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Carlos Castelo

Jornalista, sócio-fundador do grupo Língua de Trapo, um estilo sem escritor

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Ginga ni mim

Germano Mathias (Foto: Reprodução)
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“Quem quer vencer na Pauliceia / Aposte numa ideia / Com engenho e arte” (Jerônimo, de Carlos Castelo e Eduardo Gudin)

Em meu período de aprendizagem para virar compositor, em especial das letras de humor, frequentei quatro faculdades: Moreira da Silva, Adoniran Barbosa, Jorge Veiga e Germano Mathias. Tive outras influências grandes, como Paulo Vanzolini e Noel Rosa. Mas o quarteto mencionado foi seminal para minha formação inicial.

Parece meio oportunista escrever uma crônica epitáfica numa hora dessas. No entretanto fica inevitável deixar de dividir certas impressões sobre o grande cultor do samba sincopado paulistano.

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Vendo tantas matérias sobre o recente passamento da jornalista Glória Maria me lembrei dela conversando comigo no Festival dos Festivais, da Globo. A lembrança me levou a recordar que, após o Festival, fui procurado pelo músico Zé Rodrix. O autor de Casa no Campo assistira a perfomance da música “Os metaleiros também amam” naquele certame televisivo e me convidou para compor uma canção dedicada ao personagem Jerônimo, a ser vivido (e como) pelo ator Gianfrancesco Guarnieri, na novela Cambalacho.

Fiz bem em aceitar o convite do diretor musical, Cambalacho foi uma das novelas das sete de maior audiência da história da Globo. Das poucas, dessa faixa, a superar a audiência de uma novela das oito. Teve média geral de 56 pontos, considerado um fenômeno em 1986. Fora as participações magnéticas de Fernanda Montenegro, Susana Vieira, Regina Casé, entre outros talentos.

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Claro que já sai garatujando versos sobre o papel. Depois de tentar parcerias com uma série de compositores (não mencionarei nomes para preservar a privacidade), Zé Rodrix só se satisfez com a linha melódica de Eduardo Gudin. Começaria, a partir dali, a produção do elepê com a trilha sonora da soap opera global. Foi aí que aconteceu minha maior alegria. Veio o Rodrix me consultando sobre o que achava de Germano Mathias gravar o samba. Ora, o que dizer de algo assim? Era como se perguntassem a um reserva do Íbis Sport Club se topava jogar ao lado de Pelé.Germano botou voz na nossa Jerônimo com a ginga de sempre. Mais tarde soube, pelo extrato da minha sociedade arrecadadora de direitos autorais, que o mestre a entoara em inúmeros shows que realizou pela aí. Como dizia Wilson das Neves: “ô sorte!”.

Ao saber de sua morte, naturalmente fiquei chateado. Inclusive, por não ter levado a cabo a ideia de o encontrar hora dessas. Apesar da idade avançada, Germano parecia um touro. A impressão que se tinha ao mirá-lo era de que partiria um dia, claro. Só que centenário, batendo bem alto em sua latinha de graxa. Deve ser por isso que acabei procrastinando o encontro. 

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Como tudo na vida tem seu lado positivo, agora, certamente, Moreira, Veiga e Adoniran já podem formar seu regional lá pelas barrancas do Éden. Engenho e arte não faltarão.

Em tempo: ouça a versão de Eduardo Gudin para Jerônimo.

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