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Enio Verri

Deputado federal pelo PT-PR

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É preciso combater com veemência o fascismo

É indignante, mas não causa surpresa que, diante da iminente vitória de Lula, nas eleições de 2018, um senhor não se peje em se apresentar como intelectual de uma revista sem credibilidade alguma e defenda que o ex-presidente deva morrer

É indignante, mas não causa surpresa que, diante da iminente vitória de Lula, nas eleições de 2018, um senhor não se peje em se apresentar como intelectual de uma revista sem credibilidade alguma e defenda que o ex-presidente deva morrer (Foto: Enio Verri)
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O Brasil é um país, como a maioria dos que nasceram nos séculos 15 e 16, conquistado pelo velho continente. Com suas tecnologias superiores e seus germes avassaladores acessaram uma aparentemente infinita fonte de recursos naturais. Por volta de 1530, dá-se início ao mais longevo período de escravidão das Américas, 400 anos. Somente com monstruosa crueldade e violência, 38% de 10 milhões de habitantes controlavam a subalternidade dos 62% da população dos quais mais de 15% eram escravos, segundo consta do censo brasileiro de 1872, realizado por um imperador progressista, deposto pela elite, em conluio com o Exército Brasileiro.

A abolição consensual da escravidão, por meio de um decreto assinado por uma princesa benevolente, escamoteou nas tramas do tecido que envolve as relações sociais de classe, a consolidação de uma cordialidade aparente, que esconde o fascismo secularmente praticado pela elite, principalmente contra sua principal ferramenta não considerada gente. A assinatura de Isabel colocou na rua cerca de 1,6 milhão de pessoas, sem terem para onde ir, cuja maioria permaneceu com seus senhores, em troca de comida, ou de um roçado, dependendo da proximidade do escravo com o seu senhor.

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Outros morreram na Guerra do Paraguai, em troca da promessa da alforria, caso voltassem de lá. Em 129 anos de República, a absorção dessa mão de obra foi demandada eminentemente por serviços braçais. Estamos em 2017 e o nosso café é adoçado e os nossos carros são abastecidos com a morte de cortadora/es de cana, por exaustão. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal suspendeu os efeitos de uma portaria do Ministério do Trabalho que tornaria legítimo o uso do trabalho escravo. O escravismo está incrustado em nossa cultura, de diversas formas para além da existência dos troncos, senzalas e todos os aparatos de tortura física permitidos à época.

Durante pouco mais de um século, acumulou-se um passivo histórico que seria parcialmente pago, mas não foi, com uma reforma agrária já em 1889. Os primeiros proprietários do Brasil criaram e julgaram as leis que legitimam a perpetuação do sacrossanto direito à propriedade privada, acima da justiça fundiária, rural e urbana. O atraso brasileiro é tamanho, que somente em 2015 as empregadas domésticas adquiriram o direito à Carteira de Trabalho. Foi também durante os governos do Partido dos Trabalhadores que a população afrodescendente teve um mínimo acesso àquilo que lhe foi negada, por séculos, a ocupação dos espaços sociais de decisões políticas.

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Essa cínica cordialidade, praticada há séculos, inicialmente com mãos de ferro e, depois, com os meios de comunicação, é para manter a ordem em nome do progresso. O uso das forças de segurança sobre os pobres é para mantê-los longe dos ricos e proteger o patrimônio privado. É, talvez, a mais ostensiva expressão do fascismo de governo. E este é hipocritamente institucionalizado nos meios de comunicação. Haja vista o caso do mais importante e poderoso jornalista da Rede Globo, William Waack, cuja máscara caiu. Um profissional que influencia grandes formadores de opinião da elite revela o racista que é.

Desde 2005, a grande mídia não cessa de detratar a política, principalmente o PT e as suas políticas que tiraram o Brasil do Mapa da Fome, monitorado pela ONU e o elevaram da 16ª para a 6ª posição no ranking das economias mundiais. O fascismo dissimulado de cada dia perdeu o pudor e saiu do armário, em 2015, quando um partido apátrida, de propriedade do capital financeiro, prometeu e conseguiu sabotar um governo eleito democraticamente e suprimiu a democracia, num consórcio entre os Poderes da República, "com o Supremo, com tudo", a mando das elites financeiras nacional e internacional. Compreensível os estrangeiros, mas como explicar o entreguismo da elite nacional?

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A contextualização acima é para chamar a atenção sobre um fato de alta gravidade. É indignante, mas não causa surpresa que, diante da iminente vitória de Lula, nas eleições de 2018, um senhor não se peje em se apresentar como intelectual de uma revista sem credibilidade alguma e defenda que o ex-presidente deva morrer. Além de acusações e julgamentos sem provas, a imprensa expõe, escancaradamente, o fascismo da elite covarde para quem deve satisfações. Os velhos proprietários desta terra terceirizam o ódio para que algum energúmeno execute o serviço que incitam, mas não têm coragem de executar. Pior, os argumentos do dito intelectual são os mesmos xingamentos e acusações levianas que a imprensa dos grandes veículos de comunicação usa, desde 2005.

Para todo bom fascista, sua ideia é "incontestável". Atributos como, condenado e culpado podem ser desferidos contra Lula, pelo colunista, a despeito de não existir uma única prova das acusações. Segundo o escritor, o homem que mais e melhor projetou internacionalmente o Brasil, "esgueirou-se das responsabilidades". Lido certamente por um público com sérios problemas cognitivos e desinformado de onde fica o Brasil, o colunista chega ao despautério de chamar o maior líder do Brasil, um dos maiores da América Latina e uma referência mundial positiva, atribuída por líderes como Barack Obama, de "arrivista".

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Leviano, xinga Lula de criminoso e diz que há uma folclorização em torno dele. Um beletrista pago para não enxergar a materialidade das conquistas econômicas, sociais, políticas e tecnológicas dos 13 anos dos governos do PT. Um fascista não reconhece o diferente dele como digno de respeito. O subumano alimentou a horda dos que o consomem, conspurcando a memória da companheira de Lula, Sra. Marisa Letícia. Alguém candidato a intelectual deve elevar o nível do debate e não conduzi-lo a subterrâneos esgotos para angariar apoio de leitores alinhados com essa linha de raciocínio, segundo a qual o oponente pode e deve ser morto.

A liberdade de expressão não pode existir sem uma reflexão sobre a influência da alta concentração dos meios de comunicação, como ferramenta da elite que financia o golpe de 2016, para alcançar objetivos inconfessáveis. O artigo da IstoÉ, assinado por Mário Vitor Rodrigues, é um libelo contra as mínimas condições de inteligência e dignidade exigidas para se oferecer a um debate minimamente qualificado, sem clichês, xingamentos e acusações imorais e inverídicas. Coisas, aliás, às quais não se tem esperado de diferente da mídia grande. Um ódio de classe, mantido escondido até o final de 2014, tem sido diuturnamente inoculado na sociedade.

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Acusam a esquerda de insuflar esse ódio, mas são os veículos de comunicação da elite que produzem esse tipo e nível de debate. Sem deixar claro se essa morte seria política ou física, esse escritor alimenta com um pouco mais de ódio uma fonte de informação raivosa e vazia de debate. Não se sabe o que é mais preocupante, se um escritor que escreve qualquer coisa para se manter numa revista de jornalixo, ou o número de leitores que o acompanham e têm o livre arbítrio de interpretar de qualquer forma, a morte de Lula. Vivemos tempos bicudos e belicosos, quando pessoas estão se matando pelos mais infames motivos.

E não se trata de erro, esses veículos são formados de competentes e inteligentes profissionais. É a recorrente justificativa do fascista, quando não lhe resta argumentos, por exemplo, diante dos fatos de que milhões de pessoas pobres deste País reconhecem Lula como líder. Ou que o golpe de 2016, integralmente apoiado pelos grandes veículos de comunicação, deu a eles o Bolsonaro de presente. O torpe ataque foi deliberado. O intento fica expresso no vazio dos argumentos que justifiquem pedir a morte de alguém. Os grandes veículos de comunicação não flertam, mas são uma intencional expressão do fascismo.

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Essa declaração não pode passar despercebida da crítica qualificada, do campo da comunicação e dos direitos humanos, como mais uma peça da sistemática perseguição à destruição de Lula, como única maneira de impedir que os braços da maioria deste País o consagrem presidente do Brasil, em 2018. É necessário abater o presidente que incluiu o pobre no orçamento e mostrou que o resultado é positivo, sob todos os aspectos. O veículo para quem escreve o colunista é financiado, senão propriedade mesmo do mercado financeiro. Eles devem satisfações aos patrões, desesperados com a escalada de Lula, que ameaça o rico investimento no golpe de 2016.

A atenção do campo da esquerda, existente em todos os espaços políticos institucionalizados, deve ser redobrada para denunciar a instituição do fascismo como relação nesses espaços. Admitir veículo de grande circulação transmitir essa mensagem, sem nada fazer a respeito, é permitir o aprofundamento da legitimação de um Estado fascista, no qual a elite é dona das grandes redes de comunicação. É o irresponsável uso de um poder para causar uma mudança estrutural e traumática, cuja consequência é absolutamente imprevisível, podendo arrastar Brasil até a uma conflagração.

A revista IstoÉ deve ser cobrada das satisfações que deve à sociedade. Ela age como tal, mas não é uma revistinha do bairro, sem contas a prestar.

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