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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Impasse cambial fortalece esquerda e desespera direita no processo eleitoral

Bate desespero no BC: se subir juro, para segurar dólar, aumenta recessão e desemprego; se diminuir, para combater recessão, acelera fuga cambial. Se ficar, o bicho pega; se correr, o bicho come. Fantasma de Macri bate à porta de Temer. Balançam candidatos da direita, centro-direita e ultra-direita, cujos programas econômicos copiam o Ponte para o Futuro, temerista, em colapso

Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante entrevista com a Reuters, em Brasília 03/04/2018 REUTERS/Adriano Machado (Foto: César Fonseca)
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Poder imperial dá as cartas
Bate desespero no BC: se subir juro, para segurar dólar, aumenta recessão e desemprego; se diminuir, para combater recessão, acelera fuga cambial. Se ficar, o bicho pega; se correr, o bicho come.

Fantasma de Macri bate à porta de Temer. Balançam candidatos da direita, centro-direita e ultra-direita, cujos programas econômicos copiam o Ponte para o Futuro, temerista, em colapso. Aumentam, em contrapartida, chances da esquerda. Se ela se unisse, nesse momento, ficaria, simplesmente, imbatível, diante do governo ilegítimo.

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A desvalorização, por enquanto, incontrolável do real diante do dólar deixa o BC, comandado por homem do Itaú, Ilan Goldfajn, sem chão. Fica evidente que não há nenhuma autonomia real do Banco Central para fazer o que gostaria, que é controlar a situação. O poder não está no BC, está em Wall Street, que manda no BC americano, disposto, agora, a aumentar juros, para enxugar a praça mundial, encharcada de dólares e gerar inflação nos Estados Unidos.

A fragilidade do BC tupiniquim, frente aos movimentos de Washington/Wall Street, desmente comentaristas da grande mídia, que tentam, inutilmente, convencer leitores/ras de que a situação das economias periféricas decorre de desajustes internos, produzidos pelo laxismo relativamente aos déficits e inflação etc.

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Escondem o essencial: a culpa é do modelo neoliberal imposto, imperialmente, pelo Consenso de Washington, que impede as economias periféricas de ganharem autonomia real por meio do desenvolvimento das suas próprias forças e orientações nacionais. São elas, mediante decisões políticas nacionalistas, que produzem as reservas cambiais necessárias, para se protegerem dos choques externos, impostos pelas deteriorações cambiais nos termos de troca, desde sempre.

A Argentina neoliberal macrista é o exemplo visível. O arrocho neoliberal, incapaz de produzir reservas cambiais necessárias à autonomia econômica, entrou em crise. A alternativa é passar o chapéu em Washington, pedindo socorro a Christina Lagarde, do FMI, subordinada à Casa Branca. Ou seja, Tio Sam está no comando da economia portenha, arriada diante da decisão de Trump de puxar os juros e inflação, sem a qual o capitalismo não se sustenta, especialmente, no ambiente de excesso de oferta deflacionária de moeda especulativa, o fenômeno produzido pelo crash de 2008.

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Herança salvadora
Por enquanto, Temer e cia neoliberal ltda da Fazenda contam com a herança benéfica de Lula e Dilma, que acumularam reservas de 375 bilhões de dólares. Fortaleceram o mercado interno, com salários reajustados pela inflação e PIB projetado para crescer, por decisões tomadas em favor do aumento do crédito à produção e ao consumo, por meio dos bancos oficiais.

Ao revés, congelamento neoliberal em vigor fragiliza, extraordinariamente, a economia, impossibilitando-a de fazer caixa. Sem gastos sociais circulando não se tem arrecadação disponível para investimentos em infraestrutura, educação, saúde, segurança etc; resultado: instabilidade crescente.

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A inflação cai não pela higidez da economia, mas, ao contrário, devido à sua fragilidade galopante, sinalizadora de deflação, aceleradora do desemprego. Nesse contexto, se Ilan Goldfajn resolve se proteger do movimento de Trump, subindo os juros, reproduz a estória do cavalo inglês: dieta absoluta do animal que morre de fome, já está sem comer, graças à recessão temerista/meirellista.

Eleitoramente, tal contexto é desastre para governo e aliados. Se tenta resistir, sem aumentar as taxas, os especuladores, que não estão acreditando, de jeito nenhum, na terapia do congelamento neoliberal, para recuperar investimentos, fogem para o dólar, como decidiram fazer os especuladores argentinos.

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A saída nacionalista-keynesiana, evidente, seria jogar parte das reservas cambiais na circulação, para elevar, relativamente, preços e reduzir, relativamente, salários, ao mesmo tempo em que reduz, também, relativamente, juros e dívidas do governo, dos empresários e dos consumidores. Trata-se do único movimento criador de expectativas capazes de despertar o espírito animal dos investidores.

Ou seja, o que Lula fez, em 2008, para fugir da crise da escassez de dólar, incrementando poder de compra, para bombear mercado interno, a partir do qual reequilibrou o sistema, cujo resultado foram aumento das reservas – o jogo do Japão, da China, dos próprios Estados Unidos, Europa, especialmente, Alemanha, o jogo de Putin, na Rússia, que garantiu reeleição folgada dele, mês passado etc. O jogo capitalista nacionalista social democrata.

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Sem o desenvolvimento do mercado interno, como disse Ciro Gomes aos prefeitos, a dívida tem que ser financiada, diariamente, no hot money, transformando-se em fonte bombástica de déficit, que inviabiliza o capitalismo tupiniquim.

Aí ficam os comentaristas neoliberais da grande mídia oligopolizada dizendo que o problema são os gastos sociais excessivos, o déficit da previdência etc.

Demonizam a solução, para defender a anti-solução.

Fazem o jogo da Febraban, que quer abocanhar a Previdência, na bacia das almas.

 

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