Gados do asfalto MC
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Sou motociclista há quase 40 anos, mas apenas na última década é que passei a me interessar pelo motoclubismo, uma atividade que reúne milhares de amantes das duas rodas em eventos animados pelo Brasil inteiro. Máquinas de todos os modelos e cilindradas, muito rock´n roll, um clima de permanente camaradagem nestes encontros que lembram o festival de Woodstock. Mas, o que me despertou maior entusiasmo para participar dessa irmandade, foram os valores éticos e morais que sempre defendi, como o respeito ao próximo, tratar todos como iguais, independe de raça, credo, religião, opção sexual, etc. As pessoas de fora não sabem, mas a caveira, símbolo que mais se identifica com o motociclismo, existe para nos lembrar de onde viemos e para onde iremos, sem distinção.
Não sou ingênuo de acreditar que todos aqueles que circulam neste universo pensem dessa forma, mas pelo menos se comportavam como se respeitassem e valorizassem os códigos que definem o caráter de um motociclista cidadão. Ocorre, no entanto, que nos últimos anos uma onda de ódio varreu o nosso país, e o motociclismo não ficou imune a isso. Pelo contrário. Na esteira da ascensão da intolerância, confirmei aquilo que já sabia, mas me negava a crer: a elite reacionária, até então “sufocada” pela onda de civilidade e democracia em que o país vivia, rasgou o colete da hipocrisia para se tornar arauto do fascismo, cultuando o líder que comanda os passeios no entorno do Palácio da Alvorada nos finais de semana.
No próximo domingo, dia 23, Jair Bolsonaro estará no Rio de Janeiro para mais um desses passeios de moto com seus seguidores. O mais interessante nisso tudo é que o organizador do evento, um tal Waldir Ferraz, nunca viu uma motocicleta na vida. O cara é um marinheiro de canoa que leva seu patrão para pescar na Baía de Angra, e recebe um salário em cargo comissionado, sem qualquer qualificação para a função que ocupa, de aproximadamente R$ 14 mil. Conhecido como Jacaré, Ferraz já disputou eleição para vereador, obtendo míseros 500 votos. Pois é esse sujeito que agora se apresenta como organizador de um evento do qual ele não tem a menor representatividade.
No panfleto de convocação consta ainda, como apoiadores, outras pessoas sem qualquer intimidade com o motociclismo, mas com experiências fracassadas em eleições municipais. Ou seja, essa patota está instrumentalizando milhares de motociclistas com o único intuito de se promoverem politicamente. Quem é do meio sabe que esses eventos servem para arrecadar alimentos para doação a instituições sociais. Procure no papel distribuído por Jacaré se existe essa solicitação de auxílio aos mais necessitados?
Waldir Jacaré pode até criar o seu próprio motoclube. Já dei até a sugestão de nome no título desse artigo. Mas primeiro ele vai precisar comprar uma bicicleta com rodinhas para aprender a se equilibrar.
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