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Pepe Escobar

Pepe Escobar é jornalista e correspondente de várias publicações internacionais

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Do controle de solo para o planeta quarentena: isto é apenas um teste

Embora o Covid-19 seja um interruptor de circuito, uma bomba relógio e uma verdadeira arma de destruição em massa, um debate feroz vem sendo travado em todo o mundo quanto à sensatez da aplicação de quarentenas maciças em cidades, estados e países inteiros

Pessoas fazem fila para serem testadas para o coronavírus, no Queens, Nova York (Foto: REUTERS/Jeenah Moon)
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Por Pepe Escobar, para o Strategic Culture

Tradução de Patricia Zimbres, para o 247

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Embora o Covid-19 seja um interruptor de circuito, uma bomba relógio e uma verdadeira arma de destruição em massa, um debate feroz vem sendo travado em todo o mundo quanto à sensatez da aplicação de  quarentenas maciças em cidades, estados e países inteiros.

Os contrários à ideia argumentam que o Planeta Quarentena não apenas não vem conseguindo evitar a disseminação do Covid-19 como também deixou a economia mundial em estado criogênico - com consequências sombrias e imprevisíveis. A quarentena, portanto, deve ser aplicada essencialmente à população com maior risco de letalidade: os idosos. 

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Em um Planeta Quarentena paralisado pelos relatos assustadores que chegam da linha de frente do Covid-19, não resta dúvida de que essa é uma afirmativa incendiária. 

Em paralelo, uma investida maciça da mídia empresarial vem sugerindo que caso os números não caiam significativamente, o Planeta Quarentena - um eufemismo para prisão domiciliar - continuará em vigor indefinidamente. 

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Michael Levitt, biofísico de Stanford e prêmio Nobel de Química em 2013, acertou na mosca quando previu que a China superaria a pior fase do Covid-19 muito antes do que multidões de especialistas em saúde acreditavam, e que "O que precisamos é controlar o pânico".

Vamos cruzar esses dados com alguns fatos e opiniões dissidentes, a fim de propiciar um debate informado.

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O relatório Covid-19 – Navegando Águas Não-Mapeadas teve como co-autor o Dr. Anthony Fauci – representando a Casa Branca –, H. Clifford Lane e o diretor do Centro de Controle de Doenças (CDC), Robert R. Redfield. O documento, portanto, tem origem no coração do sistema de saúde norte-americano.

O relatório afirma explicitamente que "as consequências clínicas totais do Covid-19 talvez estejam mais próximas às de um gripe sazonal grave (que tem uma taxa de letalidade de aproximadamente 0,1%), ou de uma gripe pandêmica (semelhante às de 1957 e 1968) do que uma doença semelhante ao SARS ou ao MERS, que apresentaram taxas letalidade de 9% a 10%, e de 36%, respectivamente. 

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Em 19 de maio, quatro dias antes de Downing Street ter decretado o isolamento em toda a Grã-Bretanha, o Covid-19 foi rebaixado da categoria de "Doença Infecciosa com Consequências Graves".

John Lee, professor de patologia recentemente aposentado e ex-patologista consultor do Serviço Nacional de  Saúde (NHS) afirmou há pouco que as 18.944 mortes por   coronavírus  em todo o mundo representam 0,14% do total de casos. Esses números podem vir a aumentar, mas no presente momento, eles são inferiores aos de outras doenças infecciosas com as quais costumamos conviver (como a gripe)".

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Ele recomenda que "um grau de distanciamento social deva ser mantido por enquanto, principalmente para os idosos e imunodeprimidos. Mas a adoção de medidas drásticas deve ser embasada em evidências claras. No caso do Covid-19, as evidências não são claras". 

Uma  opinião essencialmente do mesmo teor foi apresentada por um analista do serviço militar de inteligência russo.

Nada menos que 22 cientistas - ver aqui e aqui – expuseram de forma detalhada  suas dúvidas quanto à estratégia adotada no Ocidente.

O Dr. Sucharit Bhakdi, Professor Emérito de Microbiologia Médica na Universidade Johannes Gutenberg, em Mainz, provocou uma enorme controvérsia com sua carta aberta à Chanceler Merkel, na qual ele ressaltava as "consequências verdadeiramente imprevisíveis das medidas de confinamento drástico atualmente adotadas em grande parte da Europa".

Até mesmo o governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, admitiu oficialmente que foi um erro confinar pessoas idosas com doenças pré-existentes juntamente com a população jovem e saudável. 

Sem dúvida alguma, o ponto central foi o total despreparo do Ocidente frente à disseminação do Covid-19 - apesar de ter sido avisado pela China com dois meses de antecedência e de ter tido tempo para estudar as estratégias  aplicadas com êxito em diversos países asiáticos.

O sucesso do modelo sul-coreano não é segredo. 

A Coreia do Sul já vinha produzindo kits de testes em inícios de janeiro, e já em março testava 100.000 pessoas por dia, após estabelecer um estrito controle sobre a totalidade da população - sob os gritos de protesto ocidentais contra a "falta de proteção da vida privada". Isso foi antes de o Ocidente entrar em modo Planeta Quarentena.

A estratégia sul-coreana consistiu em testes precoces, frequentes e seguros - simultâneos a um rápido rastreamento de contatos, ao isolamento e à vigilância. 

Os portadores do Covid-19 são monitorados com a ajuda de câmeras de vídeovigilância, compras com cartão de crédito e registros de smartphones. Acrescente-se a isso mensagens de SMS enviadas a todas as pessoas sempre que um novo caso é detectado nas redondezas ou no local de trabalho. Os que se encontram em auto-isolamento necessitam de um aplicativo para serem constantemente monitorados e qualquer infração significa uma multa equivalente a 2.800 dólares. 

Demolição controlada em vigor 

No início de março, a Revista Chinesa de Doenças Infecciosas, da Associação Médica de Xangai, pré-publicou o Consenso entre os Especialistas quanto ao Tratamento do Coronavírus.  As recomendações de tratamento incluíam "grandes doses de vitamina C... em injeções intravenosas na dose de 100 a 200 mg / kg ao dia".

Essa foi a razão de 50 toneladas de vitamina C terem sido enviadas à província de Hubei em inícios de fevereiro. Esse foi um exemplo cabal de como uma simples solução de "mitigação" é capaz de minimizar uma catástrofe econômica.

Por outro lado, foi como se a reação brutalmente rápida da "guerra popular" chinesa contra o Covid-19 tivesse pego Washington totalmente de surpresa. Um fluxo contínuo de rumores da área de  inteligência circulando na internet chinesa sugere que Pequim já tenha examinado todas as pistas possíveis sobre a origem do vírus Sars-Cov-2– informações vitais que, na hora certa, sem dúvida serão usadas como arma, bem ao estilo de Sun Tzu.

Até o momento, a sustentabilidade do complexo projeto de integração eurasiano não foi substancialmente prejudicada. Enquanto a União Europeia dava a todo o mundo uma demonstração explícita de desinformação e de impotência, a parceria estratégia russo-chinesa se fortalecia a cada dia - com investimentos crescentes em poder brando e levando adiante um diálogo pan-eurasiano que inclui, como um de seus elementos essenciais, a assistência médica.

Referindo-se a esse processo, o principal diplomata da União Europeia, Joseph Borrell, soa realmente impotente: "Há uma batalha global de narrativas na qual o timing é um fator crucial. […] A China reduziu as novas infecções locais para números de um dígito - e está agora enviando equipamentos e equipes médicas à Europa, como outros o fazem também. A China vem enviando de forma agressiva a mensagem de que, ao contrário dos Estados Unidos, ela é uma parceira responsável e confiável. Nessa batalha de narrativas, vimos também tentativas de desacreditar a União Europeia (…) Temos que ter consciência de que há um componente geopolítico que inclui a luta por influência por meio da urdidura de uma 'política da generosidade'. Armados de fatos, temos que defender a Europa de seus detratores". 

Isso nos leva a território realmente explosivo. Uma crítica da estratégia do Planeta Quarentena inevitavelmente levantará questões sérias apontando para uma demolição controlada da economia global. O que já está em rigoroso efeito são miríades de declinações da lei marcial, de policiamento severo das mídias sociais no modo Ministério da Verdade e a volta de estritos controles de fronteira.

Essas são as marcas inequívocas de um projeto maciço de reengenharia social, ao qual são inerentes o monitoramento social total, o controle da população e o distanciamento social promovido como o novo normal.  

Isso seria levar ao limite a afirmativa pública do Secretário de Estado Mike "nós mentimos, nós trapaceamos, nós roubamos" Pompeo,  de que o Covid-19 é um exercício militar  ao vivo: "Esse assunto vai adiante - estamos aqui em um exercício ao vivo para acertar". 

Salve,  BlackRock!

Então, enquanto enfrentamos uma Nova Grande Depressão, os passos que levam a um Bravo Mundo Novo já são discerníveis. Eles vão muito além de um mero Bretton Woods 2.0, da forma como Pam e Russ Martens magnificamente desconstroem o estímulo de 2 trilhões de dólares à economia dos Estados Unidos recentemente aprovado pelo Congresso americano.

Em termos essenciais, o Fed irá "alavancar  para 4,5 trilhões os 454 milhões de dólares de socorro financeiro na forma de fundos secretos proposto na lei.  E nenhuma pergunta será permitida quanto a quem se beneficiará do dinheiro, porque o projeto de lei simplesmente isenta o Fed do cumprimento da Lei de Liberdade de Informação (FOIA).

A empresa privada que terá acesso privilegiado a essa "caixa dois" é a BlackRock. Aqui vai a versão muito resumida desse esquema estarrecedor,  magistralmente detalhada.

Wall Street transformou o Fed em um fundo hedge. Antes do fim do ano, o Fed vai ser proprietário de pelo menos dois terços da totalidade dos títulos do Tesouro americano nos quais o mercado está atolado.

O Tesouro dos Estados Unidos vai comprar todos os títulos e empréstimos que puder, e o Fed será o banqueiro que irá financiar todo o esquema. 

Então, essencialmente, trata-se de uma fusão Fed/Tesouro. Um mastodonte oferecendo dinheiro de helicóptero aos montes - tendo a BlackRock como a vencedora incontestável.

A BlackRock é conhecida como a maior administradora de dinheiro do planeta. Seus tentáculos estão por toda a parte. Ela é proprietária de 5% da Apple, 5% da Exxon Mobile, 6% do Google, sendo também a maior acionista da AT&T (Turner, HBO, CNN, Warner Brothers) – e esses são apenas alguns exemplos. 

Eles irão comprar todos esses títulos e administrar os arriscadíssimos Veículos de Titularização (SPVs) em nome do Tesouro.

A BlackRock não é apenas a maior investidora da Goldman Sachs. É mais que isso: a Blackrock é maior que a Goldman Sachs, a JP Morgan e o Deutsche Bank juntos. A BlackRock é um dos grandes doadores da campanha Trump. Agora, para todos os fins práticos, ela será o sistema operacional - o Chrome, o Firefox, o Safari – do Fed/Tesouro.

Isso representa a wallstreetização definitiva do Fed - sem o mínimo indício de que isso levará a qualquer melhoria da vida do americano médio.

A mídia empresarial do Ocidente, em massa, vem praticamente ignorando a infinidade de consequências econômicas desastrosas trazidas pelo Planeta Quarentena. Da primeira à última página, a cobertura mal se digna a mencionar a estarrecedora devastação econômica e humana já em vigor - principalmente para as massas que, já agora, mal conseguem sobreviver na economia informal.

Para todos os efeitos, a Guerra ao Terror foi substituída pela Guerra ao Vírus. Mas o que não vem sendo objeto de análises sérias é a Tempestade Tóxica Perfeita: uma economia totalmente arrasada; a Mãe de Todos os Craques Financeiros - mal disfarçada pelos trilhões de dinheiro de helicóptero despejados pelo FED e pelo Banco Central Europeu; as dezenas de milhões de desempregados gerados pela Nova Grande Depressão; as milhões de pequenas empresas que simplesmente irão desaparecer; uma crise global de saúde mental. E, principalmente, as massas de idosos, principalmente nos Estados Unidos, que receberão a ordem implícita de "morram". 

Mais além de qualquer retórica sobre o "desacoplamento", a economia global já está, de fato, dividida em duas partes. De um lado temos a Eurásia, a África e grandes porções da América Latina - que a China estará cuidadosamente conectando e reconectando por meio das Novas Rotas da Seda. De outro lado, temos a América do Norte e alguns vassalos ocidentais selecionados. Uma Europa atônita situa-se entre esses dois polos.

Não há dúvida de que uma economia global criogenicamente induzida poderá facilitar uma reinicialização. O trumpismo é o novo excepcionalismo - o que significa uma MAGA isolacionista turbinada com esteróides. A China, ao contrário, irá reinicializar meticulosamente sua base de mercado ao longo das Novas Rotas da Seda - incluindo a África e a América Latina - para compensar a perda dos 20% de comércio e exportações com os Estados Unidos.

Os parcos cheques de 1.200 dólares prometidos aos americanos são, na verdade, precursores da tão incensada Renda Básica Universal (RBU). Esses cheques talvez venham a se tornar permanentes, uma vez que dezenas de milhões de pessoas estarão permanentemente desempregadas. O que irá facilitar a transição para uma economia totalmente automatizada, administrada 24/7 por Inteligência Artificial (IA) - daí a importância do 5G.

E é aqui que o ID2020 entra em cena.

IA e o ID2020

A Comissão Europeia está envolvida em um projeto de importância crucial, embora praticamente desconhecido, o CREMA (Cloud Based Rapid Elastic Manufacturing - Fabricação Rápida e Elástica Baseada na Nuvem), que visa a facilitar a implementação mais ampla possível da IA em conjunção com o advento de um Sistema Mundial Único que não usa dinheiro.

O fim do dinheiro implica necessariamente um Governo Mundial Único capaz de pagar - e controlar - a Renda Básica Universal; que representaria a concretização perfeita dos estudos de Foucault sobre biopolítica. Qualquer pessoa pode ser apagada do sistema se algum algoritmo equacionar esse indivíduo com algum tipo de dissidência. 

Fica ainda mais sexy quando o controle social absoluto é promovido como uma inocente vacina.

O ID2020 descreve a si próprio como uma aliança benigna de "parceiros público-privados". Trata-se, essencialmente, de uma plataforma eletrônica de Identidade Digital com base em vacinação generalizada. E tudo começa no nascimento: os recém-nascidos receberão uma "identidade digital biométrica portátil e permanente".

A GAVI, a Aliança Global para Vacinas e Imunização, promete "proteger a saúde das pessoas" e fornecer "imunização para todos". Entre os maiores parceiros, além da OMS, está - como seria de se esperar - a Big Pharma.

Na cúpula  da Aliança ID2020, realizada em setembro último em Nova York, ficou decidido que o programa "Rising to the Good ID Challenge" (Enfrentando o Bom Desafio da ID) seria lançado em 2020. Isso foi confirmado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) em janeiro último, em Davos. A identidade digital será testada conjuntamente com o governo de Bangladesh. 

Isso coloca uma questão da maior gravidade: Teria o ID2020 sido programado para coincidir com isso a que um patrocinador importante, a OMS, qualificou como uma pandemia? Ou a pandemia foi de importância crucial para justificar o lançamento do ID2020?

Simultaneamente às rodadas de testes que têm a capacidade de virar o jogo, nada, é claro, supera o Event 201, realizado menos de um mês depois do ID2020.

O John Hopkins Center for Health Security (Centro John Hopkins para Segurança Sanitária), em parceria com, mais uma vez, o Fórum Econômico Mundial e também com a Fundação Bill e Melinda Gates,  descreveu o evento como "um exercício de alto nível sobre pandemias". 

O exercício "ilustrava áreas onde as parcerias público/privadas serão necessárias durante a resposta a uma pandemia grave, a fim de reduzir as consequências econômicas e sociais de larga escala". 

Com o Covid-19 sendo considerado uma pandemia, a John Hopkins Bloomberg School of Public Health foi forçada a emitir uma declaração que dizia, basicamente, que eles haviam apenas "usado o modelo de uma pandemia de coronavírus fictícia, declarando explicitamente, entretanto, que não se tratava de uma previsão". 

Não há a menor dúvida de que "uma pandemia severa, que venha a se converter no ‘Evento 201’, exigiria uma cooperação confiável entre diversos setores econômicos, governos nacionais e instituições internacionais", tal como expresso pelos patrocinadores. O Covid-19 vem induzindo exatamente esse tipo de "cooperação". Se ela é "confiável" ou não, é uma questão que permanece aberta a infindáveis debates.

O fato é que, por todo o Planeta Quarentena, um tsunami de opinião pública vem tendendo a definir todo o atual estado de coisas como uma operação psicológica global: um cataclismo global deliberado – a Nova Grande Depressão - imposta propositalmente a cidadãos  desinformados.

Os poderes estabelecidos, é claro, inspirando-se no já antigo e bem testado manual de operações da CIA, insistem até perder o fôlego que tudo não passa de uma "teoria da conspiração". No entanto, o que grandes fatias da opinião pública global estão percebendo é um - perigoso - vírus sendo usado para esconder o advento de um novo sistema financeiro digital acoplado a uma vacina obrigatória/nanochip, visando a criar uma  identidade digital individual completa. 

O cenário mais plausível para nosso futuro imediato se apresenta como aglomerados de cidades inteligentes ligadas por IA, e seus habitantes, devidamente microchipados, sendo monitorados em tempo integral, fazendo tudo o que precisam fazer com uma moeda digital unificada, em uma atmosfera do Panóptico de Bentham e Foucault em rodando em marcha alta.

Então, se esse de fato for o nosso futuro, o atual sistema mundial tem que desaparecer. Isso é um teste, isso é apenas um teste.

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