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Mauro Passos

Engenheiro, ex-deputado federal pelo PT/SC, e presidente do Instituto Ideal

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Eles sabem o que fizeram - parte III

Ao abrir a boca o coronel Cid deixou o capitão sem ação

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (Foto: Edilson Rodrigues-Agência Senado)

O então ajudante de ordem do capitão Jair, Mauro Cid, não aguentou a pressão. Ao abrir a boca o coronel Cid deixou o capitão sem ação. Com as informações nas mãos, o cerco se fechou. A Polícia Federal convocou para depor, dia 22/2, o ex-presidente e sua tropa de choque. Pela responsabilidade e repercussão internacional do caso, dificilmente a PF deixou algum fio  solto. A sociedade está atenta e aliviada pelo fracasso do golpe. O Brasil respira e quer democracia, agora é fechar a porta do atraso e seguir em frente. 

A volta da normalidade pôde ser observada na tarde de ontem em Brasília. No mesmo dia que o capitão e seus generais, optaram por ficar em silêncio no inquérito da Policia Federal, sobre o golpe de 8 de janeiro, Flavio Dino que teve um importante papel protegendo a democracia, tomava posse como ministro do Supremo Tribunal Federal.

O fato de que nada do ocorrido balançou o país, é muito positivo. O Brasil tem encarado seus desafios, que não são poucos, com uma grata maturidade que só vem com o tempo. Se o silêncio dos depoentes foi uma estratégia de seus advogados, a leitura a ser feita é que nada tinham a acrescentar nas suas defesas. Em outras palavras, o que está gravado são provas irrefutáveis da gravíssima opção que fizeram: tramaram à luz do dia dentro do Palácio do Planalto, sede do Poder Executivo, contra a própria Democracia. 

Quando o coronel Cid foi preso, já estava traçado o destino do capitão e sua turma. Cid sabia demais, só que a sua aparente fidelidade não aguentou dois meses de prisão. Ao abrir a boca expôs todo o grupo. Ainda sem ter sido julgado, Cid já está pagando a sua pena no isolamento de dias intermináveis e no vazio de suas noites de insônia. O coronel provavelmente se inclui na lista daqueles que o general Braga Neto vem chamando de cagões, são seus pares de farda que gostavam do lugar que ocupavam e das benesses que recebiam. Segundo Braga Neto, quando precisou do apoio deles roeram a corda. 

A surpresa do dia 22 ficou por conta de Valdemar da Costa Neto e Anderson Torres, que deixaram os fardados isolados. Ambos resolveram responder as perguntas da PF sinalizando a disposição de colaborar com o inquérito. Provavelmente orientados por seus advogados, o que se espera são novas versões sobre a gravidade do que os golpistas tramavam no Palácio. Eles sabem o que fizeram.    

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.