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Julian Rodrigues

Professor e jornalista, é militante do PT-SP e ativista dos movimentos LGBT e de Direitos Humanos

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Disputa pesada

A decisão do PCdoB de se juntar ao PDT de Ciro no apoio à Rodrigo Maia (DEM) para presidente da Câmara é mais um sintoma do acirramento da disputa interna dentro do bloco progressista. O pano de fundo são distintas análises sobre o governo Bolsonaro, o caráter da oposição e a relação com o PT

Disputa pesada (Foto: LUIS MACEDO - CÂMARA)
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A decisão do PCdoB de se juntar ao PDT de Ciro no apoio à Rodrigo Maia (DEM) para presidente da Câmara é mais um sintoma do acirramento da disputa interna dentro do bloco progressista.

O pano de fundo são distintas análises sobre o governo Bolsonaro, o caráter da oposição e a relação com o PT.

1)Sobre o PDT e Ciro, paixões à parte, é fato a heterogeneidade do Partido presidido por Lupi. Dos seus 4 candidatos a governador que foram ao segundo turno em 2018, 3 apoiaram Bolsonaro. Sua bancada federal reflete essa - digamos - "pluralidade" interna. Ademais, também é fato que Ciro Gomes adotou uma postura de fustigar duramente o PT e de fazer uma oposição "pontual" à Bolsonaro (só ler suas entrevistas).

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2) O PCdoB também vem de uma acirrada luta interna, que se relaciona com diferentes visões sobre a tática de construção do Partido, a relação com o PT, a amplitude de sua política de aliança, a aproximação com o PDT/Ciro, entre outros temas estratégicos. O setor moderado venceu a disputa quando do apoio à eleição de Rodrigo Maia em 2016. Na seqüência, o cenário acabou confluindo para o predomínio dos que internamente defendiam que o PCdoB apoiasse Haddad e não Ciro, em 2018. Agora, em 2019, parece que os moderados que querem distância do PT estão na liderança. PCdoB anunciou bloco com PDT e PSB, e, agora, reafirma o apoio à Maia, mesmo sendo ele candidato do governo e contando com o apoio do PSL de Bolsonaro.

3) PSB é mais complexo de analisar, também por sua heterogeneidade e grandes diferenças regionais. Em acordo informal com o PT, ficou "neutro" no primeiro turno de 2018 e apoiou Haddad no segundo turno. Agora, no debate sobre a presidência da Câmara anuncia que não apoiará Maia, em virtude dele ser o candidato do governo. De certa forma se abre uma brecha para reaproximação do PSB com o PT e se prenuncia "racha" do bloco com PCdoB e PDT.

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4) O PSOL vem girando sua posição desde o golpe de 2016, abandonando um certo sectarismo antipetista. A campanha Boulos reposicionou nacionalmente o PSOL como Partido de esquerda com vocação para crescer, isolando aquele característico antipetismo infantil. Embora o lançamento de Freixo tenha sido realizado no "antigo método" de autoconstrução proclamatória (sem ter havido qualquer negociação prévia mais ampla), o deputado fluminense é um candidato com densidade política e tem condição de liderar o bloco de oposição.

Por fim, o PT. Em 2016, assistimos a uma espécie de "rebelião das bases", consignada na palavra de ordem "petista não vota em golpista" . Esse movimento derrotou aqueles que queriam apoiar Maia. Apoiamos André Figueiredo, do PDT, embora uma parte significativa da bancada petista tenha votado em Maia ( é só analisar as planilhas).

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Agora, esse setor moderado e ultra-pragmático da bancada federal volta a defender que o PT apoie Rodrigo Maia - e o Partido ainda não definiu posição oficial.

O líder da bancada e a presidenta do PT já asseguraram que o Partido não estará no bloco do governo.

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O desafio agora, portanto, é construir uma posição comum com o PSB e o PSOL.

Pessoalmente, defendo que também não se descarte uma composição com setores de centro-direita que se oponham à candidatura oficial de Rodrigo Maia/Paulo Guedes. Maia será o grande fiador da reforma da previdência.

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A disputa está dada entre as diferentes táticas nesse campo, (internamente, no PT sobre nossa postura), e, nos outros Partidos sobre a relação com o PT. Em debate também a caracterização do novo governo, a intensidade e o ritmo da oposição ao governo Bolsonaro. Disputas essas transversais a todos os partidos progressistas - até mesmo o PSOL.

Derrotar o governo Bolsonaro vai exigir a construção da unidade em outro patamar, o que só se dará com uma maior definição da tática.

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Primeiro, os que defendemos oposição firme e ideológica, com muita mobilização social, precisamos consolidar nossa maioria no PT.

Depois, ampliar a relação do PT com o PSOL, tornando-a orgânica. Na sequencia, atrair o PSB para esse bloco de oposição de verdade.

Dessa forma, será possível trazer o PCdoB "de volta", acredito eu. E, inclusive, atrair alguns setores de esquerda.

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