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Mário Maurici

Jornalista e ex-prefeito de Franco da Rocha

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Fim de despejos e abandono aos animais: as outras frentes contra a Covid-19

Desemprego, ausência de apoio real do governo federal, riscos de contaminação, insegurança alimentar e falta de atendimento médico são os elementos para a formação da tempestade perfeita que estamos sofrendo. E sem prazo para parar. Agora, pelo menos, o teto das famílias vulneráveis está assegurado

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Como a História ensina, a dimensão exata da tragédia da pandemia do Covid-19 só será conhecida após alguns anos, talvez décadas. Nesta altura, atingimos as 400 mil vítimas da doença. Não há a menor perspectiva nos curto e médio prazos de uma melhora significativa nas taxas do morticínio cotidiano que se transformou o Brasil sob o (des)governo de Jair Bolsonaro. Diante de uma gestão (ou ausência de), que pode ser classificada sob o selo da “necropolítica”, as frentes de batalha são inúmeras. Nem todas tão visíveis quanto deveriam. Algumas delas são imprescindíveis e é preciso dar o máximo de visibilidade pública para que possam beneficiar, de fato, os mais atingidos pela crise. 

Se o governo federal já pode ser considerado derrotado em sua (des)política – e a CPI da pandemia demonstra isso -, às gestões estaduais e municipais cabe o trabalho de minimizar o desastre causado por Bolsonaro. Nesta semana, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) deu mais algumas demonstrações de seu compromisso com o combate sério e responsável diante da maior crise sanitária de todos os tempos. 

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Na semana passada, a Alesp aprovou o projeto de lei 146/2020, de autoria da deputada Leci Brandão (PC do B), compartilhada comigo e meu colega de legenda, Jorge do Carmo (PT), que suspende despejos e reintegrações de posse em São Paulo enquanto perdurar a crise sanitária. Não é segredo que, com a pandemia, a situação econômica das famílias mais pobres tornou-as ainda mais vulneráveis. Trata-se, portanto, de uma questão estritamente humanitária.

A lei aprovada na quinta-feira, em primeira votação, ainda aguarda pelo segundo escrutínio por parte dos deputados estaduais e, posteriormente, a sanção do governador João Dória (PSDB). A situação das famílias sujeitas a perderem seu teto já vinha agravada com crise econômica e social de antes da chegada da pandemia. Nos últimos quatro anos, mais de 200 mil famílias sofreram ameaças judiciais, sendo que 40 mil efetivamente foram despejadas. 

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Não é à toa que presenciamos o aumento no número de pessoas em situação de rua. Em São Paulo é flagrante a sensação do crescimento da pobreza. Ora, é de supor que de março do ano passado para cá, período em que a pandemia fez desabar a atividade econômica e a taxa de emprego, aumentou assustadoramente a inadimplência. Desemprego, ausência de apoio real do governo federal, riscos de contaminação, insegurança alimentar e falta de atendimento médico são os elementos para a formação da tempestade perfeita que estamos sofrendo. E sem prazo para parar. Agora, pelo menos, o teto das famílias vulneráveis está assegurado. 

Na mesma quinta-feira, a Alesp também promoveu um ato solene sobre a lei 688/20, que instituiu o Dezembro Verde. Projeto de minha autoria, co-assinado pelo colega Alex de Madureira (PSD). Agora, todo o Estado de São Paulo participará oficialmente da maior campanha de combate aos maus-tratos e ao abandono de animais. Trata-se de um mês inteiro de ações educativas, a exemplo do que acontece no Outubro Rosa. O projeto incentiva a promoção de mutirões de castração, feiras de adoção e outros trabalhos de ONGs e protetores de SP. 

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O ato solene sobre o Dezembro Verde reuniu protetores de animais, veterinárias, comunicadores e empresários dedicados à causa animal. Hoje, 46% das famílias brasileiras, independentemente da renda, têm ao menos um animal em casa. Tal dado traz à luz um novo conceito de arranjo familiar, no qual os bichos de estimação têm uma presença efetiva nos lares brasileiros, formando um tipo de “famílias multi-espécies”. Não é sem razão que no ato solene falou-se, entre outros assuntos correlatos, da inclusão de uma porção de ração animal como componente da cesta básica. 

No entanto, na homenagem ao Dezembro Verde discutiu-se a questão animal na perspectiva urgente do cenário pandêmico. Sabe-se que o abandono de animais cresceu 70% desde o advento da crise sanitária. Só na capital São Paulo, estima-se em 300 mil o número de animais abandonados. Assim como a nossa, de seres humanos, a vida dos animais também está em risco. Digo isso, pois, ao divulgar a aprovação do projeto 688/20 em minhas redes sociais, uma postagem, entre outras, questionou a pertinência de preocupar-nos com animais abandonados ou maltratados diante da imensa de uma crise social que pôs milhares de moradores no desemprego e/ou na rua. 

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É, de fato, uma questão compreensível. No entanto, ao constatar a significativa presença de animais nos lares do país e o contexto da pandemia, que também os atinge, não resta dúvida sobre o acerto em afirmarmos: “todas as vidas importam”. É conhecido, por exemplo, o apego dos moradores em situação de ruas aos seus animais. São companhias, mas em muitos casos também proteção. Não são poucos os desabrigados que deixam de abrigar-se nos albergues públicos para não se afastar de seus bichos.

Não é, portanto, uma questão lateral ou menor. Nenhum ser vivo com quem compartilhamos o planeta merece maus tratos e muito menos abandono. Toda forma de vida merece respeito e proteção, estando acima de qualquer preocupação com dinheiro, poder ou propriedade privada. Sem exagero, a perpetuação da humanidade depende da preservação de todas as espécies animais ou vegetais.

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Por questões jurídicas, assumi tardiamente meu cargo (na metade do mandato) como deputado estadual Assembleia Legislativa de São Paulo. Os tempos são difíceis, as perdas diárias de amigos e conhecidos, não trazem motivos para alegria. Mesmo considerando a gravidade e tristeza do nosso momento histórico, contribuir positivamente para o enfrentamento da crise em suas mais variadas frentes, me permite finalizar com a constatação de que a quinta-feira, dia 22.04, foi um dos dias mais felizes do meu mandato como parlamentar. E da minha vida.

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