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Robson Sávio Reis Souza

Doutor em Ciências Sociais e pós-doutor em Direitos Humanos

159 artigos

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Ecos das jornadas de 2013

O cientista político Robson Sávio afirma, sobre as jornadas de 2013, que "a não ser que Lula tenha dados ou elementos objetivos para comprovarem sua tese (e talvez os tenham)", de que o governo dos EUA teve participação, discorda da tese. "Não há elementos que corroboram a tese segundo a qual as manifestações de 2013 foram o primeiro ato do golpe de 2016", diz

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O ex-presidente Lula, em recente entrevista, disse que os EUA estavam por trás das jornadas de junho de 2013 a articularem um movimento golpista. Essa análise reacendeu um grande debate, nas redes sociais, sobre esse período intenso da vida sociopolítica brasileira.

A não ser que Lula tenha dados ou elementos objetivos para comprovarem sua tese (e talvez os tenham) discordo da análise do ex-presidente.

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Não há elementos que corroboram a tese segundo a qual as manifestações de 2013 foram o primeiro ato do golpe de 2016.

As jornadas de 2013 foram um grito libertário, um movimento de massas, relativamente espontâneo e com certos limites, de uma população predominantemente urbana, que não se contentava com uma democracia de mentirinha (apesar dos avanços sociais desde 1988 e principalmente nos governos petistas, o povo queria mais e melhores políticas publicas; exigia mais participação e demandava rupturas com as velhacas estruturas dos sistemas econômico e político brasileiros).

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Naquele momento, os segmentos de elite das esquerdas, encabeçados pelo PT (no governo federal), preferiram apostar na institucionalidade, no status quo, na "lei e na ordem" para enfrentarem os clamores revolucionários da população. E perderam a oportunidade histórica de propor mudanças estruturais (para além das importantes políticas incrementais) que historicamente fazem do Brasil um dos países mais desiguais, violentos e injustos do mundo. 

Paradoxalmente, as esquerdas que sempre discursaram contra o sistema, optaram por proteger o sistema. 

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O resultado foi a capturação de muitas das legítimas demandas por mudanças da população pela direita. Num segundo momento, a partir do discurso antissistema e golpista de Aécio Neves, em 2014 (que não aceitou a institucionalidade, ou seja, o resultado das urnas), a direita, vitaminada pela mídia, começou a assumir o debate público e as ruas do Brasil.

Agora, não adianta ficar querendo eleger um bode expiatório para explicar a assunção da extrema direita protofascista como resultado externo aos desacertos cometidos à época por quem estava no centro do poder.

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É claro que os EUA (departamento de justiça, CIA, think tanks...) e seus parças brasileiros (banqueiros, a turma do pato amarelo, latifundiários, reacionários da classe média...) souberam aproveitar da incoerência entre a teoria e a prática (ou seja, da reação pro-establishment ao invés da proposição de mudanças) da esquerda para proporem pseudonarrativas de mudanças e arquitetarem o golpe de 2016 (com Temer, parlamento, lavajatismo e "com o supremo com tudo"), possibilitando, com diversas traquinagens, em 2018, a eleição do governo mais esdrúxulo da história republicana.

Que 2013 sirva de aprendizado. E não de desculpas...

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