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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Era uma vez uma República

"Uma presidenta que não cometeu nenhum crime que justificasse o impeachment, absolutamente honesta, sem nenhuma acusação de corrupção em meio a políticos via de regra comprometidos com a corrupção, é substituída, mesmo se interinamente, por um vice-presidente, esse sim, acusado de corrupção, ficha suja, que nomeia governo povoado de corruptos. E que se põem a desmontar tudo o que foi construído por governos eleitos quatro vezes sucessivas pelo voto democrático do povo", diz o colunista Emir Sader, sobre o golpe de 2016, que instalou Michel Temer e sua turma no poder

Brasília - DF, 23/05/2016. Presidente Interino Michel Temer durante reunião com Presidente do Senado Federal, Renan Calheiros. Foto: Beto Barata/PR (Foto: Emir Sader)
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O restabelecimento da democracia, depois dos mais de 20 anos de ditadura tinha significado, entre outras coisas, a retomada dos poderes republicanos. Executivo desmilitarizado, Legislativo e Judiciário soberanos.

Sabíamos da precariedade desses poderes, especialmente da falta de representatividade do Parlamento, em que o poder econômico nas campanhas elegeu sempre a representantes que são o inverso e não o espelho da sociedade, como deveriam ser. O Judiciário mantinha certa imagem de poder autônomo.

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A crise política atual representou o striptease dos poderes republicanos. O executivo está sendo alvo de um golpe, que lhe priva dos poderes conquistados pelo voto popular nas eleições presidenciais de 2014.

Uma presidenta que não cometeu nenhum crime que justificasse o impeachment, absolutamente honesta, sem nenhuma acusação de corrupção em meio a políticos via de regra comprometidos com a corrupção, é substituída, mesmo se interinamente, por um vice-presidente, esse sim, acusado de corrupção, ficha suja, que nomeia governo povoado de corruptos. E que se põem a desmontar tudo o que foi construído por governos eleitos quatro vezes sucessivas pelo voto democrático do povo.

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O Legislativo aprova um impeachment sem nenhuma configuração de crime de responsabilidade. Um Congresso que envergonha o pais pela sua composição, em que tantos que votaram contra a presidente foram em seguida punidos por corrupção, que foi presidido pelo mais corrupto dos políticos brasileiros, que ainda mantém seu mandato e sua liberdade.

E o Judiciário assiste a tudo calado, cúmplice com o golpe. Que permitiu que o politico mais corrupto do Brasil presidisse o impeachment, adiando seu processo, até que tivesse cumprido o papel sujo de um procedimento golpista. Que permite que seus membros atuem politicamente, de forma absolutamente parcial, ao mesmo tempo que negociou polpudos aumentos com o próprio então presidente da Câmara, corrupto maior entre os corruptos. Que tomou decisões absurdas contra o Lula, enquanto até hoje o mais corrupto dos políticos ainda goza do seu mandato e das benesses que o acompanham. Que permite que um procurador, militante tucano, assim como um dos membros do STF, se declare cínica e hipocritamente imparcial para acusar, tentar prender e querer julgar o Lula.

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Não é apenas o sistema politico que tem que ser democratizado no Brasil. O Judiciário não pode mais existir com mandatos vitalícios, sem nenhum controle democrático da cidadania. Numa democracia, não pode haver instâncias autonomizadas, sem controle cidadão.

A república, precariamente reinstaurada depois da ditadura, entrou em colapso. A restauração da democracia no Brasil precisa de uma republica cidadã, eleita e controlada democraticamente pela cidadania.

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