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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Governo seleciona profissional para a área de… Não sei

Jornalista Denise Assis critica a falta de transparência do governo Bolsonaro nas atividades da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), utilizada para coletar informações sobre opositores

(Foto: Divulgação)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

No dia da demissão de Sérgio Moro, em 24 de abril deste ano, escrevi aqui, no 247, artigo sob o título: “Planos de Bolsonaro visam proteger filhos, mas vão além dos portões do Vivendas da Barra”. Nele descrevia a intenção do governo de recriar o Serviço Nacional de Informações. Naquele dia, Moro bombardeou Bolsonaro e ensaiou fazer a revelação, ao citar alguns nomes possíveis para a substituição do ex-diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. 

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O “xerife” bancou na coletiva de despedida, que Bolsonaro sonhava para a PF, Alexandre Ramagem, o então chefe da Abin, amigo da sua fila de zeros.  Vinha a ser o homem que juntamente com Carlos – o filho 02 -, minou a permanência do general Santos Cruz no cargo e, com total apoio do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, estruturou o plano de criação de um gabinete de Inteligência dentro do Planalto. Um novo SNI. E Moro, certamente, não ignorava isto.

De lá para cá, nada mais foi veiculado a respeito, até que foi revelado no Uol, na sexta-feira (24), o dossiê, produzido em junho, “por uma unidade pouco conhecida do Ministério da Justiça, a Secretaria de Operações Integradas (Seopi). O levantamento listou 579 agentes da segurança púbica estaduais e federais, alguns com fotografias e endereços de redes sociais, que haviam assinado dois manifestos, em 2016 e 2020”, publicou o Uol. Um deles, o ex-ministro Paulo Sérgio Pinheiro, um dos coordenadores da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

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A Seopi, apesar de estar pendurada no Ministério da Justiça, aparece no portal do governo sem as suas “atribuições” descritas no item “institucional”, que é onde costumam aparecer a função dos órgãos ligados ao ministério. Quem comanda a secretaria é Jeferson Lisbôa Gimenes, delegado da Polícia Civil. Na Dint (diretoria de inteligência), o chefe é Gilson Libório de Oliveira Mendes, de formação militar. Em abril deste ano, o diretor fez circular no setor “notícias”, (espaço em que as instituições anunciam os seus feitos, através das suas assessorias de imprensa), resultado do edital 4/2020. A informação é a de que em data não especificada a Seopi publicou um edital para a contratação de um técnico. Está lá: “A Secretaria de Operações Integradas, em parceria com a Coordenação-­Geral de Gestão de Pessoas (CGGP) no uso de suas atribuições, divulga o resultado do processo seletivo referente ao Edital nº 4/2020”.

No resultado do “processo seletivo”, aparece a informação de que a secretaria aprovou apenas um candidato, o de nome: Iggo de Paulo Ferreira e Silva. O intrigante é que mesmo clicando-se no serviço de busca, na página da Seopi, não se chega à minuta do edital com as especificações do cargo a ser ocupado e, tampouco, em que período a minuta do edital ficou à disposição do público, sob a numeração 4/2020.

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Pensando ser “inabilidade minha” para se chegar ao documento, liguei para a assessoria de imprensa e perguntei de que modo poderia encontrá-lo no site? (Posto que é uma informação de interesse público e deveria estar lá, bem visível. Comentário meu apenas para este espaço aqui).

Uma das assessoras me perguntou se eu havia consultado o portal. Eu disse que sim, e não encontrei o edital, tampouco as atribuições da Seopi. Ela – espero, deve ter feito uma busca rápida. A resposta que obtive, no entanto, foi: “encaminhe um pedido por e-mail solicitando”. Ora, ora, ora… Isto quer dizer então que o edital não está disponível para o respeitável público!

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Apesar de exigir que o 247 enviasse ao ministério da Justiça o pedido de obtenção de uma cópia do edital 4/2020 e o texto sobre as atribuições da Seopi”, a assessoria de imprensa ignorou a solicitação, deixando claro que não adota a transparência como princípio.

Da página consta apenas o resultado da seleção. Iggo de Paulo Ferreira e Silva é ex-militar, e apresentou o seguinte currículo: Já foi Sargento temporário de Comunicações do Exército Brasileiro, atuando como Técnico do Setor de Telemática (2004-2005). Atuou como Gerente de Tecnologia no Plantão da empresa Endicon – Engenharia de Instalações e Construções Ltda, terceirizada da Rede Celpa (2006-2008). Atuou como Analista de Comunicações pela empresa PROBANK (2008-2009) e Agente Censitário de Informática no CENSO 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Foi Servidor temporário do Instituto Nacional do Segura Social (INSS) de 20111 até 2012. Possui experiência em Redes de computadores com ênfase em Projetos e Gestão voltados para área de segurança nos temas: Certificação Digital, ICP, Backup, Sub-redes e Auditoria digital; atuando também com Treinamento em Tecnologia Educacional. Atualmente é servidor desde 2013 do Instituto Evandro Chagas (Órgão vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde) onde atuou como Pregoeiro até 2016, quando foi deslocado para a Seção de Virologia e passou a atuar como representante do Sistema de Gestão da Qualidade e Fiscal do contrato de metrologia com a empresa MEC-Q (TC 111/2016)”. (Informações coletadas do Lattes em 01/07/2020).

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Visivelmente a Secretaria selecionou alguém muito bem treinado em TI, com vasta experiência, para atuar sabe-se lá em que função. Sem o edital estar disponível, como saber? Se isto não é a montagem de um serviço de informações, macacos me mordam!

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