Fiel Filho, mais uma vítima da ditadura

Chicote do Pessoa

Fiel Filho, mais uma vítima da ditadura

Por José Pessoa de Araújo

Fiel Filho era operário
Em Alagoas nasceu
Veio cedo pra São Paulo
Aqui se estabeleceu
Foi casado com Tereza
Pra quem amor sempre deu

No dezesseis de Janeiro
São Paulo estava quente
Dois homens da ditadura
Prenderam aquele inocente
Que desde cedo lutava
Por uma vida decente

Manoel foi acusado
Então de ser comunista
Levado para o quartel
Daí ninguém teve pista
A morte já aguardava
O jovem idealista

O regime de exceção
A todos intimidava
Prendia gente inocente
Torturava e matava
Assim era a lei do cão
Que no Brasil imperava

Depois de assassinado
Veio a "explicação"
O Comando Militar
Informou para a Nação
Que Fiel Filho enforcou-se
Usando um cinturão

Assim como Fiel Filho
Que foi morto brutalmente
Mas antes foi torturado
O que não se faz com gente
Principalmente sabendo
Que o ser é inocente

O Comando do Exército
Para a farsa completar
Mandou abrir um inquérito
Para o fato "apurar"
Só que o povo já sabia
O que se ia anunciar

Foi uma brutalidade
A morte do operário
Que lutava com afinco
Para ganhar seu salário
Deixou viúva e filhos
Num doloroso calvário

Tereza ainda chora
A morte de Fiel Filho
Com certeza ele mora
No céu, longe desta terra
Coberto de amargura
E pede pra Jesus Cristo
Que nos livre sempre disto:
Das guerras da ditadura