileiros a respeito de quem pagou sua defesa, quem o visita na prisão, o que dizem seus parentes e amigos, beira a cumplicidade com a preferência de seus empregadores. As motivações e as relações antigas e atuais do Adélio, para a maior parte da imprensa brasileira, são menos importantes do que o preço da camisa usada pela Janja ou por quem esteve presente em um dos jantares da equipe de transição. Nossos jornalistas têm uma curiosidade, digamos, comprometedoramente seletiva. 

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Na Europa, onde o jornalismo não morreu, ao contrário, os meios de comunicação estão ávidos por informações exclusivas, concorrendo entre si em para antecipar o que está sob apuração das forças de segurança teutônicas. 

Na primeira semana após as prisões muito se falou sobre os três principais líderes da conjuração. O principal seria o um aristocrata monarquista da região da Turíngia, chamado Heinrich XIII von Reus, que assumiria o poder juntamente com uma ex-magistrada reacionária de Berlin, Birgit Malsack-Winkemann a lhe servir de ministra da justiça, ex-deputada pelo partido AfD de extrema-direita, e um militar aposentado, responsável pelas forças armadas do frustrado golpe, chamado Rüdiger von Pescatore. Agora aparecem mais nomes e mais detalhes. 

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Entre as outras pessoas presas há militares e membros das forças de segurança que se notabilizaram por participar de movimentos antivacinas, um chef de cozinha (Frank Heppner), ex-prefeitos de pequenas cidades, um paisagista, um mecânico, entre outros extremistas que não reconhecem legitimidade na Constituição Alemã de 1949. As vidas pregressas e as relações sociais de todos eles estão sendo cuidadosamente escrutinadas. Deste acurado trabalho de investigação, policial e da imprensa, decorrerão novas prisões. Na Alemanha o fascismo é levado muito a sério, como caso de polícia, e não mera “questão de opinião” ou de “liberdade de expressão”. 

E há razões para isso. Os serviços de inteligência germânicos que acompanhavam as atividades do grupo de extrema-direita divulgaram números preocupantes para um pais com 80 milhões de habitantes. Seriam mais de 23 mil integrantes orgânicos, sendo 10% deles potencialmente violentos, organizados em 286 brigadas “de proteção da pátria”, mais de 1.500 deles, portadores de armas de fogo. 

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As apurações ainda estão no começo. Esses 25 fascistas ficarão presos até que toda a organização terrorista e golpista seja desbaratada na Alemanha. 

Se tivéssemos jornalistas investigativos no Brasil, certamente, eles estariam apurando quem são os líderes dos terroristas em cada um desses grupos de insanos, violentos, que brincam de marcha-soldado em frente dos quartéis e cantam hinos para pneus enquanto, cabeças-de-papel, não estão difundindo mentiras pelas redes sociais ou mandando mensagens para extraterrestres com as lanternas de seus celulares. Será que não ocorreu a nenhum jornalista ir atrás das empresas que fornecem quentinhas ou carnes para os churrascos dos fascistas conjurados? Ou saber de quem são os veículos que fornecem a infraestrutura aos arruaceiros? Ou quem paga os banheiros químicos? Há, como houve durante a Lava Jato, uma conjuração por parte dos meios de comunicação para não permitir que verdades incômodas sejam divulgadas? 

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Resta-nos esperar que os correspondentes estrangeiros dos grandes veículos de comunicação europeus se interessem pelos atos diários que estão acontecendo à luz do dia em frente aos quartéis organizados por fascistas estimulados pela conjuração fascista no aparato repressivo estatal brasileiro, estaiada pela complacência policial com os terroristas bolsonarentos, pela prevaricação dos membros do Ministério Público e pela leniência cúmplice dos magistrados de primeiro grau, majoritariamente integrantes da Direita Concursada, em diversos estados brasileiros. 

 

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