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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Cunha só sai se renunciar ou for cassado

eduardo cunha (Foto: Alex Solnik)
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Não tenho procuração dos meus colegas. Mas me apresso em pedir perdão ao leitor. Perdoe-me, perdoe-nos.

Todos os seres humanos são ansiosos por alguma falha genética no DNA, como tantas outras, disso já sabemos, mas não devemos colocar os jornalistas nesse grupo. Jornalistas, se é que o são, são seres humanos diferentes. A ansiedade inerente a todos os mortais no jornalista multiplica-se por mil porque desde que nasce na redação ele é estimulado a dar o furo, a informar antes dos outros.

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Por isso devemos dar um desconto quando às vezes lemos no jornal que tal fato vai acontecer “daqui a pouco”.

Quem já não ouviu no rádio, por volta das 2 da tarde o locutor afirmar que o jogo vai começar “daqui a pouco”, quando na verdade está marcado para as 10 da noite?

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Não é maldade do locutor, não é incompetência, é a maldita ansiedade, a adrenalina que alimenta todas as redações.

Fui obrigado a recorrer a esse “nariz de cera”, expressão dos jornalistas para inícios de matéria como esse, tatibitate, meio sem dizer a que vieram, meio sem responder às cinco perguntas básicas de uma reportagem - quem? O que? Como? Onde? Quando? – a fim de alertar àqueles que esperam para ontem a queda de Eduardo Cunha. Podem tirar seus cavalinhos da chuva. Digo isso inclusive ao governo que parece tão ansioso quanto os jornalistas, a toda hora espalhando em off que a queda é iminente. Lamento informar que não é, apesar de todas as evidências.

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Para mim, para você, para o governo, para o 247, para a Globo todas as provas já apresentadas e publicadas são mais do que suficientes para mostrar que as contas suíças realmente são de Cunha, ele jamais explicou como ganhou aquela grana toda e tudo isso que já sabemos, tem o passaporte dele, os endereços etc etc, mas eu gostaria de lembrar que Cunha não é um cidadão comum.

Apesar de a nossa constituição cidadã afirmar que todos são iguais perante a lei, o parágrafo primeiro do artigo 53 desmente porque deputados federais, seja qual for o crime de que são acusados têm que ser julgados no STF.

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Não quer dizer que o STF não condene ninguém, mas que leva uma eternidade, leva. Ou seja, quando lemos no jornal algo dramático do tipo “PGR pede o afastamento de Cunha” não devemos imaginar que ele vai receber Papai Noel em Curitiba, nem nada disso, mas que, tão somente terá início um longo processo, durante o qual ele continuará atormentando o governo na presidência da Câmara dos Deputados.

Seu mandato dura dois anos, é impossível que seu processo de afastamento no STF termine antes disso porque ele tem direito a fantásticos recursos protelatórios.

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Diz a tradição que um cara na situação dele só sai rapidinho se renunciar ou for cassado. Renunciar ele não vai porque não me parece ser adepto do harakiri e cassado pelos pares também não, a considerar o apoio que detém.

Cassá-lo não interessa ao baixo clero, a maioria silenciosa da Câmara, que espera sua ajuda nas campanhas municipais de 2016. E se a maioria está com Cunha, quem vai cassá-lo?

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Não estou escrevendo isso em defesa do Cunha, não, nem desejando que ele permaneça onde está, estou somente me atendo aos fatos.

Até mesmo em casos de crime de sangue o STF já provou que anda devagar quase parando.

Em 1993 o governador Ronaldo Cunha Lima alvejou à queima-roupa, num restaurante, à luz do dia, com todas as testemunhas possíveis, seu desafeto Tarcísio Burity e nem assim, com tantas evidências seu julgamento no STF foi rápido. Ele conseguiu empurrar com a barriga por 17 anos, até 2007, quando, então, renunciou ao mandato de deputado federal e o processo passou para a Justiça comum e estadual.

Em vez de torcer pela queda iminente o governo deveria tratar de se preparar para mais um ano de guerra com Eduardo Cunha em 2016.

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