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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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Feminicídio contra a democracia

"Quem ameaça mulher, é capaz também de ameaçar a Democracia", afirma Miguel Paiva. "A Democracia, não por acaso, é um nobre substantivo feminino. Na realidade deveria ser uma substantiva feminina. Um dia será"

Ilus Democracia (Foto: Miguel Paiva)
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Por Miguel Paiva, do Jornalistas pela Democracia

Quem ameaça mulher, é capaz também de ameaçar a Democracia. É claro. A Democracia, não por acaso, é um nobre substantivo feminino. Na realidade deveria ser uma substantiva feminina. Um dia será. Mas é o caso de se refletir um pouco sobre as semelhanças entre as virtudes da Democracia e as características do gênero feminino.

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A democracia se coloca antes de tudo contra o enganoso argumento da vontade do povo referendando todas as questões. A democracia entra justamente aí para organizar a suruba política. O povo não deve e não pode decidir tudo através do quero ou não quero. Ele elege seus representantes e, idealmente, esses representantes debatem as diferenças e chegam a um consenso que vira lei, decreto ou até mesmo a constituição. Se deixar o povo decidir cada passo desta maneira simplista e autoritária, que não respeita as diferenças, vai parecer aquela casa onde a mãe, enquanto autoridade, sumiu e o vale tudo se instalou. 

Essa mesma figura feminina que é a democracia talvez não seja a chamada Mulher Ideal, mas é sensível e sensata o bastante para usar sua inteligência em administrar essa Casa da Mãe Joana que é um país. Outra figura feminina, esta mais pejorativa, digamos assim. Mas para um certo tipo de homem, inclusive os que estão governando o Brasil e a maioria daqueles que o colocaram lá, a democracia é uma vagabunda, vadia como eles gostam de chamar, vaca como eles gostam de agredir, uma Mãe Joana. Eles pensam assim e faz sentido. 

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O que está acontecendo no Brasil com o governo Bolsonaro e, coincidentemente, o aumento do número de casos de feminicídio mais o que aconteceu nos Estados Unidos com o estupro coletivo da democracia pela turba louca do Trump no Congresso prova isso e nos impõe o uso emergencial da Lei Maria da Penha Política, no caso, o impeachment.

Temos que combater a desconsideração, a exploração, a agressão, o assédio, o estupro, a traição que esses homens vêm cometendo contra a democracia e contra as mulheres. Podemos incluir também a Natureza, outra substantiva feminina tão ameaçada, tão violentada e coincidentemente, tão desconsiderada pelas mesmas pessoas que desconsideram as mulheres.

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É uma analogia que não para. E faz sentido. Já está mais do que na hora do mundo ser administrado pelas mulheres. A semelhança entre o modo feminino de ser e a democracia nos ensinam que este é o caminho. Do mesmo jeito que as mulheres tiveram que radicalizar, muito justamente, seu discurso e suas atitudes para conquistar o tão falado (sem trocadilhos) lugar de fala a democracia também passou por diversas lutas que a História nos relata para se aperfeiçoar. Ela é falha, mas é a melhor maneira de se governar uma população. Existem democracias mais evoluídas, mais justas e outras ainda engatinhando ou até mesmo, como vimos esses dias, enganando seus seguidores. Mas essas são as já citadas democracias violentadas. Querem evoluir para virar ditaduras. Na realidade a ditadura é uma democracia amordaçada, como uma mulher escravizada, presa num sotão escuro obrigada a trabalhar para homens que a controlam e a exploram. A analogia continua e podem seguir. É bastante esclarecedora.

Antes que certos homens cometam feminicídio contra a democracia, precisamos aprofundar esses princípios para melhorarmos como seres humanos. É para começar em casa, abrindo mão de qualquer resquício de machismo estrutural. É para desconstruir, destruir mesmo, essa maneira de pensar que herdamos dos nossos pais, da igreja, da sociedade em geral e ouvir o que as mulheres e a democracia têm a dizer. Claro que nem todas as mulheres tem o espírito democrático azeitado. Ainda precisam aprender. Assim como a democracia que também não é perfeita. Ainda tem muito a evoluir, mas um dia chegaremos lá, com as mulheres e com a democracia para que possamos falar, aprender, ouvir e transformar. Coisas que tanto as mulheres quanto as democracias gostam muito e sabem fazer.

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