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Paulo Moreira Leite

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FHC cometeu erro do tamanho da História

Fernando Henrique admite que errou ao declarar-se neutro entre Bolsonaro e Haddad em 2018, escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

A dura escolha de FHC (Foto: Tânia Rêgo - ABR)
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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Em meio século como observador de nossa cena política, formei minha opinião sobre uma situação frequente na  vida de qualquer país -- a autocrítica dos homens públicos. Se ninguém fosse capaz de mudar de idéia, nenhum país seria capaz de andar para a frente.

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É com esse espírito que avalio a afirmação de Fernando Henrique Cardoso sobre Jair Bolsonaro.

Em 2018, quando a campanha presidencial polarizou-se entre Fernando Haddad e Bolsonaro, numa emergência política que não permitia qualquer hesitação do ponto de vista da defesa do regime democrático, FHC preferiu omitir-se -- atitude que obviamente beneficiou a candidatura do fascismo.

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Dois anos e seis meses depois, quando o país encontra-se num abismo historico reconhecido por todos, ele admite o erro.  

"A pior coisa é você ser obrigado a não ter escolha,"  disse Fernando Henrique em entrevista publicada pela Época. "Ao não ter escolha, permite o que aconteceu: a eleição do Bolsonaro. Teria sido melhor algum outro? Provavelmente, sim. Pergunta se eu me arrependo? Olhando para o que aconteceu com o Bolsonaro, me dá um certo mal-estar não ter votado em alguém contra ele". 

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Em 2018,  comprometido com a candidatura de Geraldo Alckmin, Fernando Henrique tentou lançar o ex-governador tucano como uma esperança de Terceira Via. 

Na véspera do primeiro turno, divulgou uma  "Carta a Eleitoras e Eleitores", onde falava  sobre a necessidade de encontrar "um candidato que não aposte em soluções extremas". 

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Fazendo média com  Sérgio Moro, que agradava   a Faria Lima e a fração militar reunida em  torno de Bolsonaro para retirar Lula da campanha, Fernando Henrique precisava de uma desculpa para afastar-se de Haddad -- único candidato aceitável naquelas circunstâncias. 

Por isso escreveu que  este  representava "um líder preso acusado de corrupção". 

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"Incluir Haddad no pacote do radicalismo é mais do que um erro primário de diagnóstico político. É desonestidade," escrevi na coluna (21/9/2018). 

Quando Alckmin caiu fora do segundo turno, vítima de previsível inanição eleitoral, ficou claro que aquele projeto Terceira Via não passava de mais um tijolo no velho muro tucano.   

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Fernando Henrique preferiu cruzar os braços, numa atitude impossível de explicar do ponto de vista de qualquer compromisso com a democracia. 

Além do saber acadêmico e da cultura política, FHC não tinha qualquer motivo de ordem pessoal para acreditar que seria possível esperar um comportamento civilizado da parte de Bolsonaro. Pelo contrário. 

Em 1999, quando cumpria o segundo mandato presidencial, o então deputado Jair Bolsonaro exibiu uma pequena amostra de suas ideias políticas numa entrevista pela TV. 

Disse que o Brasil só iria melhorar "quando nós partirmos para uma guerra civil. Fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil, a começar com o FHC". 

Ao enfraquecer a única possibilidade  real de derrotar Bolsonaro em 2018, Fernando Henrique prestou um serviço inestimável à elite da Faria Lima, que buscava, em fúria, uma opção para permanecer à frente do Estado capturado no golpe de 2016, sustentando até o candidato que o colocara na primeira fileira do pelotão de fuzilamento. 

Muito mais do que provocar um "certo mal estar", foi um erro com o tamanho da História. 

Alguma dúvida? 

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