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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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E a “maioria silenciosa” de Trump era minoria

"Num momento em que a palavra horizontalidade tornou-se um dos requisitos básicos das democracias, a derrota incontornável de Donald Trump no voto popular pode se transformar num obstáculo interno a seu governo", escreve o colunista Paulo Moreira Leite. "Com uma desvantagem que pode chegar a 3 milhões de votos, a noção de que o candidato republicano teria apoio popular para defender alguns dos mais reacionários valores da cultura política norte americana não se confirmou", afirma

"Num momento em que a palavra horizontalidade tornou-se um dos requisitos básicos das democracias, a derrota incontornável de Donald Trump no voto popular pode se transformar num obstáculo interno a seu governo", escreve o colunista Paulo Moreira Leite. "Com uma desvantagem que pode chegar a 3 milhões de votos, a noção de que o candidato republicano teria apoio popular para defender alguns dos mais reacionários valores da cultura política norte americana não se confirmou", afirma (Foto: Paulo Moreira Leite)
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Embora não faltem analistas de botequim para dar seu palpite sobre a vitória de Donald Trump, a questão central da eleição norte-americana permanece. No voto popular, Hillary Clinton venceu o pleito por uma diferença que não para de aumentar. Já ultrapassou os 2 milhões de votos, pode chegar a 3 milhões e é muito provável que crave uma vantagem de 1,5% sobre o total do eleitorado, o que está longe de representar uma poeira estatística. 

É uma margem considerável. Pode ser suficiente para dar muito a calor durante a apuração mas jamais será contestada em países onde o chefe de governo é escolhido diretamente pela população, num ambiente no qual  situação e oposição mantém respeito pelo regime democrático. (Em 2014, Dilma venceu as eleições por uma margem superior a 3% mas foi contestada desde o primeiro dia por adversários que não aceitariam qualquer resultado desfavorável, como pudemos ver em agosto de 2016).

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Do ponto de vista formal, não há o que objetar quanto a vitória de Trump. Ele venceu dentro das regras aceitas por todos e, antes do encerramento da apuração, Hillary já admitiu a derrota. É assim desde o século XVIII, nos lembram. Há uma questão política, porém.

O resultado real da eleição é a demonstração clara, incontornável, de que o novo presidente não foi capaz de arrebatar o voto da maioria dos norte-americanos. A maioria silenciosa era minoritária, comprova-se agora.

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Numa época em que a horizontalidade tornou-se um dos sinônimos de democracia, uma escolha de cima para baixo, na qual a máquina dos partidos políticos de cada estado tem prioridade sobre a decisão do eleitorado,  sempre irá representar um complicador.

A noção, tão anunciada, de que Trump teria recebido um mandato popular para defender alguns dos valores mais reacionários da cultura política norte americana na Casa Branca não se confirmou. Essa situação pode  transformar a fraqueza num traço permanente de seu governo  e alimentar a resistência a seus planos de desmanche de políticas sociais limitadas mas importantes de Obama.

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Mais do que festejos por sua vitória, os dias seguintes a eleição tem sido marcado por imensos protestos de seus adversários. Numa reação típica, Trump já instalou um assessor, o mais próximo do fascismo que poderia ser encontrado em Washington, num posto estratégico na Casa Branca. 

Este pode ser um sinal do que está por vir.

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No plano externo, a vitória de Trump teve um impacto inegável. Sua crítica a globalização colocou em questão a aliança de Hillary e dos mercados financeiros em vários países, inclusive no Brasil, onde uma vitória democrata era vista como uma âncora segura para a continuidade do governo Temer e os aliados do PSDB.

No plano interno, o enigma é saber como a maioria derrotada irá se comportar nos próximos meses. Olhada em retrospecto, a desistência de Hillary mostrou-se um tanto prematura. Abriu espaço para Bernie Senders, o senador vencido nas primárias que pode ganhar terreno a partir de agora.

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