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Ricardo Mezavila

Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.

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Crônica de um crime normalizado

Cresceram e viveram como médicos, morreram como milicianos

Marcos de Andrade Corsato, Daniel Sonnewend Proença, Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida (Foto: Reprodução)
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Eram quatro médicos que participariam de um Congresso Internacional sobre Ortopedia. Estavam hospedados no Hotel Windsor na Barra da Tijuca quando resolveram descer e tomar uma cerveja na praia.  

Escolheram um quiosque localizado em frente ao Hotel, acomodaram-se, tiraram fotos e publicaram em suas redes. Tudo ia bem, até que um carro estaciona do outro lado da pista e bandidos descem armados e descarregam em cima dos quatro. 

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Um dos médicos era irmão da deputada federal Sâmia Bonfim- do PSOL – que, devido sua combatividade, recebe inúmeras ameaças. O crime teria tido motivação política?  

Em menos de 12 horas, descobre-se que um dos médicos tinha semelhança física com um miliciano da região que, inclusive, mora a 750 metros do local do crime e é frequentador do quiosque. 

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Os assassinos seriam de uma outra facção que, passando pelo local, confundiram o médico com o miliciano. Essa versão surgiu muito rápido, aliás, ninguém sabe como a foto do miliciano foi parar na imprensa. 

E mais, se todos sabem quem é o miliciano, onde mora, o lugar que frequenta, por que ainda não o prenderam? 

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Um dia depois do crime, a polícia encontra um carro com quatro corpos. Alguém sugere que seriam dos assassinos dos médicos que teriam sido executados pelos próprios mandantes da morte do miliciano. 

Em menos de vinte e quatro horas o crime está prestes a ser resolvido: bandidos mataram bandidos que mataram médicos. Pronto! Agora serão homenageados no Congresso e tudo continua. 

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O que dizer para a família dos inocentes? Quem irá pagar por um crime que já teve sua fatura descontada?  

Alguém vai dizer que essa é a realidade de quem vive nas favelas do Rio de Janeiro, abandonadas pelo poder público, entregues a toda sorte de violência e indignidade, com comandos armados ditando as leis. E é verdade! 

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Cresceram e viveram como médicos, morreram como milicianos. O quiosque onde ocorreu a execução amanheceu aberto, sorrindo para os fregueses, que se sentaram nas mesmas cadeiras que ‘testemunharam’ tudo como se nada tivesse acontecido. Tudo normalizado. 

Um dos médicos conseguiu sobreviver e está internado. 

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