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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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E se aparecer na Vaza-Jato o pacto de Moro com Bolsonaro?

Colunista Moisés Mendes afirma que, se a Vaza Jato revelasse "trama para não só para acabar politicamente com Lula, mas para eleger Bolsonaro e aparelhar o governo", não teria efeito prático. "O brasileiro anestesiado quer se manter afastado dessas verdades", diz. "A negação ainda sustenta o lavajatismo e o bolsonarismo"

Sergio Moro, Lula e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters | Ricardo Stuckert)
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Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

Não é improvável que apareça, em meio às mensagens da Vaza-Jato, uma conversa em que os procuradores de Curitiba dizem sem volteios que a missão deles estaria cumprida se, além de condenar e prender Lula, a força-tarefa elegesse Bolsonaro.

É possível que existam conversas em que eles trocam opiniões sobre o pacto pré-eleição de Sergio Moro com Bolsonaro. E sobre o projeto de infiltrar o juiz no governo e depois no Supremo, para que o Brasil virasse uma grande Lava-Jato.

Não há como duvidar, depois do que foi divulgado, que existam mesmo mensagens diretas e confirmadoras das armações, com direito a gargalhadas. A Lava-Jato era uma fábrica de coisas aparentemente improváveis.

Mas se essas confidências fossem enfim reveladas, é provável também que a repercussão viesse a ser quase nula.

Jornais ditos alternativos, sites e blogs (menos a grande imprensa) divulgam até cinco conversas com os conteúdos criminosos dos lavajatistas, diariamente, há quase dois meses.

As conversas vão revelando relações cada vez mais graves e grotescas. E cada vez mais, apesar da gravidade, as mensagens vão virando paisagem.

Dallagnol pode dizer, como disse, que a delegada da Polícia Federal Erika Marena forjava depoimentos de testemunhas para ajudar os amigos do Ministério Público e Sergio Moro.

Os procuradores podem sugerir, como sugeriram, uma caçada ilegal a parentes de ministros do STJ para assim criar constrangimentos e chegar mais perto de Lula.

A imprensa à margem das corporações de mídia divulga pela manhã, à tarde e à noite conversas de Dallagnol, de Sergio Moro e de seus subalternos. Acordamos e dormimos lendo notícias sobre novas conversas vazadas.

Podemos ser despertados pela manchete do Brasil 247 com as gargalhadas de Dallagnol ao admitir que há muito tempo não tem vergonha na cara.

A ressonância dessas revelações se fecha cada vez mais na bolha que acompanha a divulgação das conversas e talvez só tenha algum efeito real quando interferir, daqui a alguns dias, no processo sobre a suspeição de Moro no Supremo.

Para a maioria, todas essas revelações são como se Dallagnol confessasse, nos despachos com o chefe Moro, que não toma banho todos os dias.

As frases com os ‘kkkk’ de Dallagnol, quando ele confessa atitudes ilegais, e os comentários criminosos dos outros procuradores vão sendo diluídos no pântano da Vaza-Jato.

Se disserem amanhã que Bolsonaro participava das reuniões da força-tarefa e depois se reunia com Sergio Moro, para acertar sua contratação, não acontecerá nada de mais grave.

O Brasil precisa ficar sabendo o que acontecia em Curitiba. Mas a sensação é de que já se sabe muito e que, mesmo assim, não se sabe quase nada. A bandalheira ali produzida já não causa impacto.

Se perguntarem para as pessoas na rua o que elas conhecem da Vaza-Jato, elas dirão que não sabem o que é a Vaza-Jato. Não sabem que a Lava-Jato queria perseguir até filhos de ministros do STJ para impedir que Lula disputasse a eleição.

Virou paisagem a repetição de conversas que comprovam a relação ilegal da Lava-Jato com investigadores da Suíça e dos Estados Unidos.

Assim como já era paisagem e virou natureza morta a denúncia sobre o plano de Dallagnol de criar e gerir uma fundação com R$ 2,5 bilhões da Petrobras.

Se as mensagens hackeadas finalmente revelassem, com sujeito, verbo e predicado, que havia uma trama para não só para acabar politicamente com Lula, mas para eleger Bolsonaro e aparelhar o governo, é possível que a informação, mesmo saída do Jornal Nacional e na voz de William Bonner, circulasse pelas salas dos brasileiros como uma notícia sobre a previsão do tempo.

A classe média não quer saber da destruição da imagem dos seus justiceiros. Quando um dos procuradores levanta, numa das mensagens vazadas, a possiblidade de as ações da Lava-Jato serem tornadas nulas por serem ilegais, Dallagnol rebate: isso só acontecerá “se perdermos a opinião pública”.

Era preciso manter o povo enrolado ao lado deles, para que pudessem trabalhar como facção criminosa e sem medo, porque com apoio popular. A opinião pública seria o habeas para que agissem como mafiosos.

Eles também queriam manter e mantiveram o Supremo sob controle. Supremo, imprensa e opinião pública estiveram com Moro e Dallagnol todo o tempo, por cinco anos.

Os brasileiros não aceitam a desilusão com a Lava-Jato. A maioria ainda não consegue sair do transe, o que teria altos custos emocionais, pela admissão íntima da vergonha de que quase todos foram enganados.

O brasileiro médio, principalmente o que votou em Bolsonaro, não quer saber de detalhes com as provas de que a força-tarefa era uma quadrilha.

O brasileiro anestesiado quer se manter afastado dessas verdades, longe das conversas denunciadoras da podridão de Curitiba. A negação ainda sustenta o lavajatismo e o bolsonarismo.

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