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Heraldo Campos

Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña - UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

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Estamos em guerra

Se a tropa de militares comissionados no governo que embarcar nessa excursão pedagógica tiver um mínimo de paciência, quando chegar ao Pinatubo, quem sabe não terão o prazer de assistir uma manifestação geológica dele, como uma comprovação definitiva de que a Terra é realmente plana. A viagem pode ser longa, mas vale a pena. E, por favor, levem o chefe junto

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Estamos em guerra.

“Em vez de sofrer cortes, como outros ministérios, recursos para as Forças Armadas subiram e chegaram a 8,32 bi; para a área de saúde, houve um aumento de apenas R$ 1,2 bi em relação ao projeto que foi enviado no ano passado”, noticiou o “Estadão” em 23/03/2021. 

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Bacana, isso, não?

O pessoal da linha de frente da saúde, que vive um estresse diário absurdo nos hospitais, como também alunos e professores sem acesso à internet, não chegam nem perto dessas contas.

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Parece que “vamos muito bem, obrigado” nas áreas da saúde, da educação e do meio ambiente e que os servidores civis que trabalham nesses setores “supérfluos” da nossa “promissora sociedade” devem estar vivendo numa boa, com um bom estoque de “leite condensado” para suas necessidades básicas. 

Diga-se de passagem, que não chegamos nessa situação, em que se privilegia a corporação do presidente da república, por acaso. A nossa “promissora sociedade”, que gosta e venera qualquer cidadão de farda para chamar de seu, votou no “mito” para colocar os militares num projeto de permanência de, pelo menos, uma geração no poder. 

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Na minha modesta opinião, do setor militar, somente deveriam existir o pessoal do Corpo de Bombeiros e das Bandas de Musicas para se ouvir umas marchinhas de carnaval, uns chorinhos e os clássicos do Glenn Miller. Fora isso, com todo respeito, não vejo muita função para as outras categorias a não ser ficar assistindo, indignado, o aparelhamento do estado, como a ditadura que aí está funcionando a todo o vapor.

Para interromper esse processo insano, concordo plenamente com o Fernando Haddad, que perguntou faz pouco tempo, depois de saber o resultado de uma pesquisa de opinião: "Que tal uma eleição?"

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No entanto, entendo que esperar a eleição de 2022 é muito tempo e não teremos saúde para aguentar o tranco, se esse não for mesmo o plano do governo de plantão. Por que não antecipar as eleições utilizando-se as vias legais do Tribunal Superior Eleitoral e do Congresso Nacional para isso? 

A cassação da chapa militar eleita, a elaboração de regras e calendário, entre outros assuntos correlacionados, teriam que entrar logo em discussão nos poderes judiciário e legislativo, porque motivos existem de sobra para uma movimentação nesse sentido. Ou existe algum impedimento constitucional para que as eleições não possam ser antecipadas, se os trâmites legais forem respeitados?

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Por exemplo, o trecho da “Nota da Defesa do Presidente Lula” de 23/03/2021, emitida logo após o final julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre o caso da suspeição do juiz de Curitiba, aponta um bom motivo para antecipar as eleições: “Os danos causados a Lula são irreparáveis, envolveram uma prisão ilegal de 580 dias, e tiveram repercussão relevante inclusive no processo democrático do país.” 

Aliás, o processo democrático do país, que vem sendo atropelado diariamente, nos faz lembrar um programa humorístico que passava na TV aberta, nos anos de chumbo da década de 70, que era o “Faça Humor, Não Faça Guerra”. Nesse programa tinham dois louquinhos, o Lelé e o Da Cuca, interpretados pelos humoristas Jô Soares e Renato Corte Real. 

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No hospício que virou o Brasil hoje não temos mais esses dois personagens inventados e a loucura é bem real. Hoje são mais de 300 mil os mortos por causa do coronavírus. Assim, como o dia 31 de março se aproxima, data que os militares gostam tanto de lembrar, fica aqui uma sugestão comemorativa: por que eles não se cotizam, fretam um navio de cruzeiro com exclusividade, e partem para uma excursão rumo ao Pinatubo?

Se a tropa de militares comissionados no governo que embarcar nessa excursão pedagógica tiver um mínimo de paciência, quando chegar ao Pinatubo, quem sabe não terão o prazer de assistir uma manifestação geológica dele, como uma comprovação definitiva de que a Terra é realmente plana.

A viagem pode ser longa, mas vale a pena. E, por favor, levem o chefe junto. 

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