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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Estamos todos na mesma montanha-russa

"Estou me sentindo exatamente assim desde que esse vírus infestou o Brasil. Girando sem rumo, dia após dia, num carrinho da montanha-russa em que todos fomos obrigados a embarcar", escreve o jornalista Alex Solnik

(Foto: Reuters)
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

Nunca gostei de montanha-russa. Nada contra a Rússia nem contra Putin. Nos parquinhos de diversões sempre preferi atrações mais inofensivas, como os carros de batida. A primeira e única vez que encarei uma foi na Disney, em Orlando.

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Era 1983. Minha viagem a Washington, onde fui cobrir uma reunião do FMI, obrigava a uma escala naquela cidade. O voo para Nova York, de onde eu seguiria para a capital, sairia no dia seguinte. Não tinha o que fazer, fui à Disney. E resolvi subir numa das mais altas montanhas-russas do mundo.

A experiência foi terrível. Meu estômago revirava, meus pulmões saltavam para fora, perdi completamente o controle sobre meu corpo. Meu rosto deveria estar todo desfigurado, retorcido pelo vento que levantava meus cabelos.

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A cada curva para cima ou para baixo aumentava meu pavor. Vamos conseguir subir? Vamos conseguir descer sem explodir? De vez em quando eu me perguntava: o que estou fazendo aqui? Sentia todos os desconfortos possíveis, angústia, ânsia de vômito, vontade de pular pra fora, mas como?

O barulho infernal das rodas sobre os trilhos e dos gritos histéricos dos demais passageiros ajudava a criar um clima de terror. E a viagem não acabava nunca. Não sei como as pessoas podem gostar disso. É a pior coisa do mundo a se fazer quando não há nada a fazer. Ficar preso num carrinho que te leva para onde ele quiser e não aonde você quer e que toma impulso para cima bem devagar somente para despencar em velocidade indescritível do outro lado. Você está entregue ao destino, não tem como intervir na situação. Está nas mãos de Deus. Quando a coisa parou e eu desembarquei me senti o cara mais feliz do mundo.

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Estou me sentindo exatamente assim desde que esse vírus infestou o Brasil.

Girando sem rumo, dia após dia, num carrinho da montanha-russa em que todos fomos obrigados a embarcar.

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Costuma-se dizer, em momentos de emergência, que estamos todos no mesmo barco.

Acho que, dessa vez, estamos todos na mesma montanha-russa.   

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