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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Heróis na Itália, médicos cubanos farão falta ao Brasil

"Abrigo de um dos mais eficientes sistemas de bem-estar social do planeta, italianos dão tratamento de heróis a profissionais que deixaram o Brasil em função da perseguição de Bolsonaro", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: Reuters)
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A festa que a população italiana está fazendo para médicos cubanos que desembarcam no país para auxiliar no combate ao novo coronavírus é uma advertência a Bolsonaro. 

Um dos crimes inaugurais de seu governo, não custa lembrar, foi a perseguição a médicos cubanos trazidos ao país para participar do Mais Médicos, lançado pelo governo Dilma Rousseff em 2013.  

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Num Brasil onde 15% dos municípios não possuíam um único profissional de saúde, enquanto 1,9 mil localidades dispunham de um único médico para cada 3 000 habitantes, o programa produziu um alívio imediato no atendimento da população que se abriga nos extremos miseráveis do país, inclusive as preferias abandonadas das grandes cidades.  

Pressionado pela retórica irresponsável do próprio Bolsonaro, nas semanas anteriores à posse de seu governo Havana antecipou-se a qualquer medida  agressiva e chamou seus profissionais de volta, abrindo milhares de vagas que, como se podia prever,  jamais foram devidamente preenchidas. Mesmo aqueles profissionais cubanos, que decidiram seguir morando no Brasil, trabalhando como garçons, motoristas e outras atividades na esperança de serem autorizados a exercer a medicina, nunca foram recontratados. 

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O resultado foi um contínuo enfraquecimento  da atenção médica junto às populações. Antes da descoberta do covid-19 o país já era atingido pelo crescimento vertiginoso da dengue hemorrágica, a versão mortal da doença, que deu um salto de 149% em apenas um ano.  Por desinteresse e falta de empenho, nem as vagas em aberto -- para profissionais brasileiros -- do Mais Médicos tem sido  preenchidas . Pior do que isso. Estão diminuindo.  

Brasileiros ou estrangeiros, os médicos que participam do programa assinam um contrato com duração de 3 anos, que pode ser renovado ao final. O governo Bolsonaro recusa-se a fazer isso -- mesmo em março de 2020, quando o conib-19 é uma ameaça universal, que já coleciona as primeiras vítimas no país.  

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Numa emergência dessa envergadura, quando há uma necessidade óbvia para manter profissionais experimentados e treinados no país, o governo segue dispensando os integrantes do Mais Médicos cujo contrato já expirou. Como se o país fosse uma ilha de saúde e bem-estar, eles  continuam recebendo as clássicas cartinhas de agradecimento que, em tom burocrático, informam ao destinatário que seu tempo de casa terminou.  Enquanto isso, na Itália, o desembarque dos médicos cubanos é motivo de festa -- estamos falando de um país que abriga um dos mais bem constituídos sistemas de bem-estar social da Europa.    Incapaz de colocar as necessidades reais da população acima desuas fantasias ideológicas, Bolsonaro também será cobrado por essa irresponsabilidade no futuro.  

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