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Giselle Mathias

Advogada em Brasília, integra a ABJD/DF e a RENAP – Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares e #partidA/DF

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Homens “amam”, e as mulheres amam?

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Refletindo sobre diversos comportamentos padronizados de homens e mulheres nas relações afetivas, comecei a tentar entender o que é realmente o afeto que chamamos de amor, e como ele se estabelece nas relações.

Talvez por questionar a minha própria relação e como venho desenvolvendo minha afetividade após o fim de um casamento, passei a pesquisar e buscar resposta para perguntas e comportamentos que são dispensados a minha pessoa, enquanto mulher.

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Passei a observar que enquanto mulher solteira os assédios, a pressão por um novo relacionamento, a pressão masculina para me colocar à disposição de suas vontades e desejos, e a tentativa de redução da minha individualidade e inteligência são frequentes. O que obviamente me incomoda profundamente, além de ser uma luta constante para ser reconhecida enquanto ser, sem ser vista a partir do gênero que me foi imputado por uma construção cultural humana.

Nas leituras que tenho feito me deparei com o texto “Feminilidade, heterossexualidade e Síndrome de Estocolmo” de Isabelle Moreira, o qual recomendo a leitura.

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Antes, explico! Após inúmeras conversas com homens, sejam com amigos ou paqueras, sempre me deparo com o mesmo dilema de ser vista apenas como um objeto de satisfação da vontade e desejo deles, entendi essa questão quando ouvi de amigos a seguinte frase: “Quando homens elogiam seus artigos e sua inteligência é só porque querem te levar para a cama”, ou seja, o que penso, o que construo, e a minha inteligência não possuem valor, mas apenas o que represento enquanto objeto desejável para o deleite masculino.

O texto de Isabelle Moreira me trouxe a confirmação para o que já tinha como percepção, o dito “amor” está vinculado a partir do medo, da insegurança, das pressões e opressões de um sistema patriarcal que naturalizou todas as violências para a sua própria sobrevivência.

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Acabei por lembrar da fala de um ex-namorado da juventude que me dizia não poder me deixar segura, que se dissesse que me amava eu iria embora, terminaria com ele, e o absurdo é que por muito tempo acreditei que era uma declaração de amor, quando na verdade deixar as mulheres inseguras faz parte do “jogo” para dominar e controlar, pois o afeto masculino se desenvolve nessa perspectiva, e eu estava no jogo.

Hoje, mais do que nunca, os homens possuem mecanismos para o exercício da realização de seus desejos e vontades na perspectiva, inclusive, de serem mais bem valorados diante dos seus pares. E, a busca de “sobrevivência” social feminina nos torna disponíveis para o atendimento dos desejos masculinos, e na atualidade com as tecnologias dos aplicativos, estamos mais suscetíveis a estarmos à disposição para o homem.

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Estudos já identificaram vários mecanismos utilizados por homens para o controle e dominação através desses aplicativos de encontros, como também facebook, whatsapp e outros que acabam por vulnerabilizar mais ainda as mulheres em sua autoestima, reforçando a submissão e as deixando mais disponíveis para serem dominadas, visto que o processo de incerteza em que são colocadas aliado ao próprio sistema cultural patriarcal as fragilizam sobremaneira, podendo causar transtornos psicológicos como a depressão, a qual é utilizada como um dos mecanismos de manutenção do capitalismo.

Explico melhor, as opressões são sabidamente causa de transtornos psicológicos, entre eles a depressão, e como disse Christian Dunker em uma entrevista a TV 247 a depressão serve ao capitalismo, não só financeiramente em razão da grande lucratividade dos laboratórios, mas também e, principalmente, para tornar os seres humanos apáticos diante de todas as violências e abusos desse sistema econômico.  

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Me parece, portanto, que o controle e dominação dos homens sobre as mulheres nas relações interpessoais serve como controle social e ao avanço desse sistema de acumulação de riquezas, pois é utilizado como ilusão de exercício de poder e potência masculina, e talvez por isso as mulheres que se insurgem contra essa estrutura precisem ser eliminadas e destruídas, figurativamente ou concretamente mortas, pois a liberdade humana ameaça a continuidade do sistema capitalista, e, principalmente o neoliberalismo imposto na atualidade.

 A possibilidade de alterarmos esse padrão ilusório de um “amor” baseado em dominação e submissão, e consequentemente do sistema patriarcal, passa pela desconstrução dessa forma de ver o outro, passa pelos homens verem que dominar e controlar não é ser amado, que ter as mulheres a sua disposição para o momento em que a desejarem nas relações estáveis ou nas casuais não significa possibilidade de amor, desejo e admiração, mas apenas a concretude do modelo do patriarcado de “sobrevivência” da mulher no aspecto social, econômico e psicanalítico imposto por essa estrutura.

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Ah! Quanto a frase dita por amigos, hoje respondo: Dizer que sou bonita e inteligente não me levam para a cama!

 

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