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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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Fraude nas eleições 2018 e o desespero dos indignados

As eleições de 2018 foram dignas das da República do Café com Leite, onde ocorria todo o tipo de fraude para assegurar uma alternância de poder entre mineiros e paulistas na presidência

(Foto: Alan Santos - PR)
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Parte do eleitorado concorda que houve fraude nas eleições de 2018.

A grande maioria acredita que as fraudes foram apenas as Fake News com patrocínio empresarial ilegal e o impedimento da candidatura do Lula. Ledo engano. As fraudes foram muito além, e também foram praticadas por órgãos e agentes do Estado brasileiro.

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As eleições de 2018 foram dignas das da República do Café com Leite, onde ocorria todo o tipo de fraude para assegurar uma alternância de poder entre mineiros e paulistas na presidência. 

Ainda antes das eleições, durante o Festival Lula Livre no Rio de Janeiro, foram confiscadas bandeira de partidos de esquerda (PCO, PSOL, PCdoB e PT), incluindo adesivos e máscaras com o rosto do Lula pedindo sua libertação. Alegação: ser campanha antecipada.

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3.4 milhões de títulos de eleitores foram cancelados, predominantemente no Nordeste. Alegação: os eleitores não se apresentaram para realizar o cadastramento. O Curioso é que a região Nordeste é justamente onde se encontra o maior número de eleitores do PT.

Os cadastramentos foram realizados em horário comercial. Assim, quem trabalha ou mora em lugares afastados, algumas vezes levando horas para se deslocar do campo aos locais de cadastramento, não conseguiu se cadastrar, ficando proibido de votar.

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Na República de Curitiba, Renato Freitas, advogado criminalista e candidato a Deputado Estadual pelo PT, foi alvejado por balas de borracha à queima roupa pela Guarda Municipal, enquanto panfletava por sua candidatura. Renato já tinha sido candidato a vereador na cidade, pelo PSOL. 

Renato Freitas

Empresários coagiram seus funcionários a votar em candidatos do patrão. Mais de 55 empresas foram identificadas como autoras do crime. Houve um aumento de 1.500% de denúncias em relação às eleições de 2014. 

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Mesários permitiram que eleitores tirassem fotos das urnas eletrônicas durante votação em todo o país, o que é crime. Jornais focaram no fato de que em muitas fotos apareciam eleitores armados, mas o relevante é justamente a possibilidade de poder fotografar o voto.

A razão da proibição de se fotografar a urna é impedir o voto de cabresto. Milicianos, patrões, coronéis políticos e pastores poderiam obrigar seus subordinados a trazerem a fotografia como prova do voto nos candidatos escolhidos por eles, por exemplo. 

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Materiais da campanha eleitoral foram apreendidos de diretórios eleitorais do PT. A alegação é que haveria folhetos de Lula como candidato a presidente, mas não foram apreendidos apenas os folhetos antigos, que constavam Lula como presidente (estes de antes da decisão do TSE de proibir sua candidatura, mesmo após decisão da ONU que assegurava seu direito a concorrer às eleições). Folhetos que constavam Haddad como o candidato à presidência também foram apreendidos.

O que pode parecer algo banal foi, na verdade, um ataque econômico à campanha.

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As doações empresariais estavam proibidas. A grande maioria dos eleitores do partido são populares que não podem dispor de seu dinheiro para doação de campanha. Além disso, a esquerda vinha sob intensos ataques midiáticos e nas ruas, como no caso do assassinato a facadas do Mestre Moa do Katendê, antes do segundo turno. Muitos tiveram medo de doar e ter seus nomes vinculados aos partidos da esquerda.

Ao mesmo tempo, o PT esteve sobre ameaça de perder sua parte no fundo partidário.

A então procuradora-geral eleitoral, Raquel Dodge, pediu a devolução de 19,4 milhões do fundo partidário usados na campanha de Lula. A alegação foi que Lula usou de má-fé ao concorrer ao cargo. Diversos advogados e especialistas em direito eleitoral afirmam que Lula poderia concorrer, e em dezenas de casos similares o TSE permitiu que outros candidatos disputassem as eleições.

A Justiça eleitoral proibiu a distribuição de folhetos e propagandas eleitorais em que Lula aparecia ao lado de Haddad. Com a alegação de que aparição de Lula e a frase “Lula é Haddad” teria como objetivo de levar eleitores a erro.

Lula, Haddad e Manuela

Haddad era conhecido no estado de São Paulo, mas um desconhecido nos demais estados. A proibição foi justamente para impedir que os eleitores soubessem que Haddad era o representante e candidato de Lula.

Também tentou-se impedir a aparição de Lula nos horários eleitorais, inclusive sob ameaça do partido ficar sem horário eleitoral na televisão e rádio. A lei eleitoral prevê que um apoiador, que não é candidato, pode aparecer na campanha em até 25% do tempo. Portanto, a lei não impedia Lula de aparecer como apoiador.

Em Formosa (GO), o Juiz Eduardo Luiz Rochas Cubas, do Juizado Especial Federal Cível, tentou determinar que o exército recolhesse as urnas que seriam usadas no pleito, às vésperas da votação, para não haver tempo hábil de reversão da decisão. 

Eduardo Bolsonaro

Todas estas irregularidades foram as que ficamos sabendo pela mídia e ocorreram em locais próximos aos grandes centros. O que mais pode ter ocorrido em cidades no interior? Nunca saberemos.

O desespero dos indignados

Por mais que Bolsonaro venha perdendo aos poucos o apoio da população, a cada dia que ele passa na presidência, mais aumenta sua força dentro do aparato estatal. Até o fim de seu mandato, ele terá nomeado dois ministros no STF e sabe-se mais quantos militares e milicianos serão nomeados em cargos chave no governo.

Posto isso, o que nos faria pensar que as eleições em 2022 não seriam mais fraudulentas que as de 2018?

Parte da esquerda e democratas já enxergam isso, e é daí que vem o desespero. Alguns acham que a esquerda deve pedir o impeachment de Bolsonaro, mesmo que apenas de forma protocolar, para ficar para a história. Outros, que a esquerda deve pedir antes do Deputado Frota, como se fosse uma espécie de corrida.

E aqui argumento que seria um grandíssimo erro estratégico.

Se a esquerda pedir um impeachment de Bolsonaro sem que haja grandes massas nas ruas, a extrema direita colocará seus robôs em ação, criando todo o tipo de narrativas: “os comunistas querem dar um golpe no presidente”; “o PT quer montar uma ditadura e transformar o Brasil em uma Venezuela”; “os partidos de esquerda” – que pra eles são todos os partidos, exceto eles mesmos – “querem derrubar um presidente honesto que só quer acabar com a corrupção”.

Nem nossa imaginação é o limite.

A mídia, empresários, policiais, forças armadas e bolsonaristas dissidentes – tanto os que se tornaram “moristas” como os que ainda estão no limbo (não querem mais Bolsonaro, mas também não querem a esquerda, nem sabem o que querem) – irão se unir novamente a Bolsonaro “contra o grande mal”.

Se Bolsonaro conseguir reunificar essas pessoas, não só conseguirá terminar o mandato como pode ter força suficiente para dar um autogolpe. Com sorte, apenas será reeleito em 2022.

Em 1964, apenas parte da população apoiou o golpe militar. A maioria ficou omissa. Este ano, após o mal sucedido processo de impeachment de Trump, sua popularidade aumentou, ao invés de diminuir.

Há quem alegue que Rui Costa Pimenta, do PCO, defende o impeachment de Bolsonaro. Equivocam-se. Rui Costa defende o Fora Bolsonaro a partir da mobilização das massas nas ruas. Um Fora Bolsonaro feito de baixo para cima. Só assim um governo Mourão seria fraco. Não com um impeachment feito de cima para baixo, controlado pelo congresso e pelas forças golpistas que o colocaram no poder.

Não é o Lula e o PT que devem pedir o impeachment do Bolsonaro, é o povo nas ruas. Só então a esquerda terá força para derrubá-lo. No momento, ainda não tem.

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