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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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Festival de insensibilidades

Como dizia Brecht, as cadelas do fascismo estão sempre no cio. Não. Anistia para eles nunca mais!

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)
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O que já se sabia, por quatro anos de mandato, confirmou-se no dia 25 de fevereiro, nas manifestações da Av. Paulista, em São Paulo. Ali se desenrolaria um mar, um oceano, um festival de insensibilidades. Não bastassem os discursos dos deputados Nicolas Ferreira e Gustavo Gayer, conhecidos pelas mentiras e ofensas de que costumam se valer, tivemos ainda a encenação de espetáculos deploráveis assinados por Silas Malafaia e Jair Bolsonaro, certos de que encantariam a multidão. O primeiro se esmerou com tudo o que o outro não podia expressar e o segundo, o EX, mansinho como um santo de pau oco, exibiu fragilidades que não possui para despertar compaixão e reivindicar perdão, por meio de uma anistia ampla que lhe contemple os crimes praticados. 

Sabemos que no Brasil temos usado com exagerada abundância semelhantes exercícios jurídicos para livrar da Justiça gente sabidamente culpada. Por outro lado, estamos cansados de assistir a princípios da impunidade impedindo de se separar o joio do trigo e reorientar nossos caminhos. 

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Crimes não punidos (e para impedi-los existe a magistratura) tendem a se repetir, de modo que não saímos do círculo vicioso das reincidências e dos notórios bandidos que nos cercam, inclusive na política. São gestos típicos de uma elite desabituada a visitar seus representantes na cadeia por mais que se exercitem no terreno das falcatruas. Não é o que ocorre entre pobres e negros, sempre exemplarmente punidos até quando não lhes provam as infrações. Um dia, deveremos reequilibrar a balança para garantir que defendamos a justiça doa a quem doer, como é o caso do Ex e de seus risos de escárnio frente à mortandade da Covid-19 durante sua gestão ou as homenagens que prestou ao torturador Brilhante Ustra. 

 O uso das bandeiras de Israel, fora de contexto na situação oferece exemplo no Festival de Insensibilidades dos organizadores da festa. 

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Neste momento, sobretudo, o país a que se refere a bandeira se acha isolado no ambiente das opiniões críticas. Inflige crueldade aos palestinos na Faixa de Gaza, por força de uma guerra desigual em termos bélicos e imoral do ponto de vista de qualquer noção relativa a equilíbrio de forças. Mesmo assim, como as noções de moral não figuravam no cenário, a estrela de Davi tremulava livre e sombriamente junto à nossa, da Ordem e do Progresso, subitamente apropriada pelos transgressores em sua cabine de comando, no alto do caminhão. Como se nos encontrássemos diante de uma dobradinha, um chutava ao gol e o outro agarrava a pelota, numa conjugação perfeita de ideias e propostas expostas entre a agressividade e a falsa doçura, como se enganar lhes fosse a característica primeira.  

As repercussões do evento não comportam equívocos. Não passam de provocações para sondar até que ponto chega a paciência do sistema judiciário e dos que se encarregam do legislativo. Felizmente, temos, por uma vez, gente mais do que disposta a demonstrar conhecimento jurídico e firmeza de posições, para impedir que não nos iludam os cantos de sereia. No Festival de Insensibilidades devem aguardar sentados. Choramos ainda com o vandalismo na Praça dos Três Poderes para que se atenue o tamanho da nossa indignação. 

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O santo de pau oco de agora esconde mal a estupidez com que tratava seus semelhantes quando se lhes apresentava em sua verdadeira dimensão. Como dizia Brecht, as cadelas do fascismo estão sempre no cio. Não. Anistia para eles nunca mais!

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