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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Correlação de forças políticas pende a Lula contra Bolsonaro pela revogação da reforma trabalhista

"Lula lança desafio à própria burguesia: peitar Lula ou conciliar com ele?", questiona César Fonseca

Lula e Geraldo Alckmin (Foto: Reprodução)
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Por César Fonseca 

Até agora, Lula esteve costurando conversas político-partidária na armação da frente de partidos de oposição para enfrentar o bolsonarismo e tentar emplacar vitória popular; as pressões advindas da crise econômica, que acelera empobrecimento nacional, levou ele a alterar o discurso político institucional para o discurso pragmático utilitarista, ou seja, a política da rua, no tete a tete com o eleitorado; nesse novo contexto da campanha eleitoral, Lula demarcou essa semana dois campos definidos: defender maiores salários aos trabalhadores e recuperação de direitos sociais e econômicos roubados pela contrarreforma trabalhista e previdenciária neoliberal. Marcou tento ao construir correlação de forças políticas a seu favor. Ficou dessa forma amarrada a estratégia de articulação da ação política da frente com o discurso de defesa dos trabalhadores em suas demandas mais caras: fortalecimento dos salários e reconquistas de direitos trabalhistas. Eis o marco inicial da campanha oposicionista liderada pela aliança Lula-Alckmin.

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O candidato da oposição frentista popular jogou no cenário, de abrupto, a luta de classes; os patrões aprovaram no Congresso a reforma trabalhista com a promessa de gerar mais emprego, mais salários e mais de desenvolvimento; furou; era tudo mentira; nem uma coisa, emprego e renda, nem outra, garantias sociais constitucionais, aconteceu; ao contrário, explodiu, com o discurso empresarial anti-gastos públicos, o desemprego, a fome, a inflação e a desigualdade social acelerada.

COM BOLSONARO, SÓ CAPITAL GANHOU

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Quem levou vantagem até agora foi a burguesia financeira e os oligopólios comerciais e industriais especulativos, que embolsaram mais lucros em decorrência do achatamento salarial (mais valia), enquanto os trabalhadores acumularam prejuízos crescentes; a luta de classes, dessa forma, ganha dimensão eleitoral extraordinária, e coloca Lula no polo do trabalho, enquanto Bolsonaro está, com o modelo neoliberal antissocial vigente, no polo do capital.

A realidade objetiva da crise deixa claro que a burguesia industrial e financeira enganou os trabalhadores ao aprovar no Congresso, com a força do dinheiro, tais reformas que resultaram em redução da renda disponível para o consumo; com os salários massacrados, o bla-bla-blá neoliberal de redução do tamanho do Estado para permitir mais investimentos pelo setor privado não aconteceu; de 30% do PIB, na Era Petista, os investimentos caíram na Era Bolsonarista, para menos de 5% do PIB; aprofundou-se o subconsumismo, que derrubou arrecadação e investimentos e acelerou inflação e desigualdade social.

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Lula coloca a realidade do povo na campanha eleitoral e pede, em sintonia com essa demanda popular, revogação das reformas e aumento de salários; se redução de salários, com a reforma neoliberal, não ajudou o país a crescer, como mentiram os neoliberais, com fakenews macroeconômico – a solução passa a ser o oposto do ponto de vista do trabalhador: mais salários para ter mais consumo, de modo a elevar arrecadação, investimentos e emprego, como ressalta Lauro Campos em “A crise completa – economia política do Não”, editora Boitempo.

DECISÃO LULISTA PEITA ELITE

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O receituário neoliberal fracassou e o capitalismo produtivo entrou em colapso frente ao capitalismo financeiro especulativo; a economia está fraca, sem poder de consumo, enfim, sem sangue nas veias; por isso Lula, em encontro com os sindicalistas, concordou com a pregação pela revogação da reforma trabalhista e do aumento de salário, como primeiro passo para atacar a fome e o desemprego.

Inicialmente, Lula falou em revisão e não em revogação da reforma trabalhista; sob pressão, optou pela segunda proposta; ganha força a voz mais radical do trabalho frente ao capital espoliador; radicaliza-se o discurso do trabalhador na campanha eleitoral.

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A burguesia não vai gostar, mas se reagir contra, Lula terá a massa empobrecida pelo modelo neoliberal nas ruas apoiando seu discurso político eleitoral. Ele, assim, colocou a elite no desafio de enfrentar diretamente os trabalhadores, se radicalizar contra eles.

Do ponto de vista das projeções e expectativas eleitorais, Lula une fortemente a frente partidária de oposição; a correlação de forças, maior teste da luta política, no capitalismo em crise de realização de lucros, mostra que a posição de largada na campanha de Lula foi impactante; polariza-se, de um lado, os que estão com o arrocho salarial, com a reforma trabalhista; de outro quem defende nova política salarial; Lula estará com quem?

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DIALÉTICA DA CORRELAÇÃO DE FORÇAS FAVORECE GREVES

Ao adiantar-se no ataque com discurso do trabalhador, indo primeiro aos assalariados, deixando a burguesia em segundo plano das prioridades, para expor seu programa eleitoral, Lula lança desafio à própria burguesia: peitar Lula ou conciliar com ele?

A correlação de forças a favor de Lula cria movimento dialético político eleitoral; com o discurso anti reformas e pelo aumento de salário provoca Bolsonaro para a luta; a resposta bolsonarista foi pífia; Bolsonaro, jogando na retranca, anunciou aumento de 5% dos salários dos servidores; a insatisfação com esse percentual está no ar; afinal, os servidores acumulam defasagens de 24% em 2 anos, enquanto recebem proposta de correção de 5%.

A resposta dos servidores e dos trabalhadores privados, no clima de campanha eleitoral, deverá ser greve; diversas categorias dos setores produtivos se mobilizam e se sintonizam com o mesmo discurso: reposição salarial; o governo de Minas pode perder reeleição ao considerar falta de juízo a disposição grevista em Minas.

Provável aumento do ritmo de radicalização, depois que Lula defendeu revogação da reforma trabalhista, é a convocação do velho sindicalista aos seus liderados operários, como no tempo de criação do PT, quando pregava reajustes salariais com correção real dos rendimentos; a elite, diante do movimento dialético, sustentaria e ampliaria a luta de resistência, demitindo trabalhadores, ou buscaria conciliação?

Os empresários, portanto, estão com o desafio de buscar Lula para a composição e não de exigir sua presença para atender reivindicações patronais; o início provável do diálogo a ser conduzido pelo vice Alckmin, sob coordenação do candidato, funcionará como a lógica da nova correlação de forças, que, mediante mobilização de massas, fortalece oposição x situação conservadora.

A luta de classes, portanto, abre, em grande estilo, a disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro, com o presidente de plantão, já correndo atrás do prejuízo, porque sua base eleitoral, de olho nas pesquisas eleitorais, já está se dividindo entre ele e Lula, o favorito para faturar.

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