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Florestan Fernandes jr

Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e integrante do Jornalistas pela Democracia

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Do Porão ao Planalto

Para Florestan Fernandes Júnior, Jornalista pela Democracia, está cada vez mais claro que Jair Bolsonaro conhecia o modus operandi da repressão na Ditadura Militar; "De certa maneira, a eleição dele é o ensaio do retorno da linha dura ao poder. As reações às falas grotescas dele contra as vítimas da ditadura e o estado democrático de direito podem isolá-lo ainda mais"

(Foto: Foto: Reuters)
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Cada dia fica mais claro, através de suas próprias falas, que o ex-tenente e atual presidente da República Jair Bolsonaro conhecia bem o modus operandi do sistema de repressão militar do fim dos anos 70 e início dos 80.

A admiração que Bolsonaro sempre fez questão de demonstrar pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, único brasileiro declarado pela Justiça como torturador da ditadura, deixa claro o lado de Bolsonaro dentro da caserna. É o lado daqueles que se colocaram radicalmente contra o general presidente Ernesto Geisel e sua política de abertura lenta, gradual e segura.

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Entre os anos de 1974 a 1980, os grupos guerrilheiros já não mais existiam no país. A esquerda armada havia sido dizimada pelo governo do general Médici. Os militantes de esquerda ou estavam mortos, ou no exílio, ou vivendo clandestinamente em pequenas cidades do interior do país. Portanto, não existia motivo nenhum para se manter o aparelho repressivo em funcionamento.

Mesmo assim, o país viveu uma das maiores ondas de prisões arbitrárias da era militar.  Uma das primeiras vítimas foi o diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog, que em 25 de outubro de 1975 foi preso e morto nas dependências do DOI-CODI de São Paulo em apenas 24 horas. Meses depois o operário Manuel Fiel Filho teria o mesmo destino após ter sido preso por agentes do DOI. Nos dois casos a versão dada pelos militares foi a mesma: a de que os presos haviam se enforcado nas celas.

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Aliás, a criação de versões é uma das práticas comuns de Bolsonaro para esconder, justificar e incentivar a violência do Estado contra seus opositores.  Na época, para desmontar o aparelho repressivo, Geisel exonerou o general Ednardo D’Avila Mello do comando do II Exército e, tempos depois, demitiu o ministro do Exército Sylvio Frota.

No início dos anos 80, o pessoal do porão emergiu realizando atos terroristas para impedir o processo de abertura política e para tentar preservar o poder que vinham perdendo. Bombas explodiram bancas de jornais e destruíram a sede da OAB matando a secretária da entidade, Lydia Monteiro da Silva.

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No dia 1º de maio de 1981, um atentado no Rio Centro, onde 20 mil pessoas comemoravam o dia do trabalho, só não provocou uma tragédia sem precedentes porque a bomba explodiu bem antes da hora, ainda dentro do carro de dois agentes do DOI-CODI encarregados da missão.

É com esse tipo de gente que Bolsonaro se identifica e para a qual rasga elogios.  De certa maneira, a eleição dele é o ensaio do retorno da linha dura ao poder. As reações às falas grotescas dele contra as vítimas da ditadura e o estado democrático de direito podem isolá-lo ainda mais. E, quem  sabe, levar a sua queda. Resta saber quando a sociedade dará um basta a tantos absurdos.

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