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Miguel do Rosário

Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje

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Governo Temer se desmancha sozinho

Michel Temer está aprendendo, na prática, o que é ser telhado de vidro. E seu inferno astral está só começando. Mas começou em grande estilo, com delações bombásticas contra si e contra seus novos aliados

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Michel Temer está aprendendo, na prática, o que é ser telhado de vidro. E seu inferno astral está só começando. Mas começou em grande estilo, com delações bombásticas contra si e contra seus novos aliados.

Os leitores sabem que não tenho simpatia nenhuma pela instituição da delação premiada, ainda mais da maneira como é conduzida no Brasil, com uso de tortura prisional.

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Mas devemos considerar aqui não apenas a questão jurídica, e sim a questão política e midiática.

Naturalmente, Michel Temer tem a Globo a seu lado, e a Globo detêm a hegemonia da narrativa para a maioria da população.

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Sem autorização da Globo pode haver dezenas de delações contra um indivíduo, que não dá em nada. É preciso aparecer um ministério público suíço, como se viu no caso de Cunha, para que as coisas andem.

Entretanto, a Globo não tem controle de tudo. Setores crescentes da sociedade não assistem mais seus telejornais e se informam diretamente da internet.

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Neste sentido, as delações de hoje caíram como bomba sobre a reputação de Michel Temer. Dilma Rousseff jamais sofreu qualquer abalo deste tipo, e nunca foi citada numa dessas delações.

Michel Temer, Aécio Neves, Sarney, Jucá, Renan, a turma que forma o núcleo do governo interino é campeã de citações e denúncias.

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A própria Lava jato agora ganha um dinâmica nova, porque será um tanto ridículo que Sergio Moro e delegados voltem a cuidar dos pedalinhos de Atibaia diante das delações envolvendo cifras monstruosas de Sergio Machado.

Uma eventual prisão de Lula soará mais absurda para a opinião pública, que perguntará: ué, por que não prenderam Cunha, Aécio, Renan, Jucá, e o próprio Temer, todos mergulhados em incontáveis denúncias, muitas delas inclusive anteriores à Lava Jato.

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A presidenta Dilma, por sua vez, emerge desse lamaçal com uma imagem limpa. Foi em seu governo, afinal, que a luta mais encarniçada contra a corrupção, tão encarniçada que acabou se enroscando em si mesma e a própria luta se corrompeu.

O problema da Lava Jato é o seguinte: evidentemente é uma estupidez que, num país com mais de 5 mil juízes e outros milhares de procuradores, todos os grandes processos nacionais fiquem em mãos de apenas um juiz de primeira instância. É absurdo que se confunda a luta contra a corrupção, obrigação de todas as instituições, inclusive aquelas não judiciais, com a Lava Jato, que é apenas uma entre centenas, quiçá milhares de investigações em curso contra desvios de dinheiro público.

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Temer se mostra, além disso, um presidente fraco e desequilibrado, sem controle sobre as bestas feras que nomeou para ministérios e estatais.

Na EBC, temos ouvido que os diretores nomeados às pressas por Laerte Rimoli, presidente da estatal por alguns dias, iniciaram um acelerado, quase histérico, desmonte de programas que já existiam há décadas.

A delação de Machado, envolvendo Michel Temer, Aécio Neves e o PSDB em geral, caiu como uma bomba no Senado, subsidiando os parlamentares antigolpistas com argumentos sólidos para mostrar que o impeachment foi um golpe sórdido articulado por traidores e corruptos.

Ela também reforça a denúncia da imprensa internacional de que o impeachment foi um golpe contra uma presidenta honesta, articulado por punhado de ratos com medo da ratoeira.

Até mesmo as últimas articulações do TCU, produzindo novos factoides contra a presidenta, ficam abafadas diante dos escândalos cabeludos revelados pela delação de Sergio Machado.

A situação, nitidamente, se inverteu. Depois do golpe, Dilma conseguiu reconstruir laços com diversos setores sociais importantes que tinham se afastado. Esses laços crescem dia a dia. A cada novo arbítrio de Temer contra Dilma, cortando comida, avião, assessoria, tentando isolá-la do mundo, mais cresce a empatia social com ela, porque é humano sentir empatia pelo oprimido e antipatizar o opressor.

Temer encarnou estupidamente o papel de vilão. Dilma tinha problemas de imagem, seríssimos, e que ela só fazia agravar ao não estruturar uma equipe competente de comunicação. Mas Dilma nunca teve a imagem de corrupta, vilã, ardilosa, traidora que Michel Temer vem assimilando rapidamente.

Com as manchetes envolvendo seu nome, Temer perde também o apoio da classe média udenista, que foi às ruas pedindo o impeachment de Dilma por causa de corrupção.

A irritação com Temer ainda não amadureceu. Mas vai. As pessoas precisam contemplar o rosto draculesco de Temer ainda por algumas semanas, associando-o a tantas coisas ruins, para que a paíxão negativa contra Temer se incendeie e faça a classe média retirar de vez o seu apoio ao governo interino.

Temer ficará então completamente isolado socialmente, contando apenas com a simpatia da Globo, empresa que apostou alto demais em Temer para deixar agora a peteca cair tão fácil. Mas que, ao optar por ficar tão junta a Temer, a Globo dá margem para que a população anseie derrubar esses dois núcleos de forças golpistas.

Se já tínhamos uma crise de liderança com Dilma, que foi eleita duas vezes seguidas pela maioria do povo, e que cometeu erros crassos nos dois primeiros anos de sua segunda gestão, a crise se aprofunda com Michel Temer, homem sem carisma, sem nenhum traço de empatia com o povo brasileiro.

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