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Chico D’Angelo

Médico, ex-diretor do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro e deputado federal (PDT-RJ)

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Independência: a luta diária

Manifestação em favor da democracia (Foto: Reprodução/Twitter/George Marques)
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A independência do Brasil – comemorada oficialmente no dia 7 de setembro – é uma data que sugere, mais do que celebrações diversas, algumas indagações que nos dias atuais se tornam mais relevantes. Proclamada por D. Pedro, um príncipe português, a independência cortou os laços entre o Brasil e Portugal, mas, ao mesmo, tempo, preservou diversas mazelas do período colonial: a escravidão, a concentração de terras e de renda, e a própria monarquia. 

A transformação social que almejamos para o Brasil só virá se reconhecermos os problemas da nossa formação e os encararmos de frente. O estado colonial luso-brasileiro exterminou grande parte das populações originais que estavam aqui muitos séculos antes da chegada dos europeus e alimentou canaviais, minas e cafezais com o trabalho cativo de africanas e africanos sequestrados do outro lado do Atlântico e escravizados.

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Darcy Ribeiro alertava para o fato de que a exclusão social do Brasil foi um projeto das nossas elites. No século XIX, ao mesmo tempo em que a escravidão entrava em crise, aprovou-se uma Lei de Terras, em 1850, que garantiu a permanência do latifúndio e inviabilizou a possibilidade de se fazer uma reforma agrária. Naquele contexto, a divisão de terras poderia ancorar um projeto de abolição com a inclusão social dos escravizados e seus descendentes. 

Os indígenas foram retratados como heróis pela literatura do Romantismo ao mesmo tempo em que eram sistematicamente expulsos de suas terras, escravizados, mortos e submetidos à violência do processo de aculturação ancorado na destruição das referências culturais dos diversos povos originais. Hoje, são ameaçados pelo marco temporal e pela sanha do agronegócio. 

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Grande educadores, como Anísio Teixeira, Paulo Freire e o citado Darcy Ribeiro, já alertavam para a necessidade de uma revolução brasileira que começaria com ênfase absoluta na educação pública, laica e universalizante. Os três foram sistematicamente atacados e boicotados por certa elite tacanha mais afeita aos alpendres das casas grandes que aos bancos escolares.

A luta pela independência do Brasil não pode se limitar a uma data oficial. Ela tem que ser entendida como um processo contínuo. Não há independência plena se a soberania nacional é solapada, o entreguismo econômico prevalece, a violência campeia, a dignidade do trabalhador é aviltada e a exploração dos mais pobres é aprofundada, como nos nossos dias.

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Como escreveu Cecília Meirelles, “liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”. A luta pela liberdade, pela soberania e pela efetiva independência do Brasil é tarefa cotidiana. Ameaçados pelo obscurantismo bolsonarista, pelo rentismo e entreguismo de Paulo e Guedes e companhia, a hora não é de celebrações, mas de luta para que a independência não seja apenas uma farsa que nunca valeu para a maioria do povo brasileiro. 

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