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Joaquim de Carvalho

Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

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Fraude da Americanas causa prejuízo de R$ 22 milhões no fundo de previdência da General Motors do Brasil

Aposentados e pensionistas da antiga Telesp também perderam com "inconsistências contábeis" da empresa de Lemann, Sicupira e Telles

Americanas, os bilionários e Ricardo: "por furtos infinitamente menores, jovens vão presos" (Foto: Divulgação e arquivo pessoal)
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A conta da manipulação contábil da Americanas começou a chegar para os mais fracos no elo que compõe o chamado mercado de capitais e mercado financeiro.

O fundo de previdência dos funcionários da General Motors no Brasil, a PreviGM, informou a seus beneficiários que haverá prejuízo, já que parte dos recursos aplicados, 0,46%, era de títulos da dívida da Americanas, chamados debêntures.

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"Com o processo de Recuperação Judicial, essas debêntures também serão incluídas na lista de dívidas a serem pagas, conforme evolução do processo. Atualmente, o mercado estima uma perda para os papéis, no entanto, por conservadorismo, a PreviGM provisionará 100% de perda para esses", diz o comunicado distribuído pela PreviGM aos cotistas do fundo.

O engenheiro mecânico Ricardo Pereira da Silva, que trabalhou na empresa entre maio de 2006 e dezembro de 2015, fez as contas de quanto perdeu individualmente: mais de R$ 1 mil.

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Pode parecer pouco, mas, somada à perda de outros cotistas, a conta chega a R$ 22 milhões. Só na PreviGM, a fraude da Americanas representa um valor quatro vezes maior que o total roubado pela quadrilha que assaltou o Banco do Brasil em Araçatuba, em agosto de 2021.

"Os três homens mais ricos do Brasil, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, via balanços fraudados, roubaram um pouco mais de R$1.000.00 do meu fundo de aposentadoria", afirmou Ricardo.

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Lemann, Telles e Sicupira não usaram metralhadoras nem dinamites para produzir o prejuízo na poupança dos trabalhadores. Mas, a rigor, qual a diferença? 

As armas dos homens mais ricos do Brasil eram a exposição midiática favorável e o discurso de que seguiam um padrão ético nos negócios. 

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A empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers, que atua no Brasil há mais de 100 anos, chancelou essa fraude (no sentido estrito e amplo), ao aprovar os balanços da Americanas.

Num cenário assim, é compreensível que fundos de previdência tenham aplicado recursos na empresa, seja na forma de compra de ações, que despencaram depois da descoberta da fraude, ou do empréstimo, na forma de compra de debêntures, que recompensam mais do que a remuneração média dos bancos.

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O fundo de previdência Visão, que atende aos antigos funcionários da Telesp, também perdeu dinheiro com as "inconsistências contábeis" da Americanas.

Respondendo a uma consulta, a VisãoPrev informou que "possuía" R$ 16,5 milhões em investimentos na empresa de Lemann, Sicupira e Telles, tanto em ações quanto em debêntures.

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O fundo já admite como perdido esse patrimônio, que representa 0,22% do total investido, uma vez que, na resposta, usou o verbo "possuir" no passado, como se já não existisse mais.

Quem procurou a VisãoPrev foi o mesmo Ricardo Pereira da Silva, que trabalhou como engenheiro na GM. 

A preocupação dele também é com a pensão que a mãe, dona Sônia, recebe como viúva de um ex-funcionário da Telesp.

Preocupado com o futuro da família, o pai de Ricardo contribuiu regularmente com o fundo de previdência nos 32 anos que trabalhou na Telesp.

A cota total de dona Sônia ficou menor em R$ 1,5 mil. De novo, pode ser pouco individualmente, mas Ricardo pergunta:

"Quantos garotos pobres não são presos por furtos ou roubos muito menores que os reportados acima?"

Ricardo ainda reflete, indignado:

"Esse roubo se repete para milhares, senão milhões, de aposentados e futuros aposentados, sendo roubados pelos homens mais ricos do Brasil. Além disso, haverá prejuízo para os trabalhadores em geral, na forma do aumento do risco aos empréstimos a todas as empresas, o que encarecerá os investimentos em capital produtivo."

A briga entre o BTG e a Americanas, em torno da retenção de R$ 1,2 bilhão, não deve ser desprezada, apesar de envolver dois tubarões. 

Mas é com as sardinhas que a preocupação deve ser maior, sejam os pequenos investidores, aposentados, pensionistas e também (e principalmente) os trabalhadores, que correm o risco de demissão em massa.

Tamanho rombo protagonizado pela Americanas não pode ficar impune.

 


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