CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Paulo Moreira Leite avatar

Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

1185 artigos

blog

Dúvida de Joaquim é ter de enfrentar Lula

"A hesitação de Joaquim Barbosa para ingressar na campanha presidencial não envolve nenhuma dúvida interna, mas um fator externo, que é a possibilidade de Lula disputar a presidência", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247; "Sem Lula, a candidatura de Joaquim pode atrair eleitores ainda empolgados com o discurso anti-corrupção, somados a grande massa de brasileiros pobres e negros que são vítimas da injustiça histórica do racismo. Com Lula, Barbosa será deslocado para a direita"

"A hesitação de Joaquim Barbosa para ingressar na campanha presidencial não envolve nenhuma dúvida interna, mas um fator externo, que é a possibilidade de Lula disputar a presidência", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247; "Sem Lula, a candidatura de Joaquim pode atrair eleitores ainda empolgados com o discurso anti-corrupção, somados a grande massa de brasileiros pobres e negros que são vítimas da injustiça histórica do racismo. Com Lula, Barbosa será deslocado para a direita" (Foto: Paulo Moreira Leite)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Em minha opinião, a hesitação de Joaquim Barbosa para ingressar de vez na campanha presidencial não envolve nenhuma dúvida interna, mas um fator externo e inconfessável: Lula.

Candidatos que entram numa disputa eleitoral com a fantasia do "novo" na política contam com várias vantagens comparativas em relação aos competidores conhecidos. Mas sua natureza é um elemento de risco. A identidade de "novo" é como um palito de fósforo e só pode ser riscado uma vez.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

 Não pode falhar -- neste caso, o destino é o lixo ou a mediocridade, destino que acompanha ministros e procuradores europeus que em anos recentes correram atrás de possíveis louros eleitorais depois de fazer investigações contra a corrupção do sistema político.

Fora da carreira judicial, o procurador Antonio Di Pietro, a principal autoridade da Operação Mãos Limpas, tem uma vida política desimportante. Eva Joly, juíza responsável pelas investigações na Elf Aquitaine, Petrobras francesa que foi esquartejada após denúncias de corrupção, chegou a disputar a presidência da República pelo Partido Verde. Após um resultado fraquíssimo, tornou-se deputada no Parlamento Europeu.  

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A questão de Joaquim Barbosa é saber o que acontecerá com sua campanha presidencial caso Lula consiga atravessar as imensas barreiras erguidas pelo Judiciário e garantir sua candidatura.

A diferença é gigantesca.  

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Caso Lula fique de fora, o país estará diante de um pleito difuso e sem referências claras, no qual as disputas de marketing e truques de publicidade podem dar o tom. A tendência é assim porque as diferenças reais de horizonte político entre os concorrentes com chance de vitória voltará ao padrão pouco diferenciado que o país possuía nas eleições realizadas antes da emergência do PT como fator de desestabilização do sistema político tradicional. 

Estaremos no mais do mesmo, agravado pelo imenso coro de descontentes pela exclusão do candidato favorito em todas as pesquisas.  

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Neste ambiente, a biografia de Joaquim Barbosa pode fazer uma diferença e mostrar-se capaz de atrair o contingente de eleitores ainda empolgados pela AP 470 e pela Lava Jato. Ainda que 55% dos brasileiros considerem que Lula é vítima de perseguição judicial, como informa pesquisa do Instituto Ipsos, esta parcela de brasileiros não pode ser desprezada do ponto de vista eleitoral.

Outra parcela envolve a grande massa de brasileiros pobres e negros que, vítimas de injustiças históricas, poderão ser atraídos para o palanque de Joaquim, desde já com apoio encaminhado de estrelas à direita do anti-racismo brasileiro, que envolve um pelotão cada vez mais menos oculto de personalidades globais.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Caso Lula possa se apresentar, hipótese que implica em derrotar uma muralha quase inexpugnável do judiciário e da mídia para barrar sua candidatura, o debate eleitoral será outro.

Joaquim Barbosa será deslocado para a direita e irá disputar votos com um Geraldo Alckmin hoje enfraquecido. Também irá encontrar-se com Marina Silva na fileira de concorrentes que disputam a retórica alternativa.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Precisará definir-se com clareza sobre o conjunto de reformas implementadas por Michel Temer -- a começar pelo fim da CLT -- cujo apoio é condição fundamental para garantir ajuda da elite anti-Lula. O que terá a dizer sobre a independência do Banco Central, que o PSB introduziu nos debates de 2014, contribuindo para enfraquecer Marina? Poderá empregar platitudes para falar da Previdência? 

 Acima de tudo, Barbosa precisará enfrentar o currículo de Lula, que indiscutivelmente tem muito a apresentar na luta contra a desigualdade em geral e também à população negra, a começar pelas cotas nas universidades e programas específicos como o Pró-Uni.   

 Outras assombrações estarão presentes na campanha, também. No inevitável confronto de biografias que acompanha toda eleição disputada, a população poderá lembrar que, enquanto Lula  subiu de baixo, na luta dos trabalhadores, e que só chegou aonde se encontra em função de seu esforço e liderança, o grande salto de Barbosa foi possível por uma decisão do presidente que agora ele quer derrotar.

É fácil entender as dúvidas de Joaquim Barbosa, vamos combinar.  

    

 

 

 

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO