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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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Entre o labirinto e o beco sem saída

"Mandetta sai com a imagem fortalecida, e quando se confirmar a tragédia que emite robustas pistas de ser inevitável e voraz, seu peso despencará sobre Jair Messias. Nelson Teich deixou logo de saída a razão de ter sido escolhido: declarou alinhamento absoluto com o presidente", escreve o jornalista Eric Nepomuceno

Solenidade de posse do ministro da Saúde, Nelson Teich (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 

Nesta sexta, 17 de abril, assumiu o novo ministro de Saúde do governo de Jair Messias. Trata-se de um oncologista vinculado, a exemplo de Mandetta, o antecessor fulminado um dia antes, ao setor privado de saúde.

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Nelson Teich tem experiência em administrar hospitais e consultórios caríssimos. Já de sistema público, nem pensar.

No dia da sua estreia ministerial foram conhecidos os novos números da pandemia: de acordo com os dados oficiais, os mortos chegaram a 2.141 e os contaminados, a 33.600.

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Não são números fiáveis: como os testes são aplicados em quantidades absurdamente ínfimas, os médicos e a comunidade cientifica consideram que o número real seja de entre dez e quinze vezes mais. 

Estamos no comecinho da curva ascendente, que deve ganhar impulso a partir de agora e chegar no auge lá pela segunda quinzena de maio ou o começo de junho.

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Trocar de ministro no meio de semelhante quadro parece coisa irresponsável de algum demente. 

E é exatamente do que se trata: já não mais a cada semana, mas a cada dia Jair Messias reitera que estamos todos submetidos a alguém debaixo das oscilações absurdas e irresponsáveis de um psicopata. A melhor prova é a troca de ministros num quadro de caos.

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Mandetta tem, é verdade, boa parte da responsabilidade por esse quadro. Levou meses e meses como ministro tratando de pôr limitações e mordiscar recursos para o SUS. 

Afinal, digníssimo representante do setor de planos de saúde e seus preços escorchantes, tinha de ser leal às suas raízes.

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Demorou além da conta para começar a se mexer para enfrentar o quadro tenebroso que se desenhava na sua frente. 

Mas também é verdade que, quando começou, se mexeu no rumo certo, embora com falhas do tamanho de um dromedário.

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Passou a seguir as orientações não apenas da Organização Mundial da Saúde, mas de todo o mundo científico, médico e lógico. 

Assim, se manteve em posição absolutamente oposta a Jair Messias e sua postura irracional e genocida.

Podia e devia ter sido expurgado antes, pela lentidão. Mas foi por seus acertos, que elevaram sua popularidade, que passou a ser o alvo central do rancor e da inveja irrefreável do presidente.

Resultado: Mandetta sai com a imagem fortalecida, e quando se confirmar a tragédia que emite robustas pistas de ser inevitável e voraz, seu peso despencará sobre Jair Messias. 

Nelson Teich deixou logo de saída a razão de ter sido escolhido: declarou alinhamento absoluto com o presidente.

Há um problema sério: essa figura obscura, sem vestígios de experiência no serviço público de saúde, assume quando hospitais em São Paulo, Rio, Manaus e Fortaleza se aproximam do colapso.

Teich confessou que vai precisar de uns quinze dias para ficar a par da situação e do funcionamento do ministério.

Ao ritmo de uns duzentos mortos por dia, isso quer dizer que daqui a uns três mil e poucos cadáveres ele terá começado a tomar pé da situação. Isso, de acordo com os dados oficiais. Porque de acordo com os projetados, será sobre uma pilha de uns trinta e poucos mil.

Esse panorama sufocante coincide com outro, assustador: a turbulência cada hora mais violenta no cenário político.

Jair Messias, cada vez mais sem norte nem rumo, oscila entre o isolamento absoluto e a tutela dos fardados e empijamados que o rodeiam.

A esta altura do caos, conseguiu a façanha de se indispor de vez com o Congresso, com parte substantiva do Supremo Tribunal Federal, com governadores e prefeitos país afora, e até mesmo com os meios hegemônicos de comunicação que foram essenciais para que ele chegasse onde chegou. 

O expurgo de Mandetta deixou claro que a sufocante maioria dos ministros deste governo esvaziado se reduziram a figuras ou inócuas, ou patéticas, ou abjetas, ou tudo isso ao mesmo tempo.

O que temos hoje em Brasília é qualquer coisa, menos governo.

Daí que soe tão inquietante uma frase do vice presidente, general Mourão: “Está tudo sob controle. De quem, não se sabe...”.

Enquanto o combate ao corona perambula num labirinto confuso e escuro, Jair Messias e sua tropa se metem mais e mais num beco. 

Resta ver se haverá saída.

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