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Mauro Passos

Engenheiro, ex-deputado federal pelo PT/SC, e presidente do Instituto Ideal

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Floripa, uma cidade à venda

Nas últimas quatro décadas, o que se viu foi a cidade crescendo sob a tutela dos investidores e não dos gestores

(Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom/Santa Catarina)
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Nas ruas engarrafamentos por todos os lados e a toda hora; nas estradas uma tragédia humana, em direção as praias filas intermináveis. Sempre que alertado, o poder público mostrou de que lado estava.  Agora é tarde: as praias não comportam mais ninguém e a cidade agoniza. Tudo consequência da falta de um planejamento urbano racional e responsável. Na Ilha da Magia a saída encontrada pelo caos causado, é a do puxadinho: se tem muita gente nas praias então vamos aterrar as praias. A mais famosa delas, Jurerê Internacional, o alargamento está previsto para antes do Carnaval. Estudos alertam para problemas que poderão acontecer, em razão das profundas modificações ocorridas no mar. 

O tema, obviamente, divide opiniões, até por isso tem que ser debatido. Por sua relevância, alto custo e pouco conhecimento, precisa ser pautado antes de ser executado. Não é o que estamos vendo, primeiro faz a obra e depois se vê como é que fica. Os exemplos que temos, vem da própria natureza: quando o mar avança e toma de volta a areia que lhe tiraram estamos diante de um processo natural. Enquanto que a extração da areia do mar é feita por uma operação brutalizada de sucção. Pouca importa se o processo traz junto com a areia muita vida marinha, que sob o sol escaldante acaba sucumbindo na praia. Logo depois do aterramento o cheiro é forte e leva uns dias para desaparecer.

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Em 1972 um jovem engenheiro recém formado passou uma temporada na UFSC e se encantou pela cidade. Florianópolis não tinha a Beira Mar, as duas pontes, o aterro da Baia Sul, subir a Lagoa era uma aventura e o norte da Ilha era quase virgem. As praias mais frequentadas ficavam na parte continental da cidade. Mas em compensação era uma terra abençoada por sua natureza exuberante. Sem ser urbanista, já tive a percepção de que um crescimento acima do normal iria acontecer. A beleza de um lugar atrai gente de todos os lugares, é inevitável. Por isso mesmo todo o cuidado é pouco.

Nas últimas quatro décadas, o que se viu foi a cidade crescendo sob a tutela dos investidores e não dos gestores. Foram raros os momentos de lucidez e de responsabilidade urbana, que vereadores e prefeitos olharam para o bem da cidade. O Parque da Luz, por exemplo, é um caso sempre lembrado. A sociedade entendeu a importância da luta para o futuro da cidade e apropriou do local, transformando um antigo cemitério abandonado no mais importante espaço público no centro da capital. Uma conquista de todos que nem o mais - sem noção dos prefeitos - consegue tirar.

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Afinal, o que nos resta fazer. As eleições municipais estão chegando e se nada for feito vai se confirmar o título do artigo. As urnas legitimarão, FLORIPA uma cidade à venda.  A cidade nunca esteve tão suja, os serviços entregues a população deixam a desejar, a Policia Civil já apurou e indiciou cinco servidores do alto escalão por suspeita de corrupção em licenças ambientais. A ideia de Floripa ser jovem e moderna, cheia de oportunidades, não resiste a um olhar mais apurado. A cidade que se quer é outra: humanizada, respeitosa, que dialogue com todos.  

SÓ COMO CURIOSIDADE - Galápagos é um tradicional roteiro turístico internacional. Não se trata de uma Ilha, mas de um arquipélago de origem vulcânica. Distante 1000 km da costa do Equador, só se chega em grandes lanchas oceânicas, navios de passageiros ou de avião. Das várias ilhas existentes, só três são habitadas. O controle sobre as construções, fluxo de pessoas, número de carros, é rigoroso. Não existem prédios com mais de dois andares, nem grandes resorts. Os carros autorizados a circular, não passam de 300. Você pode até trocar de carro, mas tem que levar o seu de volta para o continente. O que está em primeiro lugar é a proteção da natureza, presente em todos os momentos, acolhida por nativos e visitantes. Essa cumplicidade espontânea em defesa do meio ambiente, talvez seja o grande legado de Galápagos para a humanidade.

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PS - Como o artigo vai para vários sites e redes sociais, o jovem engenheiro sou eu. Duas vezes vereador na capital e uma vez eleito deputado federal.  Sempre muito bem votado em Floripa. Não sou candidato a nada, mas aproveito para agradecer os votos que recebi.  Sigo na luta.      

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