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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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Entra água na 'caixa preta' do governo

Vista do Palácio do Planalto (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)
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É costume reconhecer que, no Brasil, o mês difícil para a política, o das bruxas soltas, é agosto. Foi assim com a queda de Vargas e, depois, com várias turbulências que, se não vitimaram, desequilibraram os jogos de poder. Pois estamos em julho e a sucessão de dissabores desaba sobre o cenário no Planalto Central, deixando os olhos marejados e a mente inquieta, sem saber para onde se voltar. O céu não está para brigadeiro, apesar da quantidade de militares envolvidos na administração pública. No avião que ainda não caiu, procura-se o mais difícil: uma ‘caixa preta’ onde ainda não tenha entrado água. Foi-se o Presidente da Caixa Econômica, o Pedro Guimarães, acusado de assédio sexual por várias mulheres. Uma sucessão lamentável de eventos e má condução da coisa pública. O ex-Ministro Mílton Ribeiro obteve um refresco com um habeas corpus, mas continua como alvo das atenções e, pelo que se imagina, pelo que sabe e guarda, pode comprometer o Presidente Bolsonaro. Finalmente, no Senado, prepara-se uma CPI para investigá-lo e desvendar o caminho das verbas do FNDE, sumindo entre os dedos de pastores. Como autoproteção já se mobiliza o “eterno” 01, o Flávio Bolsonaro, armando-se até os dentes para impedir, dissolver ou neutralizar as acusações de corrupção. E ainda não chegamos a agosto. 

Para uma administração que se dizia limpa, virgem de sujeiras, não ficamos com a impressão de que o avião voa e a ‘caixa preta’ permanece intacta. Enquanto isso, as eleições se aproximam, o mapa das disputas se inclina para a esquerda de Norte a Sul do Continente e os esquemas de defesa apresentados a Biden ou na cena interna não dão a impressão de funcionar. Limitam-se a irritar e criar problemas, como aconteceu com a Bolívia, na qual a ex-golpista Janine Añez, condenada a dez anos de prisão pela Suprema Corte, a quem Bolsonaro oferece asilo não se sensibiliza com o aceno e ainda cria embaraços com um país amigo, com o qual temos excelentes relações comerciais. 

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É um céu de brigadeiro? Não parece. Rapidamente mobilizam-se quadros experientes para localizar e, se possível, esconder a ‘caixa preta’ de olhos indiscretos. O problema é que, quando as bruxas se soltam, ninguém dá a impressão de se mostrar suficientemente bom para segurá-las. Elas riem, escondem a cara, mas continuam de prontidão, prontas para intervir. A sondagem nas pesquisas, com vistas ao pleito que se aproxima, não mentem. Se entra água em toda parte, não entrará também na ‘caixa preta’? Examinar o céu e rezar para que as tempestades de afastem não garante fórmulas mágicas capazes de fazer cessar o salve-se quem puder de um governo onde o precioso líquido invade os andares, subindo porão acima. 

Não há como não reconhecer as qualidades de Jair Bolsonaro para aparecer cotidianamente nas manchetes e assim continuar vivo. Que fique vivo, então, não obstante tristemente famoso. É certo que a nação se volta para outro lado, atenta e pronta para despertar da longa letargia. Somente assim, tornaremos a entrar no concerto entre as nações, de cabeça erguida, com os pés plantados no chão e com a espinha ereta para nos aprumar e escolher um destino melhor.

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