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Marilza De Melo Foucher

Economista e jornalista. Colabora com o Brasil 247 e outros jornais no Brasil, é colaboradora e blogueira do Mediapart em Paris

75 artigos

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Faltam poucos dias para resgatar a esperança

Somente o ativismo social articulado com a "militância" de base pode abrir uma oportunidade que seja promissora para reabilitar outro modo de fazer política

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Eu, como teimosa utópica, sempre digo que tenho dois desafios na vida: levar a inquietude e a tristeza para conviver com a alegria e nunca perder a teimosia dos utópicos! Minha esperança passou por maus momentos, todavia, ela nunca ficou cansada. Acredito como o querido saudoso amigo Dom Helder que a soma de sonhos coletivos sempre se transformará em realidade. 

Penso sempre nos amigos e amigas semeadores da utopia do possível, muitos morreram e outros continuam no embate político por um planeta mais saudável. Juntos trilhamos muitos caminhos de pedras, porém, nesses caminhos áridos as flores também brotam... Desafiamos a ditadura, a democracia foi conquistada, muitos sonhos se tornaram realidade. O tempo foi passando e não percebemos, nos tornamos avôs, avós, bisas, mas, nossos ideais não envelheceram e jamais desistiremos da luta por um outro mundo possível. Conosco novos atores emergiram dispostos a mudar o mundo. O sonho de um mundo melhor continuou. Estávamos muito confiantes que este paradigma a ser conquistado nunca teria interrupção. Essa foi a minha geração de combates e embates.

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Conseguimos eleger um operário metalúrgico para presidente do Brasil. Às vezes, nos perguntávamos como este pequeno operário e sua equipe conseguiram governar um país de dimensão continental dentro das normas republicanas, sem grandes conflitos que pudessem paralisar o funcionamento da democracia. O Brasil saía da periferia para ser um ator influente na cena internacional graças aos governos de Lula e Dilma. Os artesãos de um mundo para todos estavam conscientes do papel que o Brasil podia jogar diante de um mundo que poderia ser multipolar. Todos esses avanços perturbam a estratégia política dos conservadores de direita no Brasil e no mundo das grandes potências.

A chegada de um brasileiro de origem pobre ao poder chegou a ser tolerada por eles, até o momento em que os invisíveis passaram a ser sujeitos e a exigir reformas estruturais que somente a longo prazo seriam possíveis. Essa passagem do excluído ao incluído, do ator local ao ator do exercício da cidadania é um processo lento...Muitos atores da nova sociedade civil vão exigir novos direitos e já não mais aceitam “reformetas”, eles querem reformas sociais e políticas. As tentativas de mexer com os alicerces da Casa Grande para reconstruir um novo projeto de sociedade abala a elite econômica dominante. Os governos do PT passam a ser uma ameaça. O Lula consegue colocar a primeira mulher no poder. A Presidente Dilma é reeleita em um clima de muita tensão. O novo projeto de sociedade não pode corroer os esteios da Casa Grande. Novos caminhos de pedras surgiram e se tornaram quase inacessíveis para os novos atores da cidadania ativa. No meio de muitos sonhos chega o pesadelo... 

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Esquecemos que os donos da Casa Grande no Brasil continuavam existindo e dominando este imenso território. Esquecemos que eles adquiriram todos os meios de comunicação. Ganhamos 4 eleições presidenciais e nada fizemos para garantir sua pluralidade, quando em todos os países democráticos do mundo existem organismos reguladores. Esquecemos também de analisar que o modelo neoliberal estabelece uma governança mundial e cria bases para uma ideologia. Serão justamente a posse dos meios de comunicação que servirão de propagação mundial desta nova ideologia.  

A sociedade que não tinha medo de ser feliz e que almejava criar elos sólidos de fraternidade e de paz social vai ter seus caminhos bruscamente interrompidos! A cidadania política que se pensava ter conquistado era uma simples ilusão. Uma bruta barreira surgiu e o sonho de um novo amanhã virou pesadelo.

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A utopia do possível se transformou em distopia. Inicia-se um processo de despolitização do povo com o apoio do jornalismo da desinformação, as informações são fabricadas e truncadas com o objetivo de enganar e incitar a terceiros a acreditar nas mentiras, além de colocar em dúvidas fatos verificados. Os que produziram esta estratégia de comunicação enfraqueceram muitas democracias. No Brasil em que a mídia era concentrada nas mãos de poucas famílias da elite dominante, esta estratégia era de grande alcance no território nacional, os jornalistas de outra mídia chamada de alternativa que iam contracorrente não tinham o mesmo alcance do público e nem recursos financeiros. Com a internet, as mentiras se propagam com velocidade inédita. Assim, foi muito fácil a desconstrução dos governos petistas de colizão, assim como, das conquistas sociais que beneficiaram aos mais pobres. O ódio passou a ser disseminado e faz ressurgir uma sociedade violenta e ignorante. 

Os herdeiros da cultura da Casa Grande se aliam aos fascistas, aos fundamentalistas, ou seja, aos piores grupos que existiam na sociedade brasileira. Eles contribuíram para a ascensão ao poder dos ignorantes psicopatas, fascistas os quais a convivência fraternal se torna impossível. Elegeram seu mais digno representante na presidência da república! 

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Não irei alongar esta reflexão repetindo o que eu já escrevi e outros já escreveram sobre o segundo mandato do governo Dilma (2014). Era a quarta eleição ganha pelo PT. Inconformados, todas as arapucas foram montadas para dificultar sua governabilidade. Apesar da tentativa da Presidenta em coabitar com os detentores do poder econômico, a crise mundial e a coligação que ela detinha no parlamento foi rompida e não lhe deram tranquilidade para governar. Em agosto de 2016 é deflagrado o golpe. Seu Vice-Presidente será o principal responsável pela manobra de destituição junto ao parlamento. A ascensão do traidor à presidência vai desmoronar as bases das conquistas sociais bloqueando todos os gastos sociais por 20 anos; Em seguida a implementação do método Lawfare para obter a prisão de Lula e impedir que o favorito em todas as sondagens de opinião para as eleições de 2018 pudesse se candidatar. 

Não havia força popular para que as instituições pudessem cumprir o seu papel constitucional. O Judiciário vai ser então um dos protagonistas do caos Brasil, a maioria de seus membros optam pela judicialização da política e deixaram o espaço político ser dominado pelos juízes e promotores que viraram inimigos do PT e do Lula. Eles mudaram as regras constitucionais do direito para prender o ex-presidente do Brasil, criando um estado de exceção que levou à prisão arbitrária do maior estadista brasileiro, o Lula da Silva.

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O novo presidente eleito se torna uma vergonha e o Brasil deixa a cena internacional.  

As desigualdades passam a ser normalidade para perenizar os modos e costumes da cultura da Casa Grande. Com o golpe e os governos de Temer e Bolsonaro essa elite brasileira conservadora se vê fortalecida.

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Ao longo da história da sociedade brasileira, essa maldita herança da Casa grande continuou intacta, nela se forja uma elite dominante que sempre banalizou o racismo, sempre aceitou a miséria e pobreza de milhares de brasileiros. Os negros, os índios, os homoafetivos, os favelados deveriam continuar aceitando como normal todas as formas de discriminações. A maioria invisível não podia corroer os esteios da Casa Grande. 

Minha geração, certamente cometeu erros pela pressa de mudar a sociedade, o que é normal em qualquer ser humano. Todavia, a percepção da realidade dos fatos e do mundo das fake nos leva a tirar lições sobre o nosso percurso político, sobre o nosso percurso de vida. Para os que exercem cargos políticos, as exigências com o exercício do poder é sempre um aprendizado e é uma maneira de aprender sobre si mesmo e se recuperar. O Presidente Lula tem uma capacidade de escuta, muita experiência com o poder e humildade de rever seus erros. Não existe no Brasil um homem político mais difamado e perseguido do que o Lula, ao ponto de ser preso injustamente e ser privado de sua liberdade durante quase dois anos. Hoje temos a oportunidade de trazer de volta o operário metalúrgico para governar, cuidar do povo brasileiro, como Lula hoje define hoje sua governabilidade. Hoje o Brasil tem uma escolha vital, ou a Paz Social, a fraternidade entre os povos, um desenvolvimento territorial solidário e ecológico com uma democracia participativa, ou a barbárie, a morte, o fascismo com a teocracia dominado pelos fundamentalistas religiosos e por milicianos capazes de desenvolver uma guerra civil. A escolha é fácil, é só votar no 13 e em seus aliados para ter um novo Congresso comprometido com os interesses do povo e da nação brasileira.

Temos que reencontrar o sentido nobre da política, que permite a uma comunidade agir sobre si mesma, sem perder a visão do interesse geral. Nesse período eleitoral é urgente fazer uma limpeza eleitoral na Casa do Povo. Eleger candidatos que sejam representativos da sociedade brasileira, comprometidos com os interesses coletivos do povo, com o estado de direito e a defesa da soberania nacional e do meio ambiente. A democracia precisa de cidadãos realmente ativos, de líderes e representantes dotados de capacidade de ação para o bem comum e de senso político. As instituições republicanas precisam ser sólidas e respeitadas, dando vida aos valores coletivos e garantindo sua transmissão. Se a democracia representativa vai mal, a culpa não é só dos políticos, a política é inseparável do exercício da cidadania.

Somente o ativismo social articulado com a "militância" de base pode abrir uma oportunidade que talvez seja promissora para reabilitar outro modo de fazer política no Brasil. É urgente estabelecer o diálogo direto para tirar o exercício da cidadania da letargia. Chegou a hora de garantir a volta dos sonhos e a utopia do possível para a volta de Lula desde o primeiro turno.

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